Nova tecnologia permite compartilhar energia solar entre vizinhos

Condomínios de Orlando, na Flórida, adotam nova tecnologia que permite compartilhamento de energia solar, reduzindo custos para os moradores

Crédito: Chuttersnap/ Marla Prusik/ Unsplash

Adele Peters 2 minutos de leitura

Em um conjunto residencial na cidade de Orlando, na Flórida, parte da eletricidade utilizada nos imóveis passará a ser gerada por painéis solares instalados no telhado. Nessa instalação, a primeira do tipo nos Estados Unidos, em vez de conectar os painéis ao quadro geral de força, uma nova tecnologia enviará a energia direto para cada unidade, individualmente.

Em geral, se um condomínio conta com painéis solares, a energia é usada nas áreas comuns – ou seja, beneficiando o conjunto, não as unidades. Alguns estados norte-americanos, como a Califórnia, estabeleceram políticas que permitem que os moradores tenham acesso a esse recurso, mas apenas por meio de créditos virtuais incluídos nas contas de luz.

“A diferença aqui é que estamos falando de uma distribuição física da eletricidade”, explica Mel Bergsneider, gerente executiva da Allume Energy, companhia australiana que detém a tecnologia, chamada SolShare, que será usada em Orlando. “Ela não só conecta as áreas comuns, mas também as casas. Assim, os moradores conseguem usar parte da energia gerada pelos painéis solares.”

Crédito: SolShare/ Divulgação

No condomínio de 296 unidades residenciais em Orlando, a instalação dos painéis vai cobrir os 60 imóveis (cerca de 20%) que tiverem o melhor potencial de aproveitamento da energia solar. Mas o sistema pode ser ampliado.

“A tecnologia consegue ‘ver’, por assim dizer, se alguém está usando um secador de cabelo na casa A ou se o pessoal da B saiu de férias e precisa de pouca energia para manter aparelhos funcionando”, explica Mel.

Assim, o sistema consegue distribuir a energia gerada de acordo com a necessidade. Segundo a executiva, a ideia é criar uma infraestrutura onde a eletricidade não só é produzida no local, mas também distribuída da maneira mais eficiente possível.

Crédito: SolShare/ Divulgação

Considerando-se que sempre há alguma perda na hora da transmissão, é mais eficiente utilizar a energia solar localmente do que enviá-la ao quadro geral. Sem contar o benefício de ordem econômica.

“Na maioria dos projetos de energia solar, financeiramente compensa mais consumir a energia no próprio local onde ela é gerada do que vendê-la no mercado e receber de volta um benefício diluído, ou um percentual de desconto na conta”, garante Mel.

A tecnologia proporciona transparência e consistência no que diz respeito aos custos da energia.

As moradias ligadas ao sistema deverão conseguir substituir completamente a fonte de geração de eletricidade pela energia solar e, assim, reduzir a conta de luz até alcançar a tarifa mínima estabelecida pela distribuidora. Será preciso pagar uma taxa mensal para a SolShare, mas o valor deve ser mais do que compensado pela economia gerada.

“Essa tecnologia proporciona transparência e consistência no que diz respeito aos custos da energia”, diz Chris Gray, CTO da Renu Communities, a companhia especializada em reformas “sustentáveis” que está ajudando a implantar o projeto.

A Renu é uma subsidiária da Taurus Investment Holdings, fundo de investimento privado do ramo imobiliário. A experiência em Orlando é a primeira de uma série de aquisições e reformas a serem realizadas dentro desse mesmo espírito. “O objetivo é fazer a transição dos imóveis para ganhar eficiência energética e reduzir as emissões de carbono”, afirma Gray.


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais