Ampliação da IA e redução das emissões de CO2: dá para fazer os dois?

Mais de 500 empresas assumiram o compromisso de zerar suas emissões de carbono até 2040. A inteligência artificial vai atrapalhar esses planos?

Créditos: Google DeepMind/ Shyam/ Unsplash

Sarah Bregel 2 minutos de leitura

Nos últimos anos, centenas de empresas prometeram reduzir suas emissões de carbono. Mas, com o crescimento da inteligência artificial, essas metas parecem cada vez mais difíceis de serem alcançadas.

Em 2019, antes de a IA se popularizar, a Amazon criou o The Climate Pledge (A Promessa do Clima), uma iniciativa que envolve mais de 500 empresas comprometidas a zerar suas emissões até 2040.

No ano seguinte, outras 90 aderiram ao Better Climate Challenge (Desafio do Clima Melhor), uma ação do governo norte-americano para reduzir as emissões de carbono em 50% até 2030.

Embora sejam metas ambiciosas, os esforços não estão acompanhando o ritmo esperado, especialmente agora que muitas dessas empresas estão focadas em desenvolver inteligências artificiais.

O Google, por exemplo, já foi visto como um dos líderes do movimento de energia limpa, mas agora suas emissões estão aumentando em vez de diminuir. A gigante das buscas revelou em um novo relatório que, embora tenha prometido alcançar a neutralidade de carbono, suas emissões cresceram 13% em 2023.

Em comparação com 2019, o aumento foi ainda maior: 48%. “Conforme integramos mais a IA em nossos produtos, reduzir as emissões pode ser um desafio”, diz o relatório.

A empresa aponta a inteligência artificial como a culpada, pois aumenta a demanda nos data centers, que precisam de muita energia para se manter operando. O Google abandonou o status de “carbono zero” e agora planeja alcançar essa meta até 2030.

Crédito: Dreamstime

Ele não está sozinho. As emissões da Microsoft aumentaram 29% desde 2020, após a construção de data centers para atender à crescente demanda da inteligência artificial.

Em seu relatório de sustentabilidade de 2024, a empresa abordou o aumento das emissões, dizendo: “a infraestrutura e a energia necessárias para essas tecnologias criam novos desafios que atrapalham os compromissos de sustentabilidade em todo o setor de tecnologia”. 

Embora sejam metas ambiciosas, os esforços não estão acompanhando o ritmo esperado.

Na Amazon, embora as emissões de carbono tenham caído 3% no ano passado, a empresa afirma que espera enfrentar mais desafios com sua estratégia de investir em inteligência artificial.

Ferramentas de IA, como o ChatGPT, consomem muito mais energia do que uma busca padrão no Google. Conforme a tecnologia avança e nos tornamos mais dependentes dela, mais energia será necessária. Um relatório recente do grupo Goldman Sachs prevê que as emissões de CO2 dos data centers podem mais que dobrar entre 2022 e 2030.

    A transição para a energia limpa é extremamente importante, já que os combustíveis fósseis são um dos principais causadores das mudanças climáticas – impactando tudo, desde calor extremo até correntes oceânicas, qualidade do ar, certos tipos de câncer e muito mais.

    Enquanto partes do mundo se preparam para mais uma onda de calor, a crise climática parece ser uma questão que não podemos nos dar ao luxo de ignorar.

    Agora, as empresas que buscam abraçar a IA ao mesmo tempo em que tentam demonstrar que se preocupam com o meio ambiente terão que lidar com suas escolhas.


    SOBRE A AUTORA

    Sarah Bregel é uma escritora, editora e mãe solteira que mora em Baltimore, Maryland. Ela contribuiu para a nymag, The Washington Post... saiba mais