O segredo desta máquina que vende água: lavar e reusar as garrafas
A Kadeya vende garrafas d’água reutilizáveis, depois as higieniza e reabastece para o próximo cliente
Esta máquina de venda automática é bem parecida com qualquer outra que você já tenha visto. A diferença é que as bebidas vêm em garrafas reutilizáveis, que podem ser retornadas, para que sejam higienizadas e vendidas novamente.
“Gostamos de pensar nela como uma junção de fábrica de engarrafamento, máquina de lavar louça e fonte de água mineral”, diz Manuela Zoninsein, fundadora e CEO da Kadeya, startup com sede em Chicago que projetou a máquina. “Essa é a primeira vez que algo assim é feito.”
Zoninsein começou a refletir sobre embalagens de uso único depois de trabalhar por vários anos na China. “Vi aquele país, de 2007 a 2015, passar do reuso para o uso único”, conta. “Tudo o que acontece na China é em grande escala. Rapidamente percebi que o uso único era totalmente insustentável.”
Mais tarde, quando trabalhava em um escritório na cidade de Nova York, ela convenceu seu empregador a abandonar as garrafas de uso único, adotar embalagens reutilizáveis e instalar bebedouros. Porém, muitos de seus colegas não aderiram à troca. Foi então que ela pensou em uma solução diferente.
A primeira versão da máquina da Kadeya vende água em garrafas de vidro, embora a empresa afirme que, em breve, irão oferecer outras bebidas (também passarão a utilizar garrafas de aço inoxidável, que, segundo ela, podem durar indefinidamente).
A água sai por um lado da máquina quando o cliente escaneia o QR code e a garrafa vazia é colocada no lado oposto. No interior, uma máquina de lavar louça personalizada limpa e higieniza a garrafa.
“Superamos as melhores máquinas de lavar louça industriais do mercado porque as projetamos para lavar as nossas garrafas – que têm o mesmo formato”, diz Zoninsein. “Assim, temos uma lavagem perfeitamente adaptada ao nosso produto.”
Uma máquina destas foi instalada recentemente para um teste-piloto em um canteiro de obras na cidade de Indianápolis, nos EUA. A construtora responsável pela obra é obrigada a fornecer água aos funcionários, de acordo com os regulamentos da Administração de Segurança e Saúde Ocupacional, mas a natureza do trabalho dificulta o transporte de garrafas reutilizáveis.
Antes de instalar a máquina, a construtora lidava com a complicada logística de disponibilizar garrafas d’água o suficiente para seus mais de 100 trabalhadores. Desde o começo do teste, as garrafas vêm sendo devolvidas constantemente, embora a startup não exija a devolução ou cobre multa.
O QR code permite que a Kadeya observe a frequência com que as garrafas são devolvidas. Como a empresa precisa disponibilizar água, as garrafas são gratuitas e a startup está desenvolvendo um sistema no qual os funcionários poderão usar seus crachás, em vez do QR code.
“Funciona exatamente como o CitiBike [sistema público de compartilhamento de bicicletas] – sabemos quando uma garrafa sai do nosso sistema e quem está com ela, mas não os monitoramos”, diz Zoninsein. “Não sabemos para onde a levam enquanto estão com ela, mas sabemos quem devolveu, a que horas e em que local.”
Para grandes canteiros de obras, a empresa planeja instalar várias máquinas, para que os trabalhadores possam retornar as garrafas em outro local, se for mais conveniente. O plano é se concentrar primeiro em ambientes industriais, já que, em escritórios, os funcionários têm maior facilidade de usar garrafas reutilizáveis comuns.
A expansão será estratégica, adicionando máquinas em estabelecimentos como academias e postos de gasolina próximos aos primeiros canteiros de obras, para que os mesmos consumidores passem a utilizar o sistema em mais lugares. Mas expandir para além de um ambiente restrito é um desafio: sem uma ampla rede de máquinas, será difícil recuperar as garrafas.