A ciência explica: plásticos vermelhos e azuis viram microplástico mais rápido

Nova pesquisa revela que plásticos de cores neutras se degradam muito mais lentamente do que os coloridos

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Adele Peters 2 minutos de leitura

Qualquer embalagem de plástico deixada ao ar livre se transformará em microplásticos em algum momento. No entanto, plásticos de cores vivas, como vermelho, verde e azul, se degradam muito mais rápido do que os brancos, pretos e pratas.

Em um novo estudo, pesquisadores da Universidade de Leicester, no Reino Unido, colocaram amostras de plástico no telhado de um laboratório no campus e observaram o que aconteceu ao longo de três anos, enquanto o material era exposto ao sol e à chuva.

Os plásticos de cores neutras não mudaram muito. Mas os de cores vivas rapidamente se tornaram quebradiços e se fragmentaram, mesmo no clima nublado do país.

Pesquisadores da Universidade da Cidade do Cabo, que realizaram um estudo complementar, coletaram amostras de embalagens de plástico de uma praia na África do Sul. A areia estava cheia de microplásticos coloridos.

Os únicos pedaços antigos que ainda estavam intactos – alguns com data de 30 anos atrás – eram brancos e pretos. Os pesquisadores focaram no plástico colorido e não estudaram o impacto nas versões transparentes do material.

“PROTETOR SOLAR PARA PLÁSTICOS”

O plástico preto é feito com carbono, enquanto o branco e o prata são feitos com óxido de titânio. Esses produtos químicos ajudam a protegê-los do sol. As outras cores absorvem muito mais a luz.

“Isso leva a uma maior degradação, porque a degradação do plástico está relacionada à radiação UV”, explica uma das coautoras do estudo, Sarah Gabbott, professora da Escola de Geografia, Geologia e Meio Ambiente da Universidade de Leicester. “O carbono e o óxido de titânio são uma espécie de protetor solar para plásticos.”

Isso não significa que plásticos pretos ou brancos não se degradem também. Mas, como duram mais, podem ser mais fáceis de remover do ambiente. Quando o plástico se fragmenta em microplásticos ou nanoplásticos ainda menores, fica muito mais difícil de coletá-los. “Tudo isso faz com que tenhamos um pouco mais de tempo”, afirma Gabbott.

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Os microplásticos agora podem ser encontrados em tudo, desde sal e cerveja até neve no Polo Sul. Eles estão na vida selvagem, incluindo abelhas, lontras e baleias (elas consomem até 10 milhões de pedaços de microplástico por dia). Estão no leite materno e nos nossos órgãos, como coração e pulmão.

As pesquisas estão apenas começando a desvendar as verdadeiras implicações para a saúde, incluindo o fato de que microplásticos podem expor humanos a produtos químicos tóxicos que são absorvidos pela pele.

Para os fabricantes, isso é mais um fator a considerar no design de embalagens. As escolhas de cores têm outras implicações, como a facilidade de reciclagem: plásticos pretos geralmente não podem ser separados porque os equipamentos de triagem não os reconhecem, e algumas outras cores também são menos recicláveis porque não podem ser facilmente transformadas em novo material.

Como as taxas de reciclagem são terrivelmente baixas, a melhor opção provavelmente é abandonar totalmente o plástico de uso único.


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais