Microplásticos estão cheios de toxinas capazes de penetrar na sua pele
Um novo estudo descobriu que esses produtos químicos podem ser facilmente absorvidos e entrar em nossa corrente sanguínea
Conforme mais pesquisas têm revelado a presença de microplásticos em tudo – desde a neve da Antártida até os alimentos –, estamos começando a entender como esses pequenos pedaços de plástico prejudicam a saúde.
Essas partículas microscópicas podem entrar no corpo por meio da água e do ar, e não são apenas um risco à saúde por si só. Também carregam substâncias químicas tóxicas, que podem entrar em na corrente sanguínea por meio da pele.
O plástico está repleto de produtos químicos. Em alguns casos, esses compostos são usados para fabricar plásticos antichamas – em capas, tapetes, materiais de construção, eletrônicos e assim por diante. Esses produtos químicos têm sido associados ao câncer, a problemas de desenvolvimento e a outros riscos à saúde dos seres humanos.
Alguns deles já foram proibidos, como o antichama bromado, que foi banido nos EUA desde 2004. Mas esses químicos ainda prevalecem na poluição do ar e em produtos mais antigos, que liberam ou deixam vazar microplásticos.
Pesquisadores da Universidade de Birmingham já haviam descoberto que os microplásticos liberam esses produtos químicos no suor humano. Estamos expostos a microplásticos de várias maneiras. Tecidos e fibras plásticas, seja em roupas ou móveis, liberam microplásticos quando usados ou tocados.
esta é a primeira evidência experimental de que os produtos químicos aditivados em microplásticos conseguem penetrar no corpo pela pele.
Os microplásticos também estão presentes na poeira de ambientes fechados. Os cosméticos são outra classe de produtos que pode conter microplásticos, que entram em contato direto com a pele. Até mesmo as mamadeiras liberam microplásticos quando são aquecidas.
Um estudo publicado na revista "Environment International" descobriu que esses produtos químicos atravessam a barreira da pele e entram no corpo. A quantidade absorvida vai depender do grau de suor (a pele mais "hidratada" absorve mais produtos químicos). Mas os pesquisadores descobriram que a pele humana chega a absorver até 8% do produto químico a que está exposta.
"Os microplásticos estão por toda parte no meio ambiente, mas ainda sabemos relativamente pouco sobre os problemas de saúde que eles podem causar. Nossa pesquisa mostra que eles desempenham um papel de 'transportadores' de produtos químicos nocivos, que podem entrar na corrente sanguínea através da pele", explica o autor principal do estudo, Ovokeroye Abafe.
"Esses produtos químicos são persistentes. Com a exposição contínua ou regular a eles, vai haver um acúmulo gradual, até um estágio em que começarão a causar danos", complementa.
A equipe de pesquisa conduziu o estudo usando modelos de pele humana em 3D, em vez de animais ou voluntários. Durante um período de 24 horas, eles expuseram os modelos a dois microplásticos comuns contendo éteres difenílicos polibromados, uma classe de retardadores de chama. Eles criaram seus próprios microplásticos triturando o polietileno e o polipropileno e os aplicaram na superfície dos modelos de pele.
Segundo a equipe de pesquisa, esta é a primeira evidência experimental de que os produtos químicos aditivados em microplásticos são capazes de penetrar na corrente sanguínea por meio do suor e da pele.
O plano é realizar mais pesquisas para entender outras maneiras pelas quais os microplásticos levam substâncias químicas tóxicas para o corpo e como podemos reduzir esse risco de exposição.
a pele humana chega a absorver até 8% do produto químico a que está exposta.
Os químicos retardadores de chama são apenas um tipo de aditivo tóxico. Os plásticos também podem estar repletos de PFAS, conhecidos como produtos químicos eternos.
Todos esses produtos têm sido associados a efeitos adversos à saúde, como aumento da pressão arterial, doenças cardiovasculares, desregulação endócrina, entre outros. Quando os pedaços de plásticos se fragmentam em microplásticos, esses pedacinhos também carregam os produtos químicos tóxicos.
Os resultados da pesquisa, segundo os cinetistas, "fornecem evidências experimentais importantes para que os reguladores e formuladores de políticas púbicas legislem sobre microplásticos e protejam a saúde da população contra esse tipo de exposição".