Porque a Olympikus está botando gente para correr pelo Brasil
Maior vendedora de tênis do país, Olympikus aposta no grafeno para seus modelos de alta performance
Quando já se é o número 1 do mercado, qual o próximo passo a ser dado? Campeã em vendas no Brasil, a Olympikus trabalha para construir uma percepção de marca que mostre que tem produtos competitivos a ponto de chegar ao lugar mais alto do pódio em provas de corrida referendadas.
Foi o que aconteceu na Maratona Internacional de Porto Alegre, em 12 de junho passado. Seis atletas que correram com o modelo Corre Grafeno, lançado três meses antes, subiram ao pódio.
Na disputa feminina, a marca convidou a etíope Etalem Terefe Tesfaw e a queniana Janete Cheruto a correrem com o modelo. Elas cruzaram a linha de chegada em primeiro e em segundo lugares, respectivamente.
Os resultados fizeram a empresa celebrar mais uma conquista do Corre Grafeno, tênis desenvolvido pela Olympikus que é o primeiro no mundo com placa de grafeno – material que vem sendo apontado como o “futuro da tecnologia”, principalmente para a indústria de eletrônicos.
Leve, fino, extremamente resistente, transparente e elástico, o grafeno é um composto químico constituído de carbonos ligados em carbonos formando hexágonos. Esse tipo de ligação é a mais forte encontrada na natureza. Suas propriedades o levam a ser utilizado por diversos setores, como construção civil e de energia.
Segundo a empresa, a inserção do grafeno nesse modelo da linha Corre “revoluciona o mercado ao materializar o futuro da performance”. A aplicação do material na placa promove um efeito trampolim: ele absorve o impacto da passada e o transforma em impulsão, proporcionando menor gasto de energia para o corredor e maior resposta ao longo do percurso.
Ter um produto com placa estava no radar da empresa. Criá-lo envolveu uma equipe grande – apenas no Centro de Desenvolvimento da companhia trabalham mais de 300 profissionais.
A aplicação do grafeno na placa faz com que ela absorva o impacto da passada e o transforme em impulsão.
Nas investigações, o time chegou ao trabalho de uma empresa de Caxias do Sul (RS) que estava estudando os usos do grafeno, um material que existe em abundância no país e é considerado “a evolução do carbono”.
“Nosso centro conseguiu transformar a ideia em algo factível e escalável e com grande velocidade, gerando um benefício concreto”, explica Márcio Callage, diretor de marketing da Vulcabras, que tem em seu portfólio, além da Olympikus, as marcas Mizuno e Under Armour, que representa no país.
Quanto tempo pode durar essa primazia? “A tendência é o material ser adotado por diversas marcas. Na borracha, se você coloca um pouco de grafeno, ela ganha resistência e durabilidade”, exemplifica.
Porém, se lá na frente algum player internacional equipar seus tênis com grafeno, para a Olympikus ficará a satisfação de terem sido os primeiros a utilizarem a “evolução do carbono”.
CORRENDO NO CERRADO
A Olympikus resolveu colocar o grafeno a serviço dos corredores, sinalizando que inovação é uma estratégia essencial para a marca, assim como o investimento no esporte.
A empresa, que vende 15 milhões de pares de tênis anualmente, aponta que a aposta em provas, circuitos e ações focadas nesse público é um esforço fundamental para que ela se posicione como um player global.
“A corrida é uma espécie de Fórmula 1 para a Olympikus”, compara Callage. “Desenvolvemos tecnologia pensando na alta performance, mas com o propósito de democratizar o acesso para a população.”
Não basta, porém, levar para as competições tradicionais do calendário esportivo o Corre Grafeno e outros modelos de performance que a companhia desenvolveu recentemente. Hoje, a Olympikus é dona de um circuito sem igual dentre as marcas mais consumidas pelos corredores.
Em 2019, lançou o Bota Pra Correr (BPC), projeto que mistura a paixão pelo esporte e o sonho que a maioria das pessoas têm de conhecer lugares extraordinários junto à natureza. Foram cerca de 400 inscritos no BPC – Chapada dos Veadeiros, em Goiás, que aconteceu em agosto. O circuito irá prosseguir com mais uma prova, em São Miguel dos Milagres (Alagoas), no dia 22 de outubro.
Este ano, o BPC conta com essas duas etapas (em 2019 foram três). Todas têm uma característica comum: são lugares que mexem com o espírito aventureiro. O projeto inclui passeios pelas atrações locais, como o Vale da Lua, um dos destaques do turismo em Alto Paraíso de Goiás.
A prova que inaugurou o circuito BPC, em julho de 2019, foi no Parque Estadual do Jalapão, no Tocantins. A etapa seguinte foi no Pantanal, na Área de Proteção Ambiental (Apa) da Baía Negra, no Mato Grosso do Sul – lá foi necessário construir uma ponte para os competidores disputarem a corrida. O circuito fechou a temporada em Alter do Chão, em Santarém (Pará).
Por que criar provas em destinos como esses? “Queremos que o brasileiro descubra o Brasil correndo, que conheça lugares, pessoas, tecnologias”, diz, Callage ao explicar que o circuito abre mais possibilidades para construir relações com a comunidade da corrida. Inclusive entre quem não se inscreveu, já que as provas geram muito conteúdo, disponíveis nos canais da marca e nas redes dos participantes.
CHÃO BATIDO, PONTE E BICHO NO MEIO DO CAMINHO
As provas do BPC podem servir para campo de testes do consumidor dos modelos da marca – como o Grafeno (R$ 700) e o Corre 2 (R$ 500), ambos esgotados pouco depois do lançamento. Mas, sem dúvida, atiçam a curiosidade de corredores de diversos paces e ritmos por trilhas inusitadas, porém preparadas com cuidado e atenção.
É o caso do contador paulistano Rodrigo Massa, de 39 anos, que entrou para o mundo da corrida há seis anos. Dono de uma dedicada rotina de treinos, ele tem como prova preferida a Meia Maratona do Rio de Janeiro, que passa por lugares bonitos da cidade.
No entanto, Massa tem uma devoção especial pelo BPC. A prova disso é que disputou todas as etapas da competição. E já se inscreveu para correr os 21 quilômetros da próxima fase do circuito, em Milagres.
“O que mais me impressiona no circuito é a energia que desperta. Sempre tinha sonhado em conhecer o Jalapão. Quando corri, entendi a chamada que tinham feito. Diziam que no Jalapão a gente ia correr com os olhos. E no Pantanal, com os ouvidos”, rememora.
Se no primeiro ano do circuito a prova mais difícil foi a do Pantanal (por causa do forte calor), a da Chapada dos Veadeiros é grande candidata a ser mais dura de todas, na avaliação do corredor paulistano.
Segundo ele, o altímetro de seu relógio apontou uma variação de 1,2 quilômetros entre o trecho mais baixo e o mais alto do trajeto que fez na estrada. “Imagina subir tudo isso? Foi bem desafiador”.
A jornalista viajou a Alto Paraíso de Goiás a convite da Olympikus.