Projetos de energia renovável cancelados por Trump vão fazer falta aos EUA

Especialista do JPMorgan Chase & Co aponta que as fontes tradicionais não serão suficientes para atender à demanda energética do país

painéis de energia solar e torres de energia eólica
Créditos: Mark Stebnicki/ Pexels/ Raimond Klavins/ History in HD/ Unsplash

Kristin Toussaint 2 minutos de leitura

Desde que Donald Trump iniciou seu segundo mandato como presidente dos EUA, a energia eólica e solar se tornaram alvos frequentes de críticas. Ele já chamou as fontes renováveis de “piada”, cancelou projetos de energia limpa e tomou medidas para favorecer o carvão e outros combustíveis fósseis, afirmando que isso garantiria a independência energética dos Estados Unidos.

Mas, segundo Chuka Umunna, chefe global de soluções sustentáveis do JPMorgan Chase & Co, o país pode enfrentar sérias dificuldades para gerar energia suficiente sem recorrer a fontes renováveis – especialmente diante do aumento do consumo provocado pela inteligência artificial.

Em entrevista à “Bloomberg”, ele alertou que os EUA podem não conseguir atender à crescente demanda de energia impulsionada pelo setor de tecnologia.

A fala ocorreu no mesmo dia em que o JPMorgan anunciou uma iniciativa de US$ 1,5 trilhão voltada à segurança e resiliência energética – um plano que inclui investimentos em energia solar, armazenamento em baterias, energia nuclear e modernização da rede elétrica.

Embora o governo Trump defenda a ampliação das fontes geotérmica e nuclear, Umunna argumenta que elas, sozinhas, não serão suficientes para atender à demanda energética do país, nem para sustentar o avanço da IA. “É difícil imaginar um cenário em que não precisemos recorrer também à energia eólica e solar”, afirmou. “Precisamos de mais energia – de todas as fontes disponíveis.”

Ele lembrou ainda que projetos de energia nuclear demoram anos para sair do papel. Em média, uma usina leva cerca de sete anos para ser concluída, mas o Escritório de Responsabilidade Governamental dos EUA estima que o processo completo – do planejamento à construção – pode levar até 12 anos. Novas turbinas a gás também exigem até sete anos para ficarem prontas.

As fontes eólica e solar, por outro lado, estão entre as mais rápidas – e baratas – de implementar. Muitos projetos são concluídos em apenas 12 a 18 meses.

Crédito: bombermoon/ Getty Images

Apesar disso, Trump continua apostando nos combustíveis fósseis como solução para a suposta “emergência energética” do país e como um caminho para a independência em energia. No entanto, de acordo com Umunna, são justamente as fontes renováveis que podem garantir essa autossuficiência.

O debate sobre sustentabilidade e transição energética, segundo ele, “já não é mais uma questão de sim ou não”. Umunna reforça que o tema “envolve questões complexas de geopolítica e competitividade econômica”.

Em relação aos investimentos em empresas ligadas à economia verde – que vêm registrando fortes altas –, ele observa que os investidores veem nelas vantagens não apenas pelo aspecto ambiental, mas também pelo fator estratégico, ligado à soberania e à autonomia econômica. O JPMorgan identificou 150 ações que se beneficiam dessas duas frentes.


SOBRE A AUTORA

Kristin Toussaint é editora assistente da editoria de Impacto da Fast Company. saiba mais