O primeiro bife “metano reduzido” está chegando ao mercado

Carne vem de vacas alimentadas com um novo suplemento de algas marinhas, que as faz arrotar e soltar menos gases

Crédito: Volta Greentech

Adele Peters 3 minutos de leitura

Uma rede de supermercados sueca chamada Coop agora oferece um novo produto que não está disponível em nenhum outro lugar do mundo: carne bovina com “baixo metano”. Em lojas selecionadas, você pode encontrar uma edição limitada de carne moída, lombo bovino e filé mignon proveniente de gado alimentado com algas vermelhas – um suplemento que reduz as emissões de metano, um potente gás de efeito estufa que bois e vacas emitem durante seu processo digestivo.

“Esta é a primeira vez que a carne bovina com baixo teor de metano chega aos consumidores”, diz Fredrik Åkerman, cofundador e CEO da Volta Greentech, uma startup sueca que cultiva algas marinhas. Ela firmou parceria com a Coop e uma nova empresa alimentícia chamada Protos para trazer estes alimentos para o mercado pela primeira vez.

A embalagem, com o desenho de uma vaca mastigando algas marinhas, vem com um texto em sueco explicando seus benefícios, que pode ser trazido como: “O segredo? As vacas arrotam e soltam menos pum graças à nossa pré-adição de algas na dieta.” O nome da marca, LOME, significa “Low on Methane” (ou baixo em metano, em português).

Créditos das fotos: Volta Greentech

Cada uma das bilhões de cabeças de gado do mundo produz em média 100 quilos de metano por ano, o equivalente à queima de mais de 3,4 mil litros de gasolina. O metano é cerca de 80 vezes mais potente que o CO2. Essa é uma grande parte da razão pela qual a carne bovina e os laticínios têm grandes pegadas de carbono.

O estrume é outro problema, junto com o impacto do cultivo de ração para o gado. Mas, forem alimentados com algas marinhas, de uma espécie chamada Asparagopsis, isso pode fazê-los arrotar menos. Estudos descobriram que o suplemento pode reduzir as emissões das vacas em 80%, podendo chegar a 99%.

Em outras partes do mundo, agricultores, marcas e produtores de algas também estão buscando maneiras de levar produtos ao mercado. A Ben & Jerry's está testando algas marinhas com alguns de seus fornecedores de laticínios enquanto trabalha para reduzir a pegada de carbono do sorvete. A Arla Foods, uma grande empresa de laticínios europeia, também planeja começar a testar suplementos de algas marinhas.

Em 2020, o Burger King anunciou que ofereceria uma versão do hambúrguer Whopper com metano reduzido em alguns restaurantes, usando carne bovina alimentada com capim-limão. A iniciativa era parte de um esforço para fazer os agricultores adotarem alimentos que reduzem as emissões de gases. Mas a campanha recebeu críticas da indústria da carne.

O próximo desafio será o aumento da produção de algas marinhas. A Volta Greentech cultiva seu produto em terra, em vez de colhê-lo no oceano, porque afirma ser a melhor maneira de garantir a qualidade. Além do que isso, futuramente, poderia ajudar a aumentar a produção.

“A colheita em si cresce muito rapidamente”, explica Åkerman. “Ainda estamos testando diferentes protótipos de cultivo em estufas e em armazéns”, afirma. Outra empresa que cultiva algas marinhas em terra, a Blue Ocean Barns, também está em fase inicial.

A alga já foi aprovada para uso na alimentação de gado na Suécia. Embora o FDA (órgão governamental norte-americano que regula e controla alimentos e medicamentos) ainda não a tenha aprovado, agricultores e marcas de alimentos estão dispostos a usá-la.

“Muitas outras marcas de alimentos com as quais conversamos antes estão começando a ver que está funcionando e que esta é uma solução real”, aponta Åkerman. “O cultivo é um gargalo na produção. Mas agora podemos investir, já que sabemos que há demanda.”


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais