Por que a Nvidia está investindo em uma empresa de reciclagem de baterias
Gigante dos chips investe na Redwood Materials, que transforma baterias de veículos elétricos usados em sistemas de armazenamento de energia

À medida que o valor de mercado da Nvidia dispara – a empresa se tornou a primeira de capital aberto a atingir US$ 4 trilhões este ano –, a companhia tem injetado recursos em startups de inteligência artificial. Mas sua divisão de investimentos, a NVentures, também vem apostando em áreas menos óbvias.
O exemplo mais recente é a empresa de reciclagem de baterias de veículos elétricos Redwood Materials, que acaba de levantar US$ 350 milhões em uma nova rodada de financiamento.
Fundada em 2017, a Redwood nasceu com o objetivo de criar uma cadeia de suprimentos nos EUA para metais críticos, como cobalto e lítio, recuperados de baterias usadas.
Em 2025, a empresa ampliou suas operações e lançou um novo ramo de negócios: utilizar baterias de veículos elétricos de segunda mão como uma forma de armazenamento de energia de baixo custo para data centers.
“Penso que as pessoas classificam a Redwood de maneira equivocada, como uma empresa de reciclagem”, afirma Joe Fath, sócio da Eclipse, fundo que liderou a nova rodada de investimento na companhia. “A reciclagem é apenas a porta de entrada.” A Nvidia não quis comentar, alegando não discutir investimentos.
Embora seja de fato um gigante do setor – processando cerca de 90% das baterias de íon-lítio recicladas na América do Norte –, a Redwood aposta cada vez mais em seu negócio de armazenamento de energia, que pode ajudar a resolver um dos maiores desafios atuais da indústria de IA: o suprimento energético dos data centers.

“A geração, o armazenamento e o custo da energia necessária para alimentar as GPUs estão se tornando gargalos cada vez maiores”, explica Patrick Moorhead, CEO e principal analista da Moor Insights & Strategy.
Para uma empresa como a Nvidia, cuja tecnologia é usada em grande escala nesses centros, ajudar a ampliar a capacidade de armazenamento de energia de seus clientes significa também garantir o próprio crescimento.
RECICLAGEM DE BATERIAS TRAZ GANHOS ECONÔMICOS
Em alguns casos, os data centers podem operar totalmente fora da rede elétrica, como no projeto movido a energia solar e baterias que a Redwood desenvolveu este ano em parceria com a Crusoe.
Outros clientes planejam usar as baterias da empresa para armazenar energia gerada por gás natural. A Redwood fabrica tanto o hardware quanto o software e a eletrônica de controle dos sistemas.

“A velocidade de acesso à energia é fundamental”, afirma JB Straubel, CEO da Redwood Materials. “Com soluções de armazenamento – especialmente com uma abordagem modular e flexível como a nossa –, conseguimos ajudar empresas a evitar longas filas de conexão e obter eletricidade diretamente da rede tradicional.”
Em outras aplicações, as baterias podem se conectar à rede elétrica e armazenar energia quando o custo é mais baixo, além de garantir resiliência em caso de queda de fornecimento.
A estratégia também traz ganhos econômicos. “O custo é provavelmente o principal diferencial, porque estamos reaproveitando ativos que já foram utilizados em outra aplicação. Na maioria dos casos, conseguimos reduzir drasticamente o custo de implantação”, diz Straubel.

A Nvidia já havia investido em outras companhias de energia, como a Commonwealth Fusion Systems, que arrecadou US$ 863 milhões para desenvolver energia de fusão nuclear e planeja colocá-la na rede elétrica dos EUA até a década de 2030. Mas, no caso da Redwood, a tecnologia já está pronta para uso imediato.
“A Redwood é líder nesse mercado, e a Nvidia está marcando posição em um segmento-chave”, afirma Dan Ives, diretor global de pesquisa em tecnologia da Wedbush Securities. “A empresa está construindo um ecossistema vertical, e o investimento na Redwood se encaixa perfeitamente nessa estratégia.”