Austrália aprova construção da maior fazenda de energia solar do mundo

O governo da Austrália concedeu licença ambiental para a construção de uma fazenda solar de mais de 12 mil hectares

Crédito: Lukas Coch/ AAP

Keiran Smith 2 minutos de leitura

O audacioso plano de construir uma imensa fazenda solar nos confins do norte da Austrália para transmitir energia para Singapura por meio de cabos submarinos está a um passo de ser concretizado, depois que o governo australiano concedeu licença ambiental para o projeto que custará 30 bilhões de dólares australianos (R$ 112,5 bilhões).

A empresa australiana Sun Cable pretende construir uma fazenda solar de 12,4 mil hectares e transportar energia para a cidade de Darwin por meio de uma linha aérea de transmissão de 800 quilômetros. Em seguida, vai levá-la a indústrias de grande porte em Singapura por um cabo submarino com a extensão de 4,3 mil quilômetros.

O projeto Australia-Asia PowerLink planeja transmitir até seis gigawatts de energia renovável ao ano, o que, de acordo com a ministra do meio ambiente da Austrália, Tanya Plibersek, vai “alçar o país ao status de superpotência em energia renovável” e impulsionar a economia local.

“Este projeto colossal é um modelo de infraestrutura que definirá uma geração”, disse Plibersek. “Será o maior complexo de energia solar do mundo e fará da Austrália a líder mundial em energia verde.”

O projeto foi inicialmente financiado por Andrew Forrest, magnata da mineração australiano, e pelo cofundador da Atlassian, Mike Cannon-Brookes. Os planos ganharam destaque em 2022, durante uma visita oficial do então primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, e do primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, como parte de um acordo de economia verde.

Em janeiro de 2023, o projeto saiu dos trilhos quando a Sun Cable entrou em recuperação judicial por conta de uma disputa sobre o investimento entre Forrest e Cannon-Brookes. Em maio daquele ano, um consórcio liderado pela Grok Ventures, de Cannon-Brookes, adquiriu a empresa, concluindo a aquisição em setembro.

Ilustração: SWinxy/ Wikimedia/ Fast Company Brasil

Cameron Garnsworthy, diretor-geral da SunCable Australia, disse que a empresa está satisfeita de ter superado esse imenso obstáculo administrativo e que “agora voltará seus esforços para passar à próxima etapa de planejamento do projeto, com vistas à Decisão Final de Investimento [FID, na sigla em inglês], prevista para 2027.” Segundo a empresa, o fornecimento de energia começará no início dos anos 2030.

Nos últimos 20 anos, o tema da energia tem se mostrado politicamente controverso para a Austrália, que depende do carvão e do gás, além dos royalties da exportação desses combustíveis, para sustentar sua economia. Essa dependência em combustíveis fósseis faz do país um dos maiores emissores de gases do efeito estufa per capita no mundo.

    O principal partido de oposição da Austrália anunciou em junho que planeja construir a primeira usina nuclear do país já em 2035. Isso mostra que, nas eleições previstas para acontecer dentro de um ano, os partidos em disputa terão de escolher qual é a melhor solução para o problema das emissões de gases do efeito estufa.

    “Os australianos devem escolher se querem uma transição energética para uma fonte renovável que já está em curso, criando empregos e reduzindo os preços, ou se preferem pagar caro por uma fantasia em forma de usina nuclear que talvez nunca se concretize”, afirmou Plibersek.


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