Esta técnica ancestral deixa as lajes de concreto mais leves e sustentáveis

Esferas plásticas são usadas para tornar as lajes de concreto mais leves, abrindo possibilidades para edifícios mais altos, baratos e eficientes

Crédito: Cobiax

Patrick Sisson 3 minutos de leitura

O Panteão em Roma, construído em 126 d.C., e o 1 Wall Street, um arranha-céu recentemente convertido em condomínios de luxo na parte baixa da ilha de Manhattan, em Nova York, à primeira vista parecem não ter nada em comum.

No interior da imponente cúpula de concreto do Panteão foram colocados “caixotões” que, além de serem esteticamente atraentes, reduzem a quantidade de concreto utilizado e, consequentemente, seu peso, fazendo com que a estrutura fique em pé sem suportes. Os andares superiores do 1 Wall Street contêm discos de plástico cheios de ar para tornar os pisos de concreto menos volumosos.

Ambos mostram variações diferentes de técnicas antigas de construção em concreto. A ideia é remover parte do material usado em um piso ou vão para tornar a estrutura mais leve, eliminando a necessidade de suportes e reforços adicionais.

Alguns engenheiros acreditam que também podem usar essa ideia para resolver um problema arquitetônico moderno especialmente complexo: a redução das emissões de carbono.

Crédito: Cobiax

No recém-reformado prédio de Wall Street, construído em 1929, uma técnica conhecida como concreto alveolar utiliza espaços vazios dentro das lajes. Antes que o concreto endureça, são inseridas cavidades cheias de ar – os antigos usavam blocos vazios de terracota; os construtores de hoje usam discos de plástico – que criam os vazios conforme o material vai endurecendo ao seu redor.

Crédito: Cobiax

Pisos de concreto encontrados em arranha-céus contêm uma grade de vigas de aço, ou vergalhões, para suporte, que são muito pesados. Utilizar vazios para reduzir a quantidade de concreto diminui o peso total e a necessidade de colunas e suportes – tudo sem remover qualquer suporte interno ou resistência estrutural.

Mark Plechaty, diretor da DeSimone Consulting Engineers (que trabalhou no projeto do prédio de Wall Street), tem usado a técnica em conversões e projetos nos últimos seis anos. Segundo ele, isso reduz o peso de um piso em um terço ou mais, exigindo menos concreto e reduzindo as emissões.

Além disso, pode ajudar a tornar os projetos de conversão de escritórios para residenciais mais acessíveis e, portanto, mais viáveis. É que adicionar mais andares para mais apartamentos fica menos caro, pois as estruturas podem ser mais leves, exigindo menos suporte e reforço.

Crédito: Cobiax

No 1 Wall Street, os engenheiros calculam que cada meio quilo de discos de plástico usados para criar vazios eliminou quase meia tonelada de concreto.

A técnica tem sido usada em diferentes formatos por séculos. Por exemplo, o Beeplate, em forma de colmeia, permite "construir como as abelhas".

"É um excelente sistema, e está se tornando mais popular nos últimos três ou quatro anos, mas a indústria tende a gostar de fazer como sempre fez”, diz Ramon Gilsanz, engenheiro e sócio-fundador da empresa de engenharia e arquitetura Gilsanz Murray Steficek.

Crédito: Cobiax

Mas isso pode mudar em breve, por conta da maior preocupação com a sustentabilidade e da maior disponibilidade de sistemas de concreto alveolar. A filial nos EUA de uma empresa alemã chamada Cobiax produz os discos plásticos reciclados que foram usados no projeto 1 Wall Street.

Michael Russillo, CEO da Cobiax USA, está envolvido nesse tipo de construção há 11 anos e vendeu os discos de plástico da empresa para cerca de 30 projetos diferentes, incluindo museus e um depósito da Amazon.

Para ele, esse tipo de material deve ganhar mercado. "Engenheiros estruturais entendem a coisa facilmente. É preciso que mais pessoas conheçam essa técnica”, afirma.


SOBRE O AUTOR

Patrick Sisson é colaborador da Fast Company e cobre o setor de desenvolvimento urbano e mercado imobiliário para o ranking anual Most... saiba mais