Chega de calor: este prédio tem paredes que se resfriam sem ar-condicionado

O formato ondulado do concreto ajuda a repelir o calor, reduzindo a necessidade de refrigeração

Crédito: Leonid Furmansky/ Modu

Adele Peters 2 minutos de leitura

No final de agosto, a temperatura em Houston, no Texas, atingiu um nível recorde, chegando a 42,8º C – e 26 dos 27 dias anteriores registraram temperaturas acima de 37,8º C. À medida que a cidade fica mais quente devido às mudanças climáticas, o uso de ar-condicionado aumenta, sobrecarregando a rede elétrica.

Mas, no subúrbio de Conroe, um novo edifício está liderando uma estratégia para manter o ambiente mais fresco: paredes de concreto “autorresfriantes” com um design que ajuda a repelir o calor. As ranhuras profundas no padrão ondulado criam uma área de superfície maior para dissipar o calor da parede.

“De certa forma, a parede funciona como um grande radiador”, explica Phu Hoang, fundador do escritório de arquitetura Modu, que trabalhou no projeto com a empresa de engenharia Transsolar. Em testes, Hoang e a cofundadora Rachely Rotem descobriram que esse padrão poderia diminuir a temperatura em até 7º C em comparação com uma parede plana.

O edifício recém-construído – um espaço comercial de 1,3 mil metros quadrados que em breve abrigará lojas e consultórios médicos – também tem paredes brancas para refletir a luz solar, outra escolha de design que ajuda a manter o interior mais fresco.

Crédito: Leonid Furmansky/ Modu

Como a tinta branca às vezes pode parecer suja, os arquitetos optaram por um tipo de tinta que repele a sujeira. “Obtemos o desempenho ambiental sem a necessidade de manutenção”, diz Hoang.

Além disso, aletas fornecem sombra às janelas. Em frente a cada loja, há um pequeno jardim com plantas que proporcionam sombra adicional; algumas delas, como o jasmim, crescerão sobre as aletas.

“Estamos buscando soluções para reduzir a dependência do ar-condicionado”, diz Rotem. Como os aparelhos liberam calor para fora, à medida que o uso aumenta, na prática, também aumenta a temperatura das cidades. Além disso, a quantidade de energia consumida contribui para as mudanças climáticas, levando a temperaturas mais extremas.

Crédito: Leonid Furmansky/ Modu

Os aparelhos de ar-condicionado são responsáveis por quase dois bilhões de toneladas de emissões de CO2 por ano, mais do que a indústria da aviação. E, até meados do século, espera-se que o uso global triplique.

A transição para energia renovável ajudará a reduzir a pegada de carbono, mas ainda é essencial reduzir o consumo de energia para refrigeração, tanto porque é caro para os consumidores quanto porque sobrecarrega a rede elétrica.

O design passivo pode ser uma solução, já que é adaptável a qualquer local. Em outros projetos da Modu, “sempre incorporamos estratégias de design de energia passiva como parte do conceito geral de redução do consumo de energia”, afirma Hoang.

Os inquilinos do novo empreendimento ainda não se mudaram e o sistema de ar-condicionado não está funcionando, então ainda não há dados sobre a economia de energia.

Mas a proprietária Anh Gip já nota a diferença. “No Texas, estamos enfrentando temperaturas acima dos 37º C”, diz ela. “Ainda não liguei o ar-condicionado, mas quando entro no prédio, sinto que está mais fresco.”


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais