Jovem empreendedora “imprime” escolas em 3D em Madagascar

Sua organização sem fins lucrativos está prestes a construir a segunda escola em Madagascar, utilizando tecnologia de impressão 3D

Créditos: Andry Niaina/ Mattea LinAe

Laya Neelakandan 3 minutos de leitura

É bastante comum ver organizações sem fins lucrativos chegando em países pobres para “consertar” problemas e depois partindo. No entanto, quando a jovem de 23 anos Maggie Grout fundou sua ONG, ela tinha uma ideia diferente na cabeça.

No ano passado, a Thinking Huts construiu sua primeira escola impressa em 3D na cidade de Fianarantsoa, localizada no centro-sul de Madagascar. Agora, está se preparando para inaugurar uma segunda unidade, apelidada de Honeycomb (favo de mel), na costa oeste da ilha africana.

O método de construção das escolas da Thinking Huts é extremamente eficiente, exigindo apenas uma fração do tempo necessário para construir uma estrutura convencional.

Cada “cabana” leva apenas 18 horas para ser construída, com um custo de cerca de US$ 40 mil a US$ 50 mil – o objetivo é reduzir para US$ 20 mil por estrutura. Além disso, a impressora 3D pode ser desmontada e transportada em um contêiner.

Crédito: Mattea LinAe

As escolas são compostas por cabanas e têm um design em formato de favo de mel, com a utilização de painéis solares. Também contam com água potável, wi-fi e banheiros. A escola construída no ano passado está localizada em uma área urbana de Madagascar, enquanto a nova unidade ficará em uma região mais remota.

A unidade atenderá a três vilarejos na região sudoeste da ilha, onde vivem mais de 200 alunos, com idades entre quatro e 16 anos. Inicialmente, a escola será composta por três cabanas, mas Grout planeja expandir o número para oito no próximo ano.

“Durante o primeiro projeto, aprendi a otimizar a logística”, afirma Grout. “Aprendi como montar uma cadeia de suprimentos quando não há muitos materiais disponíveis no local e como trabalhar em harmonia com a comunidade.”

Grout é formada em desenvolvimento internacional e considerou lançar a Thinking Huts em diversos países. No entanto, se decidiu por Madagascar porque o país enfrenta muitos desafios em seu sistema educacional e o governo é receptivo a iniciativas externas.

Crédito: Geoffrey Gaspard

De acordo com as Nações Unidas, até 2022, três em cada quatro crianças não frequentavam a escola devido a fatores como superlotação e trajetos perigosos.

Grout afirma que, desde o início, queria contratar equipes locais de construção e que a Thinking Huts obtém todas as portas e janelas na própria região para honrar os métodos tradicionais. Construir sistemas de água e saneamento na escola foi uma maneira de garantir sua sustentabilidade.

Além de construir o Honeycomb, a ONG está trabalhando para implementar programas de formação de técnicos em impressão 3D para equipes locais, visando gerar mais empregos.

A jovem não queria reproduzir o “modelo tradicional de ajuda humanitária” de chegar em uma comunidade e depois partir. Após a conclusão do projeto, a ONG repassará a responsabilidade para parceiros locais, garantindo que a Thinking Huts não tente preencher todas as lacunas e corra o risco de reduzir a qualidade.

Crédito: Thinking Huts

“Levamos em conta os impactos do que estamos fazendo. Nosso objetivo é ser um trampolim para que [a comunidade] tenha sucesso por conta própria. Não queremos que dependa de nós.”

Ainda assim, a Thinking Huts traz e emprega professores de fora da comunidade, já que, de acordo com Grout, a força de trabalho local muitas vezes não conta com o treinamento adequado para o trabalho. O objetivo de longo prazo é trabalhar com o Ministério da Educação e tornar a escola pública, o que significaria que o governo seria responsável por fornecer professores.

Grout, que nasceu na China mas foi adotada por pais norte-americanos, conta que a ideia da organização surgiu quando tinha 15 anos. Ela uniu a experiência de seu pai no campo de startups de tecnologia com sua própria paixão por aumentar o acesso à educação.

“Acredito que a educação é a base para resolver todos os problemas do mundo”, diz a jovem.


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