Esta empresa “tritura” estradas velhas e as reforma para estocar carbono

Créditos: Carbon Crusher/ Divulgação

Talib Visram 2 minutos de leitura

Os meios de transporte são responsáveis por cerca de um quinto das emissões globais de gases do efeito estufa. Dessa, parcela, 72% vêm da poluição de veículos sobre rodas. A solução que tem sido mais adotada para reduzir essas emissões são os carros elétricos, como o recém-lançado Ford F-150. Muito menos atenção tem sido focada nas próprias vias por onde os veículos trafegam.

“Não tem havido muita inovação no que diz respeito a estradas desde os tempos do Império Romano”, diz Haakon Brunell, fundador e CEO da norueguesa Carbon Crusher. A companhia trabalha no reparo de rodovias usando um sistema “carbono negativo” – algo extremamente relevante, considerando-se que o método tradicional é “carbono intensivo”.

Pesquisas mostram que construir 1,5 quilômetros de uma única faixa de rodagem libera entre 1,4 mil e 2,3 mil toneladas de CO2, antes mesmo que seja necessário qualquer tipo de manutenção ou reforma. Isso acontece, em parte, porque os materiais utilizados na construção são misturados com betume, uma substância escura e viscosa derivada do petróleo cru.

A Carbon Crusher constrói estradas novas e repara as já existentes usando lignina, um polímero orgânico encontrado em árvores. Como é um subproduto da produção de papel, a lignina é frequentemente descartada pela queima – o que gera ainda mais emissões de dióxido de carbono na atmosfera.

Essa “pasta de carbono verde” contém o carbono que já estava nas árvores usadas para fabricar a celulose e continua a sequestrar carbono quando usada na pavimentação. “Todo o carbono que as árvores absorveram ao longo de suas vidas, nós usamos nas rodovias”, explica Brunell. Segundo ele, o lado bom – e mau – dessa indústria é que há estradas em más condições em toda parte.

O triturador de carbono da Carbon Crusher é um robô de oito toneladas instalado no alto de um trator. Ele pulveriza o material do leito da estrada em grãos finos e  mistura tudo com a lignina. O equipamento não apenas dispensa o uso de qualquer outro tipo de material como também torna a operação carbono negativa, graças às propriedades da lignina.

É bem verdade que o trator é movido a óleo diesel, mas o plano é usar energia gerada a partir de hidrogênio ou eletricidade em um futuro próximo.

De acordo com a companhia, esse método reduz as emissões em cerca de 3,5 toneladas a cada 30 metros, em comparação com o sistema tradicional. “Nosso objetivo principal é transformar o cinza do planeta em verde”, diz Brunell. “Torcemos para conseguir mais clientes rapidamente. Porque o planeta precisa.”


SOBRE O AUTOR

Talib Visram escreve para a Fast Company e é apresentador do podcast World Changing Ideas. saiba mais