Anúncios de saúde falsos dominam redes sociais e colocam usuários em risco, aponta estudo

Estudo revela como promessas médicas enganosas se espalham nas redes sociais, assunto já antecipado pela Fast Company Brasil

Diversos anúncios de saúde
. A exposição constante a esse tipo de desinformação pode levar ao agravamento de doenças. Crédito: imagem criada com auxílio de IA via ChatGPT.

Guynever Maropo 2 minutos de leitura

Mensagens que prometem resultados rápidos e soluções fáceis para problemas de saúde têm se espalhado com força nas redes sociais. Muitos desses conteúdos usam aparência profissional, discurso convincente e até mesmo a imagem de famosos para divulgar anúncios de saúde que não correspondem à realidade.

O crescimento desse tipo de publicidade chamou a atenção de pesquisadores, que decidiram analisar como essas propagandas funcionam e qual o impacto para quem entra em contato com elas.

Segundo estudo da NetLab da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológic, esse material enganoso circula de forma organizada e atinge milhares de usuários diariamente.

A pesquisa analisou cerca de 170 mil anúncios publicados em plataformas digitais. Os resultados indicaram que mais de 76% do material apresentava informações enganosas ou falsas relacionadas à saúde.

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O que os anúncios vendiam?

Entre os anúncios examinados individualmente, a maioria prometia tratamentos para doenças graves ou crônicas, como câncer, diabetes, emagrecimento rápido e disfunções hormonais.

O estudo aponta que, em grande parte dos casos, o usuário é direcionado para aplicativos de mensagens logo após o clique. A partir daí, ocorre pressão direta para a compra de produtos ou serviços sem qualquer comprovação científica.

De acordo com os pesquisadores, os anúncios de saúde falsos se beneficiam da segmentação das plataformas digitais, que permite atingir públicos específicos com baixo custo.

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A análise indica que muitos desses anúncios permanecem ativos por longos períodos e, quando removidos, são rapidamente substituídos por versões semelhantes e tanto quanto perigosos. Esse ciclo sustenta a disseminação contínua de conteúdos enganosos.

Quais os riscos para a população?

O estudo alerta que os impactos vão além das perdas financeiras. A exposição constante a esse tipo de desinformação pode levar ao agravamento de doenças, atrasar diagnósticos e comprometer tratamentos adequados.

Além disso, o levantamento aponta danos psicológicos e a erosão da confiança da população em instituições e profissionais da área da saúde.

A Fast Company Brasil antecipou o problema

O tema já havia sido discutido publicamente pela Fast Company Brasil durante o Innovation Festival. Na ocasião, Marie Santini apresentou dados do estudo em uma mesa de debate que contou com a participação de Guilherme Ravache e mediação de Mari Castro.

Assim como foi revelado pelo estudo, a discussão destacou como a desinformação na área da saúde se apoia em falhas sistêmicas das plataformas digitais e na vulnerabilidade dos usuários diante de promessas irreais.

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Veja como foi a conversa no Innovation Festival 2025:

Em suma, assim como antecipado no Innovation Festival e concluído pela pesquisa, existe um ecossistema de fraudes digitais que explora lacunas na fiscalização da publicidade em saúde, gera lucro e amplia riscos à população.

A permanência desses conteúdos de anúncios de saúde falsos compromete a segurança dos usuários e amplia os danos sociais.


SOBRE A AUTORA

Jornalista, pós-graduando em Marketing Digital, com experiência em jornalismo digital e impresso, além de produção e captação de conte... saiba mais