Emissões de CO2 da Alemanha têm menor índice dos últimos 70 anos
Autoridades afirmam que as fontes de energia renovável representaram mais da metade da produção de energia do país em 2023
As emissões de dióxido de carbono na Alemanha, a maior economia da Europa, caíram para seu nível mais baixo em sete décadas, à medida que o uso do carvão diminuiu de forma acentuada em 2023 e as pressões econômicas reduziram a produção de indústrias que usam muita energia, de acordo com um estudo divulgado na semana passada.
A Alemanha tem como objetivo reduzir suas emissões para zero líquido até 2045 e está trabalhando para aumentar o uso de energia solar, eólica e outras fontes renováveis.
Segundo cálculos preliminares do instituto Agora Energiewende, a Alemanha emitiu 673 milhões de toneladas de CO2 no ano passado, uma queda de 73 milhões de toneladas em comparação com 2022 e o nível mais baixo desde a década de 1950. A cifra foi 46% menor do que as emissões do país em 1990.
A Agência Federal de Redes da Alemanha afirmou que as fontes de energia renovável representaram mais da metade da produção de energia do país em 2023. As renováveis alcançaram 56% da produção de energia, ante 47,4% em 2022.
O país tem sentido o efeito dos elevados preços da energia e do fraco desempenho da economia global.
Ao mesmo tempo, a produção de eletricidade usando carvão mineral caiu para 8,9%, (era 12,8%) e a eletricidade proveniente de lignito (um tipo de carvão de baixo poder energético) caiu de 21% para 17,4%.
A Alemanha desligou suas três últimas usinas nucleares em abril do ano passado – uma medida planejada há muito tempo, embora alguns tenham defendido uma reavaliação após o aumento nos preços de energia devido à guerra na Ucrânia. A energia nuclear representou 1,5% da produção em 2023, contra 6,7% no ano anterior.
REDUÇÃO NÃO É PERMANENTE
Mais da metade da redução nas emissões do ano passado (cerca de 44 milhões de toneladas) foi atribuída à queda na produção de eletricidade a carvão para seu nível mais baixo desde a década de 1960, segundo a Agora.
Isso, por sua vez, foi causado por uma redução na demanda por eletricidade e aumento nas importações de países vizinhos, cerca de metade das quais provenientes de fontes de energia renovável.
O país tem sentido o efeito dos elevados preços da energia, do fraco desempenho da economia global e dos aumentos nas taxas de juros para combater a inflação. A Alemanha conta com um grande parque de indústrias intensivas em energia, como química e metalúrgica.
Segundo a Agora, a maioria dos cortes nas emissões do país em 2023 não são sustentáveis do ponto de vista industrial.
A Agora calculou que apenas cerca de 15% da economia de emissões do ano passado constituem "reduções permanentes resultantes do aumento da capacidade de energia renovável, ganhos de eficiência e da transição para combustíveis que produzem menos CO2 ou outras alternativas favoráveis ao clima".
Segundo a entidade, "a maioria dos cortes nas emissões em 2023 não são sustentáveis do ponto de vista industrial ou de políticas climáticas.”
O Ministro da Economia e do Clima, Robert Habeck, membro do partido ambientalista Verde e também vice-chanceler, disse que a Alemanha lançou as bases para o crescimento futuro na energia renovável, expandindo a geração solar e eólica.
"Estamos progredindo visivelmente no caminho para o fornecimento de eletricidade neutra para o clima", afirmou.