Novas janelas, finas como um cartão de crédito, aumentam eficiência energética

Empresa por trás do Gorilla Glass do iPhone agora aposta em janelas ultrafinas e sustentáveis

Crédito: Alpen High Performance Products

Patrick Sisson 2 minutos de leitura

Um novo tipo de janela, prestes a ser produzido em larga escala nos Estados Unidos, promete revolucionar a forma como arquitetos e construtoras unem design e eficiência energética.

Feitas de painéis de vidro com espessura de milímetros, essas janelas oferecem níveis impressionantes de isolamento térmico e podem ter um impacto significativo na redução das emissões globais. Hoje, os edifícios respondem por cerca de 30% do consumo mundial de energia – e metade desse gasto, em casas e prédios comerciais, vai para aquecimento e resfriamento.

A Corning, criadora do Gorilla Glass usado nos iPhones da Apple desde 2007, desenvolveu um processo de fabricação em massa a partir de pesquisas realizadas no Laboratório Nacional de Lawrence Berkeley, na Califórnia.

Nos anos 1980, após a crise energética da década de 1970, cientistas do laboratório passaram a buscar formas de melhorar a eficiência das janelas e chegaram a um vidro mais fino, resistente e eficiente.

Na prática, quanto mais finas as lâminas, mais camadas e bolsões de ar podem ser acomodados em uma moldura, aumentando a capacidade de isolamento. Enquanto janelas comuns de vidro duplo utilizam placas de três a quatro milímetros, a nova versão pode ter apenas meio milímetro de espessura.

A Corning desenvolveu um processo capaz de produzir chapas de vidro tão finas quanto um cartão de crédito, que podem ser adaptadas tanto a molduras convencionais quanto a projetos arquitetônicos personalizados. O material foi batizado de “Enlighten”.

UMA JANELA MAIS EFICIENTE

Segundo Andrew Zech, CEO da Alpen – parceira da Corning na comercialização da tecnologia há seis anos –, o novo vidro pode ser até cinco vezes mais eficiente do que as janelas tradicionais. Além disso, possui um revestimento especial que reduz o chamado “ganho solar”, ou seja, o aquecimento provocado pela incidência direta da luz solar.

“De repente, é possível instalar uma janela que chega perto da eficiência de uma parede, o que dá muito mais liberdade de design para atender às normas do setor”, explica Ronald Verkleeren, vice-presidente sênior do grupo de inovações emergentes da Corning.

Crédito: Alpen High Performance Products

Na fábrica da Alpen, o processo de produção combina robótica e alta tecnologia. Um sistema a vácuo mantém os painéis firmes na esteira – já que até um vento poderia movê-los –, enquanto escovas ultrafinas realizam a limpeza, como um “lava-rápido microscópico” de vidro.

Inicialmente, a Alpen acreditava que a maior parte da demanda viria de regiões frias, como Alasca. Mas, segundo Zech, os pedidos também vêm crescendo em regiões de clima quente e ameno, já que a tecnologia permite criar fachadas de vidro maiores sem elevar os custos de resfriamento por conta do ganho solar.

Prédio de apartamentos na região de Boston, nos EUA (Crédito: Alpen)

Nos últimos anos, a tendência da construção civil tem sido reduzir o número de janelas para cumprir os padrões de eficiência energética. Para Zech, esse novo vidro elimina essa necessidade, abrindo espaço para projetos mais ousados, com janelas amplas e fachadas de vidro imponentes.

“Existe, claro, uma grande economia de energia”, afirma Zech. “Mas talvez o ponto principal seja outro: as pessoas querem casas e escritórios com janelas enormes – querem paredes inteiras de vidro.”


SOBRE O AUTOR

Patrick Sisson é colaborador da Fast Company e cobre o setor de desenvolvimento urbano e mercado imobiliário para o ranking anual Most... saiba mais