O primeiro bife “metano reduzido” está chegando ao mercado
Carne vem de vacas alimentadas com um novo suplemento de algas marinhas, que as faz arrotar e soltar menos gases
Uma rede de supermercados sueca chamada Coop agora oferece um novo produto que não está disponível em nenhum outro lugar do mundo: carne bovina com “baixo metano”. Em lojas selecionadas, você pode encontrar uma edição limitada de carne moída, lombo bovino e filé mignon proveniente de gado alimentado com algas vermelhas – um suplemento que reduz as emissões de metano, um potente gás de efeito estufa que bois e vacas emitem durante seu processo digestivo.
“Esta é a primeira vez que a carne bovina com baixo teor de metano chega aos consumidores”, diz Fredrik Åkerman, cofundador e CEO da Volta Greentech, uma startup sueca que cultiva algas marinhas. Ela firmou parceria com a Coop e uma nova empresa alimentícia chamada Protos para trazer estes alimentos para o mercado pela primeira vez.
A embalagem, com o desenho de uma vaca mastigando algas marinhas, vem com um texto em sueco explicando seus benefícios, que pode ser trazido como: “O segredo? As vacas arrotam e soltam menos pum graças à nossa pré-adição de algas na dieta.” O nome da marca, LOME, significa “Low on Methane” (ou baixo em metano, em português).
Cada uma das bilhões de cabeças de gado do mundo produz em média 100 quilos de metano por ano, o equivalente à queima de mais de 3,4 mil litros de gasolina. O metano é cerca de 80 vezes mais potente que o CO2. Essa é uma grande parte da razão pela qual a carne bovina e os laticínios têm grandes pegadas de carbono.
O estrume é outro problema, junto com o impacto do cultivo de ração para o gado. Mas, forem alimentados com algas marinhas, de uma espécie chamada Asparagopsis, isso pode fazê-los arrotar menos. Estudos descobriram que o suplemento pode reduzir as emissões das vacas em 80%, podendo chegar a 99%.
Em outras partes do mundo, agricultores, marcas e produtores de algas também estão buscando maneiras de levar produtos ao mercado. A Ben & Jerry's está testando algas marinhas com alguns de seus fornecedores de laticínios enquanto trabalha para reduzir a pegada de carbono do sorvete. A Arla Foods, uma grande empresa de laticínios europeia, também planeja começar a testar suplementos de algas marinhas.
Em 2020, o Burger King anunciou que ofereceria uma versão do hambúrguer Whopper com metano reduzido em alguns restaurantes, usando carne bovina alimentada com capim-limão. A iniciativa era parte de um esforço para fazer os agricultores adotarem alimentos que reduzem as emissões de gases. Mas a campanha recebeu críticas da indústria da carne.
O próximo desafio será o aumento da produção de algas marinhas. A Volta Greentech cultiva seu produto em terra, em vez de colhê-lo no oceano, porque afirma ser a melhor maneira de garantir a qualidade. Além do que isso, futuramente, poderia ajudar a aumentar a produção.
“A colheita em si cresce muito rapidamente”, explica Åkerman. “Ainda estamos testando diferentes protótipos de cultivo em estufas e em armazéns”, afirma. Outra empresa que cultiva algas marinhas em terra, a Blue Ocean Barns, também está em fase inicial.
A alga já foi aprovada para uso na alimentação de gado na Suécia. Embora o FDA (órgão governamental norte-americano que regula e controla alimentos e medicamentos) ainda não a tenha aprovado, agricultores e marcas de alimentos estão dispostos a usá-la.
“Muitas outras marcas de alimentos com as quais conversamos antes estão começando a ver que está funcionando e que esta é uma solução real”, aponta Åkerman. “O cultivo é um gargalo na produção. Mas agora podemos investir, já que sabemos que há demanda.”