Na semana da Cop16, resumo mostra a quantas anda a destruição da natureza

A despesa com a natureza precisa aumentar para US$ 542 bilhões por ano até 2030 para conter as perdas e atingir as metas climáticas

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Jake Spring 4 minutos de leitura

A destruição da natureza atingiu níveis sem precedentes em nível global.

Com o início da cúpula de biodiversidade COP16 das Nações Unidas, que começou nesta segunda-feira (dia 21) em Cali, na Colômbia, apresentamos um resumo sobre o rápido declínio da natureza e sua importância para a economia global.

ANIMAIS E PLANTAS

Plantas e animais desempenham papéis cruciais para manter a natureza em equilíbrio, desde o ciclo de nutrientes em um ecossistema até a aeração dos solos e a modelagem dos rios. Sem plantas e animais, o mundo não seria habitável para os humanos.

No entanto, mais de um quarto das espécies conhecidas do mundo (cerca de 45,3 mil) estão agora ameaçadas de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês).

Animais à beira da extinção incluem a toninha vaquita do México, o rinoceronte branco do norte na África e o lobo vermelho nos Estados Unidos.

De acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), as populações monitoradas de animais selvagens encolheram em 73% até 2020, em comparação com os números de 1970.

FLORESTAS

Como as florestas abrigam a maior parte das espécies de plantas e animais em qualquer ecossistema – incluindo 68% das espécies de mamíferos –, os cientistas consideram os níveis de desmatamento um bom indicador da destruição da natureza.

Em 2021, mais de 100 países se comprometeram a interromper o desmatamento e a degradação florestal até 2030. No ano passado, a extensão de terras desmatadas foi 45% maior do que o necessário para atingir a meta de 2030, segundo o Forest Declaration Assessment, uma análise anual realizada por uma coalizão de organizações de pesquisa e da sociedade civil.

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Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído na Amazônia brasileira, ela aumentou na Bolívia, Indonésia e República Democrática do Congo, conforme mostra a análise.

Os cientistas também se preocupam com a degradação florestal, já que incêndios, extração de madeira e outras forças destrutivas danificam as florestas, mas não as destroem completamente. A avaliação mostrou que a meta de acabar com a degradação está 20% fora do rumo.

PESCA E OCEANOS

A pesca é a principal causa da destruição da vida marinha, segundo a Plataforma Intergovernamental de Ciência e Política sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), principal autoridade científica do mundo sobre a natureza.

Mais de 40 países, com uma população combinada de 3,2 bilhões de pessoas, dependem de frutos do mar para pelo menos 20% de sua proteína nutricional, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

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Cerca de 38% dos estoques pesqueiros estão sendo super explorados, em comparação com cerca de 10% em meados da década de 1970, segundo a FAO. O WWF diz que a pesca excessiva também está desestabilizando os ecossistemas de recifes de corais, que fornecem abrigo, alimento e áreas de reprodução para um quarto da vida marinha do mundo.

Este ano tivemos o quarto evento de branqueamento em massa de corais no mundo, com mais da metade das áreas de recifes do mundo branqueadas devido às altas temperaturas do mar.

AGRICULTURA

Segundo o WWF, a agricultura é responsável por cerca de 90% do desmatamento tropical, à medida que as florestas tropicais dão lugar a plantações de soja, fazendas de gado, plantações de óleo de palma e outras produções em massa de commodities.

De acordo com o Banco Mundial, os governos pagam pelo menos US$ 635 bilhões por ano em subsídios para práticas agrícolas prejudiciais ao meio ambiente e, provavelmente, vários trilhões de dólares a mais em subsídios indiretos.

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Os países concordaram na COP15, em 2022, em identificar subsídios prejudiciais até 2025 e reduzi-los em pelo menos US$ 500 milhões por ano a partir de 2030.

Ambientalistas também pediram aos bancos para suspender o crédito a setores de commodities ligados ao desmatamento. Entre janeiro de 2023 e junho de 2024, os bancos ofereceram um total de cerca de US$ 77 bilhões em crédito para essas empresas, segundo a Forest & Finance Coalition, uma coalizão de grupos de pesquisa e defesa.

IMPACTOS ECONÔMICOS

Seja por meio de insetos polinizando culturas, plantas filtrando suprimentos de água doce ou florestas fornecendo madeira para construção, a natureza e seus organismos oferecem uma riqueza de materiais e serviços à economia global gratuitamente.

práticas agrícolas prejudiciais ao meio ambiente recebem US$ 635 bilhões por ano em subsídios.

Cerca de US$ 44 trilhões do PIB anual do mundo – aproximadamente metade do total – depende desses recursos e serviços naturais, de acordo com o Fórum Econômico Mundial. Isso inclui US$ 2,1 trilhões nos Estados Unidos, US$ 2,4 trilhões na União Europeia e US$ 2,7 trilhões na China.

O Banco Mundial estima que o colapso de certos serviços ecossistêmicos, como a pesca ou florestas nativas, poderia custar à economia global US$ 2,7 trilhões por ano até 2030, ou cerca de 2,3% do PIB global.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente estima que o investimento precisa aumentar para US$ 542 bilhões por ano até 2030, em comparação com US$ 200 bilhões em 2022, para conter a perda da natureza e alcançar as metas climáticas.


SOBRE O AUTOR

Jake Spring é correspondente da agência Reuters em Brasília. saiba mais