Esta startup criou um método para acelerar a absorção de CO2 pelas rochas
E agora oferece serviços de remoção de carbono para empresas como a Alphabet
Há um ano, em uma fazenda no norte do estado de Wisconsin, nos EUA, um agricultor espalhou 1.421 toneladas de rocha vulcânica triturada sobre a terra antes de plantar soja e milho. O pó de rocha, produzido por uma startup chamada Lithos, tem duas funções: aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, contribuir para a captura de carbono.
Fruto de pesquisas acadêmicas na Universidade Yale, a empresa começou a operar há menos de dois anos e já está trabalhando com mais de 80 fazendas em nove estados norte-americanos. Recentemente, fechou um novo acordo, no qual companhias como Stripe, Alphabet e Shopify se comprometeram a investir US$ 57,1 milhões para remover 154 mil toneladas de CO2 nos próximos quatro anos.
Enquanto algumas empresas utilizam máquinas enormes para retirar CO2 do ar, a Lithos acelera um processo geológico natural. Quando a chuva cai sobre certos tipos de rochas, uma reação química ajuda a capturar gás carbônico. Esse carbono acaba escorrendo dos campos para corpos d’água e vai parar no oceano, onde é permanentemente sequestrado.
A startup acelera esse processo espalhando rochas trituradas de maneira específica na terra. Para cada fazenda, ela utiliza seu software para desenvolver um plano personalizado com base na química do solo.
“Muitos tipos de rochas absorvem naturalmente CO2 da atmosfera, mas isso ocorre ao longo de muito tempo. Empresas que exploram o intemperismo aprimorado estão testando várias abordagens diferentes para acelerar esse processo e reduzir o tempo para meses ou anos, em vez de centenas ou milhares de anos”, explica Nan Ransohoff, diretora de clima da Stripe, que também lidera a Frontier, um grupo de empresas que se uniram para apoiar startups de remoção de carbono. O acordo com a Lithos é o maior do grupo até o momento.
Na fazenda em Wisconsin, seis meses após a aplicação do pó de rocha, medições mostraram que o processo havia removido permanentemente 175 toneladas de CO2 da atmosfera. O agricultor, Paul Lapacinski, também viu um aumento de 36% nos rendimentos em um dos campos.
“Sou totalmente a favor da sustentabilidade e de melhorias na fazenda. Mas, no final, o impacto econômico é o que realmente importa”, afirma Lapacinski. “Qualquer coisa que possa aumentar a produtividade da terra é bem-vinda.”
As rochas vulcânicas, conhecidas como basalto, são facilmente encontradas em grandes quantidades como resíduos em pedreiras. Além disso, os agricultores já utilizam outro tipo de pó de rocha para melhorar o solo, o que facilita ainda mais a incorporação do basalto às práticas agrícolas.
“A infraestrutura já existe”, destaca Mary Yap, cofundadora e CEO da Lithos. “Não são necessárias inovações tecnológicas ou avanços revolucionários para fazer isso em grande escala.”
Estudos indicam que a abordagem, chamada de intemperismo aprimorado, tem o potencial de remover de dois a quatro bilhões de toneladas de CO2 da atmosfera por ano até meados do século – o equivalente a cerca de 40% de toda a remoção de carbono necessária.
A Lithos tem como meta capturar um bilhão de toneladas de CO2 nesta década. Yap acredita que isso é possível devido à alta demanda dos agricultores e à abundância de materiais. Os desafios que permanecem são operacionais.
“Um deles é a lacuna logística”, aponta ela. “Precisamos encontrar o número certo de caminhoneiros e trabalhar com ferrovias para transportar o material em grandes volumes.”
O novo acordo com a Frontier ajudará a empresa a acelerar seu cronograma em três ou quatro anos. Para atingir a meta de um bilhão de toneladas, a Lithos precisa “reduzir os custos melhorando a eficiência em todos os aspectos das operações”, diz Yap.
“O acordo nos permite acelerar a geração de dados e preparar o terreno antes de intensificar nossos esforços para aumentar a escala das nossas operações.”