Esta ferramenta mostra quanto é a pegada de carbono do seu prédio

Conforme surgem leis para limitar as emissões de carbono dos prédios, novos produtos e serviços são oferecidos para ajudar nesse controle

Crédito: fio/ Freepik

Nate Berg 5 minutos de leitura

A boa notícia é que a maioria dos prédios mais novos já é bastante eficiente em termos de energia. A má notícia é que a maioria dos prédios não é nova. Esse é um problema enorme face à mudança climática. Mas o esforço para calcular melhor as emissões de carbono desses prédios mais antigos tem crescido.

Nos próximos anos, a medição das emissões de um edifício deve se tornar algo comum, se não obrigatório, nos Estados Unidos. Portanto, agora é o momento ideal para moradores, proprietários, administradores e síndicos começarem a se perguntar: qual é o tamanho da pegada de carbono do meu prédio?

Reduzir a energia necessária para aquecer ou resfriar uma edificação é a melhor maneira de reduzir seu impacto ambiental.

Várias empresas estão tentando ajudar a responder a essa pergunta por meio de diagnósticos, reformas e novas tecnologias.

De modo geral, a pegada de carbono dos ambientes construídos costuma ser bem alta. A Agência Internacional de Energia estima que os edifícios produzem 26% das emissões globais relacionadas à energia, tanto para manter seu próprio funcionamento quanto para gerar a energia de que necessitam.

Grande parte dessas emissões está incorporada nos materiais, métodos e práticas do setor de construção. Itens como a produção de concreto e o transporte de aço para os locais de construção somam cerca de  11% das emissões globais de carbono.

Fonte: Fórum Econômico Mundial

Depois que um edifício é inaugurado – e ao longo de sua vida útil, que geralmente se estende por mais de 50 anos –, as emissões provenientes dos sistemas de calefação, dos ares-condicionados e do próprio gasto diário de energia só tendem a aumentar.

No hemisfério norte, a maioria dos prédios maiores e mais antigos utiliza combustível de carbono para aquecimento e resfriamento, e esse é o maior problema, como explica Marshall Cox, CEO da  Kelvin, empresa que faz o retrofit de sistemas de resfriamento e aquecimento de grandes prédios antigos.

os custos iniciais [da adequação] são muito menores do que a economia a longo prazo.

Quer se trate de um prédio de apartamentos ou de uma residência de uma única família, a presença de uma caldeira ou forno a gás significa que o edifício deixa uma grande pegada de carbono.

A maior parte dela decorre da forma como o ambiente é climatizado, e é por isso que empresas como a Kelvin foram criadas. Reduzir a energia necessária para aquecer ou resfriar uma edificação é a melhor maneira de reduzir seu impacto ambiental.

INVESTIMENTO SE PAGA NO LONGO PRAZO

Mas esses não são os únicos fatores. A Nzero é outra empresa que se concentra nas emissões de carbono do setor imobiliário. Recentemente, ela lançou um programa para ajudar os edifícios a identificar facilmente suas emissões de carbono e as formas de reduzi-las.

Quando somamos a energia usada no controle da temperatura interna a todo o restante da eletricidade usada pelos moradores no dia a dia, chegamos a uma pegada de carbono considerável. A empresa está começando pela cidade de Nova York, onde tem trabalhado para reduzir as emissões de carbono de um prédio.

Estima-se que os edifícios produzem 26% das emissões de carbono globais relacionadas à energia.

O programa de verificação de carbono foi criado para os edifícios da cidade de Nova York, onde prédios com mais de 2,3 mil metros quadrados em breve serão obrigados a manter suas emissões de carbono abaixo de determinados limites.

Essa nova regulamentação, chamada de Lei Local 97, é uma das várias que estão sendo implementadas no país. O programa gratuito de verificação de emissões da Nzero é uma tentativa de oferecer uma análise mais detalhada das emissões e das providências que precisam tomar para reduzi-las. "

A maioria das intervenções que a empresa descreve são simples, como a substituição de caldeiras ineficientes. E sim, essas mudanças podem ser caras. Contudo, o CEO da Nzero, Adam Kramer, argumenta que os custos iniciais serão muito menores do que a economia a longo prazo, bem como as multas que a Lei Local 97 e regulamentações semelhantes impõem pelo não cumprimento dos limites de emissões.

"Descobrimos que, em vários edifícios com os quais trabalhamos na cidade de Nova York e que não estavam em conformidade com a lei, era muito mais barato fazer esses investimentos agora do que levar essas multas no futuro e ainda ser obrigado a fazer as melhorias mais tarde, de todo jeito", ele compara.

ALTERNATIVA MAIS BARATA

A Kelvin está focada em tornar os custos da transição para sistemas elétricos mais acessíveis, até mesmo no curto prazo. Seu principal produto se chama Cozy, uma cobertura de radiador com isolamento e conexão à internet. Ela pode ser aplicada sobre os radiadores antigos, que ainda fornecem aquecimento para muitos dos prédios de apartamentos.

As coberturas aumentam a eficiência desses equipamentos antigos, o que permite economizar entre 25% e 40% nos custos de aquecimento e reduzir suas emissões, de acordo com Cox. "Chamamos isso de descarbonização eficiente de recursos", diz ele.

Crédito: Kel.vin/ Divulgação

A empresa também está trabalhando em um projeto mais abrangente, que pode reduzir a pegada de carbono dos edifícios em até 80%. Por meio de um programa piloto que substituirá os condicionadores de ar convencionais em edifícios da cidade de Nova York por sistemas de bombas de calor mais eficientes em termos de energia, a Kelvin espera conseguir reduzir o uso de energia para aquecimento e resfriamento sem os altos custos iniciais de reforma dos grandes sistemas que operam em grandes edifícios.

Como os sistemas existentes ainda estarão em funcionamento, eles poderão ser ativados em caso de condições climáticas extremas. Cox calcula que o custo total será cerca de 5% do que custaria a modernização completa de um edifício para um sistema HVAC eficiente de última geração.

"Todas as tecnologias que estamos trazendo são de escala comercial", diz ele. "Não estamos fazendo nada de novo, apenas integrando-as em um sistema inovador."

A integração desses dispositivos e programas é o início de uma grande transformação, que já está em andamento. No futuro, a identificação e o monitoramento das principais fontes de emissões de cada prédio se tornarão parte do modo como os edifícios são projetados, construídos e administrados.


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais