Empresas na COP26: erros e acertos das agendas climáticas

Crédito: Fast Company Brasil

Claudia Penteado 3 minutos de leitura

Ok, participantes da COP26, nós já entendemos o recado: os dias de evento são caóticos. Vocês sofrem para encontrar um lugar para estacionar o jatinho, o quarto de hotel que custa 4.500 libras por noite tem ratos, vocês enfrentam fila embaixo da chuva para entrar na conferência – tudo isso para assistir aos debates através da tela de um notebook. Enquanto isso, nós, meros mortais, temos acompanhado online ao desenrolar da disputa entre marcas, agitadores e governos pela nossa atenção.

A essa altura, já é possível fazer um balanço: quem está ganhando (e quem está perdendo) essa competição pela nossa atenção, no fim das contas? Passei anos medindo que tipo de conteúdo atrai determinados públicos. Minha empresa pode prever o que um público vai adorar e o que não vai. Nosso modelo mostra que existem 32 tipos diferentes de conteúdo envolvente, de comédia pastelão a atualizações de notícias, e podemos prever quais gêneros farão uma pessoa aumentar o volume ou desligar. Portanto, a chave para criar um conteúdo que se destaque em meio às notícias diárias é conhecer bem o seu público e criar mensagens usando estilos que sejam atraentes para eles.

Nosso modelo usa dados de 32 mil pessoas em todo o mundo que compartilharam conosco suas preferências de conteúdo. Exibimos esses dados em um gráfico de círculos: as barras apontando para fora significam que esse público tem mais probabilidade do que a média de se envolver com um gênero específico. As barras apontando para dentro do círculo significam – você já adivinhou – que é menos provável que o público goste desse tipo de mensagem.

ESTRATÉGIA 1: SE MOSTRAR HONESTAMENTE COMO PARTE DA SOLUÇÃO

Se você trabalha para marcas com um grande legado, como a Ford ou a Coca-Cola, sabe que elas nasceram em outro mundo, no qual os plásticos representavam “o futuro” e o CO2 era apenas algo usado para gaseificar as bebidas. Mas agora você precisa persuadir as pessoas de que você também superou esse mundo. E as pessoas que você mais precisa convencer são aquelas que já estão mudando para uma vida mais sustentável, na forma como elas se comportam, fazem compras e investem. Mas que tipo de comunicação atrai as pessoas que consomem regularmente conteúdos sobre uma vida sustentável? A seguir, o que os nossos dados dizem:

Perfil de engajamento para um público global que busca conteúdo no Green Living. As barras voltadas para fora representam a indexação excessiva da média global; barras voltadas para dentro do sub-índice. (Fonte: fubi.ai)

Como era de se esperar, essas pessoas gostam do bem social, de opiniões respaldadas e de grandes ideias – são o tipo de pessoa que assiste às palestras do TED talks e que gosta do Bill Gates. Eles admiram os líderes que estão mudando o mundo e que ouvem os especialistas. Elas também gostam de coaching: querem aprender a melhorar a si mesmos e também ao meio ambiente. Mas elas nem sempre demonstram ter senso de humor.

QUEM ACERTOU

O Google está apostando tudo nas temáticas das Grandes Ideias e das “maravilhosidades” da tecnologia, dois gêneros que funcionam bem com esse público. O Google Arts & Culture está tornando o COP26 acessível a qualquer pessoa com conexão à Internet e, como esse público gosta da opinião de autoridades no assunto, eles ficarão interessados ​​no que os pesos-pesados ​​têm a dizer.

Crédito: Google

A Salesforce também está fazendo um bom trabalho, com filmes liderados pela ativista Jane Goodall. Nenhuma opinião é mais confiável do que a dela. Eles estão criando uma plataforma para que os empreendedores eco se conectem e obtenham os recursos de que precisam para expandir seus projetos. Grandes ideias, tecnologias maravilhosas, crescimento pessoal, bem social – isso faz com que uma empresa ganhe muitos pontos com o público que milita pelo planeta.


SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais