O jogo da energia: piscinas olímpicas são aquecidas com calor gerado por data centers

O calor que aquece a piscina das competições de nado sincronizado, saltos ornamentais e polo aquático vem de servidores de uma central de dados

Crédito: Chuck Schug Photography/ iStock

Kristin Toussaint 2 minutos de leitura

Os atletas olímpicos que saltaram de trampolins e executaram suas coreografias aquáticas nos Jogos Olímpicos de Paris usaram uma piscina aquecida por um data center nas proximidades.

O Centro Aquático, uma arena com capacidade para cinco mil espectadores e construído especificamente para os Jogos, é o cenário de três modalidades olímpicas: nado sincronizado, saltos ornamentais e polo aquático.

O calor recuperado de um data center que fica bem próximo – operado pela empresa de infraestrutura digital Equinix – mantém a temperatura da água em torno de 27ºC.

O data center PA10 foi construído com alguns esforços de sustentabilidade em mente, incluindo tecnologia de recuperação de calor e um jardim na cobertura de aproximadamente 420 metros quadrados.

O Centro Aquático de Paris também foi projetado para respeitar as questões ambientais, com seu telhado de cinco mil metros quadrados) coberto por painéis solares (que ajudam a suprir cerca de 20% das necessidades elétricas do edifício) e milhares de assentos feitos de plástico reciclado.

Os data centers abrigam servidores que, ao processarem todas as informações da internet, produzem muito calor. O centro de dados Equinix PA10 produzirá cerca de 10 mil MWh de calor por ano, o que, segundo a empresa, é suficiente para aquecer cerca de mil residências. Mas, sem uma maneira de capturar esse calor, ele seria simplesmente liberado na atmosfera.

Para aquecer a piscina olímpica (ou residências ou escritórios, por exemplo), o calor aquece a água que é direcionada para tubos conectados a uma placa de troca de calor. A placa aquece mais água em um segundo conjunto de tubos. Uma bomba de calor eleva ainda mais a temperatura da água.

Crédito: European Aquatics

Esta não é a primeira vez que o calor residual de data centers é aproveitado. Em Dublin, o calor de um data center da Amazon aquece prédios do governo e dormitórios universitários.

Na Noruega, a cidade de Lyseparken foi projetada para que suas casas e empresas possam ser aquecidas por um data center, em um exemplo de "cidade energeticamente positiva".

Esta é uma solução que pode se disseminar ainda mais à medida que mais e mais data centers são construídos. A demanda por essas instalações está crescendo, em parte, devido ao trabalho remoto, ao streaming de alta velocidade e ao aumento do uso de IA.

    Como os data centers funcionam 24 horas por dia, essa demanda significa que é necessário muito energia. Usar o calor residual é uma maneira de torna-los mais eficientes, mas especialistas defendem ações ainda mais abrangentes.

    Espera-se que o uso de eletricidade por data centers no mundo todo dobre até 2026, para mais de mil TWh (terawatts-hora) – mais ou menos o consumo do Japão, que tem uma população de quase 126 milhões de habitantes.


    SOBRE A AUTORA

    Kristin Toussaint é editora assistente da editoria de Impacto da Fast Company. saiba mais