Parte o primeiro navio de carga movido a álcool feito de lixo orgânico

O combustível é feito de metano capturado a partir de resíduos de alimentos de aterros sanitários

Crédito: Maersk

Adele Peters 2 minutos de leitura

Zarpou esta semana o primeiro navio porta-contêiners a operar com metanol verde – feito de metano capturado de resíduos de alimentos em aterros sanitários. A Maersk, uma das maiores companhias marítimas do mundo, encomendou o navio há dois anos como parte de seu compromisso de comprar apenas navios novos que pudessem usar combustíveis verdes.

Enquanto o navio faz sua primeira viagem – da Coreia do Sul à Dinamarca –, a empresa já tem outros 25 encomendados e está começando a reformar navios mais antigos para usar o mesmo combustível. Até o final da década, a empresa – que opera mais de 700 navios, sendo 300 próprios – planeja transportar um quarto de sua carga marítima usando combustíveis verdes.

O metanol verde, que pode ser produzido a partir de gás de fontes vegetais (como restos de alimentos) ou de eletricidade renovável e hidrogênio verde, tem o potencial de reduzir as emissões de um navio em 65% a 70%. Globalmente, o transporte marítimo é responsável por cerca de um bilhão de toneladas de emissões de CO2 por ano, aproximadamente o mesmo que o setor aéreo.

Crédito: Pexels

Como não elimina totalmente as emissões, o metanol verde não é uma solução perfeita. Outras tecnologias para reduzir as emissões em navios também estão em desenvolvimento, incluindo amônia, hidrogênio líquido e eletrificação.

Mas, como o setor é um grande poluidor, e seguir o caminho certo para cumprir as metas climáticas de Paris exige ação imediata, a Maersk optou por avançar com o metanol verde, porque sabia que era uma opção viável.

“Acho que existe esse medo de fazer a aposta errada ou errar de alguma forma”, disse Morten Bo Christiansen, que lidera a descarbonização na Maersk, durante uma conferência no TED Countdown Summit, na semana passada.

O próximo desafio é aumentar a produção e reduzir o custo, que hoje é duas ou três vezes maior que o combustível convencional.

“É claro que, em um mundo ideal, passaríamos uma década descobrindo todos os prós e contras de cada caminho e qual deles é o melhor. Mas precisamos resolver esse problema agora”, completou. O setor pretende atingir a meta de zero líquido até 2050, mas a meta da Maersk é fazer isso uma década antes.

Há três anos, diz ele, nenhum navio desse tipo era encomendado. Agora, cinco outras grandes transportadoras também estão adquirindo, e a compra de120 navios está em andamento.

O próximo desafio é aumentar a produção do combustível e reduzir o custo, que hoje é duas ou até três vezes mais caro que o combustível convencional.

No entanto, mesmo se a diferença de custo diminuir, diz ele, o impacto pode ser relativamente pequeno: para cada par de tênis que cruza o oceano, por exemplo, a mudança para combustível verde pode representar um aumento de cinco centavos.


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais