Calor extremo levanta dúvidas sobre a resiliência da infraestrutura tecnológica

Data centers exigem muito dos sistemas de refrigeração. E, no verão, é ainda mais difícil manter a temperatura sob controle

Créditos: Luke Chesser/ Unsplash, Vladimir Timofeev/ iStock

Chris Morris 3 minutos de leitura

O verão no hemisfério norte começou há menos de um mês, mas já está escaldante. Além dos temores de mortes relacionadas ao calor, uma nova preocupação está surgindo à medida que as temperaturas aumentam: como a infraestrutura tecnológica vai suportar a pressão de um clima cada vez mais quente? Especialistas alertam que ela pode não se sair tão bem quanto esperávamos.

“Ondas de calor representam riscos significativos para a infraestrutura tecnológica, especialmente para data centers e sistemas de TI críticos”, explica Spencer Kimball, cofundador e CEO da Cockroach Labs.

Data centers são naturalmente quentes e exigem muito dos sistemas de refrigeração. No verão, é ainda mais difícil manter a temperatura sob controle. Para empresas que dependem deles para funcionar 24 horas por dia, qualquer período de inatividade pode ser caro e prejudicial para a reputação da companhia.

Os data centers tendem a estar espalhados, mas as ondas de calor não se limitam a uma única área. No estado da Virgínia, nos EUA, onde a Amazon construiu um data center em 2006, houve riscos de calor extremo em junho, com índices que chegaram a 40,5°C. Em Ohio, no centro-oeste do país, que abriga outro data center da Amazon, as temperaturas alcançaram 37,7°C há algumas semanas.

Há precedentes para preocupação. Em 2022, quando o Reino Unido foi atingido por uma onda de calor, os data centers do Google e da Oracle sofreram interrupções devido a falhas nos sistemas de refrigeração. O Google foi impactado por algumas horas e teve que desligar alguns de seus servidores em nuvem para evitar danos aos equipamentos. A Oracle ficou fora do ar por quase um dia.

Datacenter do Google no estado do Oregon/ EUA (Crédito: Tony Webster/ Wikimedia/ CC BY-SA)

Mas o calor extremo é apenas um dos muitos riscos que a infraestrutura tecnológica enfrenta. O aumento das temperaturas também provoca tempestades severas. Em Nova York, de 2017 a 2020, quase 40% de todas as interrupções ocorreram após condições climáticas severas – e duraram tempos variados.

O pior cenário para as empresas de tecnologia são interrupções de longo prazo em sistemas críticos, o que pode impactar os usuários finais de várias maneiras, desde interrupções na nuvem até falhas em serviços financeiros e ausência de comunicações.

Adotar serviços em nuvem pública, que ofereçam escalabilidade e segurança, pode ser a melhor opção.

Enquanto preparam planos de contingência e recuperação de desastres para interrupções relacionadas ao clima, muitas empresas estão, sem saber, piorando a situação ao adotar e investir em inteligência artificial.

Os data centers de hoje já emitem a mesma quantidade de gases de efeito estufa que a indústria da aviação e consomem um grande volume de água. O crescimento da IA só aumentará a demanda energética – assim como a indústria de criptomoedas.

Então, o que as empresas podem fazer para se proteger de interrupções relacionadas ao calor? Algumas estão explorando a viabilidade de colocar data centers no espaço para reduzir sua pegada de carbono e prevenir interrupções causadas pelo calor. Mas isso ainda é experimental e não muito prático para a maioria dos negócios.

Crédito: Freepik

Além de distribuir geograficamente sua arquitetura, Kimball diz que as empresas devem garantir que backups de dados sejam feitos regularmente. Adotar a nuvem, no entanto, pode ser a melhor opção.

Uma nuvem pública ofereceria escalabilidade e segurança. E provedores de nuvem pública são mais capacitados a se recuperar de desastres, caso o calor (ou algum outro fator) cause uma interrupção, garantindo que as operações sejam retomadas o mais rápido possível.

“Essa estratégia não apenas aborda necessidades imediatas de resiliência, mas também posiciona as organizações para progredir em um cenário cada vez mais imprevisível”, acrescenta Kimball.


SOBRE O AUTOR

Chris Morris é um jornalista com mais de 30 anos de experiência. Saiba mais em chrismorrisjournalist.com. saiba mais