Com fazendas verticais, startup quer mudar alimentação das vacas
Uma espécie de tenda em uma fazenda de laticínios a oeste de Provo, no estado norte-americano de Utah, torres repletas de bandejas de grama e trigo cultivam alimentos para vacas. Enquanto a maioria das fazendas verticais são voltadas para o cultivo de folhas verdes para moradores locais, o novo sistema foi projetado para enfrentar outro desafio: o impacto ambiental provocado pelo cultivo de rações para gado.
Criada pela startup Grōv Technologies, a torre ocupa pouco mais de 78 metros quadrados e pode produzir trigo, grama de cevada e cobrir até 20 hectares de terras agrícolas, segundo a empresa. No momento, uma quantidade excessiva de terra nos EUA – cerca de 315 milhões de hectares, ou 41% da área total – é utilizada para cultivar ração para animais de fazenda, seja por meio de pastagens ou plantações. E a demanda continua crescendo. “A disponibilidade de terras aráveis, especialmente para alimentação animal, está diminuindo”, afirma Steve Lindsley, presidente da Grōv Technologies.
Isso significa que florestas estão sendo dizimadas para ceder espaço às plantações de alimentos para vacas e galinhas. “Há claramente um benefício ambiental que pode ser profundo quando pensamos no desmatamento ocorrendo pelo mundo”, diz Lindsley. A tecnologia da Grōv também economiza água – gasta cerca de 5% do que é utilizado na agricultura convencional. Além disso, pode reduzir a distância para o transporte de ração animal – a China, por exemplo, que tem comprado terras agrícolas em todo o mundo, inclusive nos EUA, para cultivar alimentos para animais, é um dos focos da startup. A empresa planeja vender seus sistemas para fazendas que criam gado leiteiro e de corte.
A Bateman’s Dairy Farm, de Utah, é a primeira a testar a nova tecnologia. Dentro do novo prédio, 10 torres estão cheias de grama de trigo. Tudo é automatizado: um robô planta quatro quilos de sementes em cada bandeja e, em seguida, envia para o sistema, onde sensores monitoram condições para dar à cultura luz e água necessários para o desenvolvimento do alimento. “Em uma média de seis dias e meio, temos a colheita”, conta Lindsley.
Grōv oferece suporte, mas o sistema é projetado para operar por conta própria, sem qualquer trabalho adicional do agricultor. O sistema também foi projetado para minimizar custos operacionais. As luzes personalizadas da startup, por exemplo, não expulsam o calor, evitando gastos com ar-condicionado necessários em algumas fazendas fechadas (a empresa explica que o sistema também pode funcionar com energia renovável e planeja atingir emissões líquidas zero até 2025).