Por que a Nvidia está investindo em uma empresa de reciclagem de baterias

Gigante dos chips investe na Redwood Materials, que transforma baterias de veículos elétricos usados em sistemas de armazenamento de energia

Crédito: Uladzimir Zuyeu/ Getty Images

Adele Peters 3 minutos de leitura

À medida que o valor de mercado da Nvidia dispara – a empresa se tornou a primeira de capital aberto a atingir US$ 4 trilhões este ano –, a companhia tem injetado recursos em startups de inteligência artificial. Mas sua divisão de investimentos, a NVentures, também vem apostando em áreas menos óbvias.

O exemplo mais recente é a empresa de reciclagem de baterias de veículos elétricos Redwood Materials, que acaba de levantar US$ 350 milhões em uma nova rodada de financiamento.

Fundada em 2017, a Redwood nasceu com o objetivo de criar uma cadeia de suprimentos nos EUA para metais críticos, como cobalto e lítio, recuperados de baterias usadas.

Em 2025, a empresa ampliou suas operações e lançou um novo ramo de negócios: utilizar baterias de veículos elétricos de segunda mão como uma forma de armazenamento de energia de baixo custo para data centers.

“Penso que as pessoas classificam a Redwood de maneira equivocada, como uma empresa de reciclagem”, afirma Joe Fath, sócio da Eclipse, fundo que liderou a nova rodada de investimento na companhia. “A reciclagem é apenas a porta de entrada.” A Nvidia não quis comentar, alegando não discutir investimentos.

Embora seja de fato um gigante do setor – processando cerca de 90% das baterias de íon-lítio recicladas na América do Norte –, a Redwood aposta cada vez mais em seu negócio de armazenamento de energia, que pode ajudar a resolver um dos maiores desafios atuais da indústria de IA: o suprimento energético dos data centers.

planta de baterias recicladas da Redwood Materials
Crédito: Redwood Materials

“A geração, o armazenamento e o custo da energia necessária para alimentar as GPUs estão se tornando gargalos cada vez maiores”, explica Patrick Moorhead, CEO e principal analista da Moor Insights & Strategy.

Para uma empresa como a Nvidia, cuja tecnologia é usada em grande escala nesses centros, ajudar a ampliar a capacidade de armazenamento de energia de seus clientes significa também garantir o próprio crescimento.

RECICLAGEM DE BATERIAS TRAZ GANHOS ECONÔMICOS

Em alguns casos, os data centers podem operar totalmente fora da rede elétrica, como no projeto movido a energia solar e baterias que a Redwood desenvolveu este ano em parceria com a Crusoe.

Outros clientes planejam usar as baterias da empresa para armazenar energia gerada por gás natural. A Redwood fabrica tanto o hardware quanto o software e a eletrônica de controle dos sistemas.

planta de baterias recicladas da Redwood Materials
Crédito: Redwood Materials

“A velocidade de acesso à energia é fundamental”, afirma JB Straubel, CEO da Redwood Materials. “Com soluções de armazenamento – especialmente com uma abordagem modular e flexível como a nossa –, conseguimos ajudar empresas a evitar longas filas de conexão e obter eletricidade diretamente da rede tradicional.”

Em outras aplicações, as baterias podem se conectar à rede elétrica e armazenar energia quando o custo é mais baixo, além de garantir resiliência em caso de queda de fornecimento.

A estratégia também traz ganhos econômicos. “O custo é provavelmente o principal diferencial, porque estamos reaproveitando ativos que já foram utilizados em outra aplicação. Na maioria dos casos, conseguimos reduzir drasticamente o custo de implantação”, diz Straubel.

planta de baterias recicladas da Redwood Materials
Crédito: Redwood Materials

A Nvidia já havia investido em outras companhias de energia, como a Commonwealth Fusion Systems, que arrecadou US$ 863 milhões para desenvolver energia de fusão nuclear e planeja colocá-la na rede elétrica dos EUA até a década de 2030. Mas, no caso da Redwood, a tecnologia já está pronta para uso imediato.

“A Redwood é líder nesse mercado, e a Nvidia está marcando posição em um segmento-chave”, afirma Dan Ives, diretor global de pesquisa em tecnologia da Wedbush Securities. “A empresa está construindo um ecossistema vertical, e o investimento na Redwood se encaixa perfeitamente nessa estratégia.”


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais