Organização reúne América Latina para tratar de futuros possíveis
Com 30 membros fundadores, a Alaf busca fomentar a pauta de estudos futuros com a perspectiva, as necessidades e a lente do Sul Global
O caminho para um futuro próspero virá da América Latina. Essa é a aposta de uma nova organização: a Associação Latina de Futuros (Alaf). A entidade, com 30 membros fundadores, busca fomentar a pauta de estudos futuros com a perspectiva, as necessidades e a lente do Sul Global.
Idealizada pela estrategista de futuros Lydia Caldana, a Alaf abre portas para discutir formas de enfrentar as crises globais respeitando a coexistência harmônica com a natureza, os saberes ancestrais e a justiça ambiental. Pilares que ganham ainda mais peso em um momento em que o mundo discute como evitar o caos climático.
A América Latina já vive os impactos da crise do clima – e pode ser protagonista quando se trata das suas soluções. A região abriga mais de 40% da biodiversidade do planeta e mais de um quarto de suas florestas. A Alaf busca capacitar empresas e governos para liderar a transição para um modelo mais sustentável, especialmente diante das pressões climáticas e sociais.
De acordo com a Comissão de Negócios e Desenvolvimento Sustentável, atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pode desbloquear pelo menos US$ 12 trilhões por ano até 2030 e gerar 380 milhões de empregos, muitos deles em países em desenvolvimento.
LETRAMENTO EM FUTUROS
A Alaf terá um espaço de consultoria e educação para aumentar a alfabetização em futuros, ou seja, a habilidade de mapear riscos e oportunidades traçando cenários de longo prazo. Segundo a Unesco, a competência é essencial para o século 21, já que está conectada ao pensamento crítico e à resolução de problemas complexos.
Estudos mostram que negócios comprometidos com princípios ESG (ambientais, sociais e de governança, na sigla em inglês) podem atrair investimentos globais, que devem ultrapassar US$ 40 trilhões até 2030, segundo a Global Sustainable Investment Alliance (Aliança Global para o Desenvolvimento Sustentável).
O início da agenda oficial da Alaf acontece por meio de sua participação na terceira edição do Dubai Future Forum, que acontece em 19 de novembro e é reconhecido por reunir os maiores nomes mundiais de pensadores e fazedores de futuros dos setores público e privado.
FUTURO DECOLONIAL
Outro compromisso da Alaf é com a identidade latina, fortalecendo a conexão entre inovações sociais da região. A valorização do conhecimento ancestral, especialmente de povos originários, ajuda a construir um futuro inclusivo e inovador.
A pesquisadora e diretora da Alaf, Lua Couto, lembra que os modelos herdados dos sistemas coloniais não apoiam um mundo justo ou sustentável. “As mudanças climáticas são o fio condutor desta crise, mas não o único elemento. São uma manifestação da nossa forma de habitar a Terra, do consumismo, do capitalismo e do colonialismo”, diz.