Abelhas selvagens, as verdadeiras heroínas da luta contra a mudança climática

Se quisermos preservar as florestas e combater as mudanças climáticas, precisamos parar de focar em apenas uma das 20 mil espécies de abelhas.

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Darko Mandich 4 minutos de leitura

Ano após ano, surgem notícias que descrevem cenários apocalípticos sobre como as populações de abelhas estão diminuindo rapidamente. São manchetes como “Um apocalipse na Europa” ou “Quase metade das colônias de abelhas dos EUA morreu no ano passado”.

Esse movimento está funcionando: mais pessoas do que nunca estão preocupadas com o movimento “salve as abelhas”, tomando medidas para ajudá-las, como jardins de flores silvestres, piscinas para abelhas e até mesmo criação de abelhas em pequena escala.

Esses esforços geralmente são uma tentativa de salvar o tipo de abelha mais famoso: as que produzem mel. Isso não é nenhuma surpresa, visto que o setor de mel movimenta US$ 8 bilhões. Somente nos EUA há 2,7 milhões de colônias de abelhas melíferas.

A polinização das abelhas também é economicamente significativa: as abelhas polinizam mais de 100 culturas comerciais na América do Norte.

No entanto, isso significa que estamos negligenciando as outras 20 mil espécies de abelhas encontradas em todo o mundo. E, ao que parece, essas abelhas selvagens são ainda mais importantes para as plantações.

As abelhas visitam pelo menos 90% das 107 principais plantações do mundo, e a maior parte da polinização das plantações relacionada às abelhas acontece graças a uma pequena porcentagem das espécies selvagens mais comuns.

SALVE AS ABELHAS SELVAGENS

Enquanto lutamos para salvar a abelha melífera, esquecemos as abelhas selvagens e não percebemos que as melíferas estão causando problemas a elas. Um estudo realizado na California descobriu uma correlação negativa entre a presença de espécies melíferas e selvagens. 

A sobreposição de habitats e a competição por recursos são os principais culpados. A disseminação de patógenos também causa o declínio das abelhas selvagens. As projeções sugerem que as mudanças climáticas recentes levaram, mais do que nunca, ao declínio das abelhas.

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A importância das abelhas para a polinização das culturas foi destacada como um motivo específico para a conservação das espécies selvagens e de seu habitat.

Entretanto, isso é apenas parte do que torna as abelhas silvestres tão cruciais. Elas desempenham um papel essencial nos serviços ecossistêmicos que contribuem para o bem-estar humano e sustentam os sistemas de suporte à vida do planeta. 

AS ABELHAS AJUDAM A MITIGAR AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

A biodiversidade vegetal e as abelhas estão intimamente ligadas. Um estudo realizado na Holanda e no Reino Unido encontrou evidências de que os polinizadores de abelhas e as plantas silvestres estão diminuindo paralelamente. Os pesquisadores descobriram que o declínio das plantas nativas corresponde ao declínio simultâneo de seus polinizadores de abelhas. 

Sem as abelhas, as florestas teriam uma aparência muito diferente. Quando um número suficiente de abelhas está presente em uma floresta, elas proporcionam uma melhor polinização, levando a uma melhor regeneração das árvores e à conservação da biodiversidade da floresta. 

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Ao manter a biodiversidade, as abelhas contribuem para melhorar a mudança climática. As florestas são captadoras de carbono. As árvores absorvem e armazenam CO₂ da atmosfera e desempenham um papel fundamental na regulação do clima da Terra, removendo esse gás de efeito estufa. 

As pastagens também são importantes sumidouros de carbono, consistindo de gramíneas, flores silvestres e arbustos floridos que dependem da polinização das abelhas. Ao contrário das florestas, as gramíneas mantêm o carbono em suas raízes. Isso é fundamental em nosso clima em constante mudança, quando as queimadas são cada vez mais frequentes. 

Se uma floresta queima, o carbono é liberado de volta para a atmosfera. Entretanto, se uma pastagem queimar, o carbono armazenado no subsolo, nas raízes, não será liberado.

E QUANTO AO MEL?

Se as abelhas comerciais causam declínio nas populações de abelhas selvagens, que são essenciais para a biodiversidade e o sequestro de carbono, será que devemos continuar produzindo mel? Os seres humanos têm consumido esse "ouro líquido" há mais de 40 mil anos. Infelizmente, a criação comercial de abelhas melíferas não é mais sustentável. 

No entanto, a tecnologia pode oferecer uma solução. Assim como acontece com outros produtos de origem animal, como o leite, estamos em uma era em que podemos produzir o mesmo produto sem a necessidade de envolver animais. 

A empresa de tecnologia de alimentos MeliBio foi pioneira e dominou o processo de fabricação de uma alternativa ao mel à base de plantas. Isso significa que podemos continuar desfrutando do mel e, ao mesmo tempo, eliminar a necessidade de criação de abelhas em larga escala, dando uma chance às abelhas selvagens e, por tabela, ao nosso planeta.


SOBRE O AUTOR

Darko Mandich é CEO da MeliBio. saiba mais