Embraer e Hyundai estão na corrida pela criação do “táxi aéreo elétrico

Ambas pretendem lançar táxis aéreos movidos a eletricidade nos próximos dois a quatro anos

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Zen Soo 4 minutos de leitura

Enquanto o setor de aviação busca maneiras de tornar as viagens aéreas menos poluentes e mais sustentáveis, a empresa aeroespacial brasileira Embraer e a montadora sul-coreana Hyundai estão entre as empresas que apostam em uma nova forma de viagem de avião: os táxis aéreos.

A Supernal, da Hyundai, e a Eve Air Mobility, empresa independente fundada pela Embraer, estão desenvolvendo aeronaves elétricas que decolam e aterrissam na vertical (como os helicópteros). A ideia é que esses aviões possam disponibilizar uma forma sustentável de transporte aéreo para cidades densamente povoadas e áreas com menos redes de transporte público.

Os especialistas dizem que eles poderiam ajudar a compensar as emissões de carbono do setor de aviação tradicional, mas ainda há muitos desafios tecnológicos e regulatórios para tornar os táxis aéreos comercialmente viáveis.

Apesar disso, segundo especialistas, a queda nos preços das baterias, os avanços tecnológicos e a participação de grandes empresas como a Hyundai e a Embraer indicam que essas aeronaves poderão se tornar realidade em breve.

A unidade de mobilidade aérea avançada da Hyundai, a Supernal, e a Eve Air Mobility, apoiada pela Embraer, esperam lançar oficialmente táxis aéreos movidos a eletricidade dentro de dois a quatro anos.

"O transporte terrestre está evoluindo e melhorando. Mas, para atender a todas as demandas de mobilidade das pessoas em áreas urbanas, o transporte terrestre não será suficiente", declarou Shin Jaiwon, CEO da Supernal. "Precisamos abrir os céus das cidades."

Crédito: Hyundai/ Divulgação

A aeronave elétrica S-A2 da Supernal foi projetada para transportar um piloto e quatro passageiros. O táxi aéreo movido a bateria terá um alcance de cerca de 40 a 64 quilômetros e poderá decolar e aterrissar verticalmente.

Ele é parecido com um helicóptero, mas é mais silencioso e mais sustentável, pois pode ajudar a compensar as emissões de carbono geradas pelas viagens aéreas tradicionais, informou Shin.

A empresa brasileira Eve Air Mobility, um spin-off da Embraer (terceira maior fabricante de aeronaves do mundo), também está testando e desenvolvendo uma aeronave elétrica de decolagem e aterrissagem vertical (eVTOL), que espera lançar até 2026.

A ideia é que ela também transporte entre quatro e seis passageiros, com autonomia de voo de 96 quilômetros, sem gerar nenhuma emissão de carbono.

VIABILIDADE ECONÔMICA E QUESTÃO REGULATÓRIA

Os táxis aéreos são apenas uma das muitas alternativas que o setor de aviação está considerando no sentido de melhorar a sustentabilidade. As companhias aéreas têm se voltado para o uso de uma mistura de combustível de aviação sustentável feito a partir de fontes renováveis, com o setor pretendendo atingir emissões líquidas zero até 2050. 

Esse esforço também exige mudanças regulatórias. "Para que o setor de aviação realmente decole de forma sustentável, precisamos analisar como as políticas governamentais podem ajudar a criar um ambiente propício para que novas tecnologias e setores tomem forma em nível global", comenta Mabel Kwan, diretora administrativa da Alton Aviation Consultancy.

Crédito: Embraer/ Divulgação

Por enquanto, o setor de táxi aéreo e outras formas de mobilidade aérea ainda têm obstáculos a superar, como os custos das baterias, a elaboração de novas estruturas regulatórias e de segurança para essas viagens e a certificação dessas aeronaves.

No entanto, com as mudanças regulatórias adequadas, a tecnologia tem se desenvolvido a ponto de tornar os táxis aéreos viáveis, diz Brendan Sobie, analista de aviação independente radicado em Cingapura.

"Há a viabilidade de operar em vários ambientes, vários espaços aéreos, várias cidades e ambientes urbanos", aponta Sobie. Shin, da Supernal, reconhecendo que os custos da bateria ainda são altos para veículos como os táxis aéreos.

Os táxis aéreos são uma das alternativas que o setor de aviação está considerando no sentido de melhorar a sustentabilidade.

"No entanto, como as tecnologias de bateria continuam melhorando e se aperfeiçoando, acreditamos que a fabricação também será aprimorada e desenvolvida, de modo que o custo geral de fabricação desses veículos cairá", acrescenta.

O CEO da Eve Air Mobility, Johann Bordais, diz que sua empresa pode se valer das décadas de certificação e fabricação de aeronaves da Embraer. "Sabemos o que estamos fazendo, temos experiência no assunto", diz ele.

"Não queremos ser os primeiros. Queremos fazer a coisa do jeito certo", afima Bordais. "Estamos trabalhando para o longo prazo. Vocês verão essas aeronaves voando por aí em 2026."


SOBRE O AUTOR

Zen Soo é repórter de tecnologia da Associated Press. saiba mais