Metade dos recifes de coral do planeta se foi. Este projeto quer resgatá-los
Documentário mostra como os recifes de coral estão sendo destruídos pelas mudanças climáticas e o que está sendo feito para recuperá-los

Os recifes de coral são essenciais para a saúde do oceano. Mas, nos últimos anos, ele vem sendo destruído pelas mudanças climáticas, pela poluição e pela pesca predatória.
Embora tudo isso já tenha sido amplamente noticiado, um novo documentário joga luz sobre esforços inovadores para restaurar esses ecossistemas frágeis e mostra os cientistas e comunidades que estão trabalhando para dar uma segunda chance a esses recifes.
O documentário "Reef Builders" (construtores de recifes, em tradução livre) apresenta o trabalho da iniciativa Sheba Hope Grows, que faz parte de um dos maiores projetos de restauração de recifes do mundo, liderado pela Mars Sustainable Solutions. A Sheba, marca de ração para gatos que pertence ao conglomerado global Mars Inc., apoia a restauração de recifes desde 2019.
Com os desastres ambientais cada vez mais intensos e com o planeta em aquecimento, a destruição dos recifes de coral acaba sendo deixada de lado. Mas o oceano é fundamental para saúde do planeta: ele regula o clima, influencia o tempo, fornece alimento e sustenta bilhões de pessoas no mundo todo.
“Os recifes de coral provavelmente são o ecossistema mais importante para a saúde do oceano. Um quarto de toda a vida marinha vive nos recifes, mesmo que eles só ocupem uma pequena parte da superfície dos mares”, explica David Smith, cientista-chefe marinho e diretor da MSS.
“O outro lado da história é que os recifes estão à beira da extinção. As melhores estimativas científicas indicam que podemos perder até 95% dos recifes de coral nos próximos 20 anos.”

Práticas de pesca destrutivas, poluição das águas e ocupação do solo agravam a situação dos recifes. As mudanças climáticas tornam tudo ainda pior, com eventos como a acidificação da água e ondas de calor que causam o fenômeno conhecido como “branqueamento dos corais”. Segundo a Iniciativa Internacional pelos Recifes de Coral, 84% dos recifes foram afetados pelo pior branqueamento da história.
COMO FOI FEITO O DOCUMENTÁRIO REEF BUILDERS
Em parceria com comunidades locais, ONGs e outros envolvidos, os locais de restauração são escolhidos com base em dois critérios: necessidade e viabilidade. A partir disso, as equipes instalam as chamadas reef stars – estruturas em forma de estrela que criam redes interconectadas em áreas degradadas dos recifes.
Depois de alguns anos, os corais começam a crescer nessas estruturas e, com o tempo, se integram ao recife natural. Isso devolve o habitat à vida marinha e ajuda na recuperação de espécies nativas de coral.
“Muitos recifes de coral chegaram a um ponto em que não conseguem mais se recuperar sozinhos. É aí que entra o trabalho de restauração, para ajudar esses ecossistemas que perderam a capacidade de se regenerar naturalmente”, explica Smith.
O documentário "Reef Builders" acompanha comunidades da Indonésia, Havaí, Quênia e Austrália que estão lutando para restaurar seus recifes – vitais não só para o meio ambiente, mas também para alimentação e sustento dessas populações. A conexão entre ciência e comunidade é o coração do projeto, que está presente em 72 locais de restauração pelo mundo.
Os recifes de coral formam uma espécie de “cinturão natural” que se estende pelos mares do planeta, com maior concentração na região do Indo-Pacífico. Dentro desse cinturão, existem áreas bem distintas, com características ecológicas e sociais próprias.
A equipe escolheu os locais pensando justamente nessa diversidade e priorizando regiões onde a participação da comunidade local pudesse realmente impulsionar a recuperação dos recifes.
UM CHAMADO À AÇÃO
Muita gente ainda subestima a gravidade da crise dos recifes de coral. De acordo com uma pesquisa da Sheba feita pela Wakefield Research, 70% das pessoas acham que os recifes têm pouco ou nenhum impacto na vida delas. Mas esses ecossistemas são fundamentais para uma enorme variedade de peixes — muitos deles de alto valor comercial e consumidos no mundo inteiro.
Além disso, os recifes ajudam a produzir uma parte significativa do oxigênio que respiramos. Entre 1957 e 2007, estudos mostram que mais da metade dos recifes de coral do planeta simplesmente desapareceram. E o problema só cresce, o que significa que a necessidade de agir também está aumentando.
Barry, representante da Sheba, diz que o objetivo do documentário é mostrar que salvar os recifes não é uma missão individual, é um esforço coletivo.
Smith reforça essa ideia. “Quem vai dar o primeiro passo nessa luta? E quem você pode trazer junto? Espero que as pessoas entendam que esse é um caminho que podemos trilhar coletivamente.”



