Quando será?
Para milhares de mulheres que estão na jornada de tentar engravidar, o Dia das Mães costuma ser marcado por sentimentos de solidão e silêncio

O desejo de ser mãe é uma das experiências humanas mais profundas, atravessando culturas, épocas e condições sociais.
Contudo, à medida que a idade avança – e atualmente ela avança a passos largos, já que as mulheres estudam cada vez mais, trabalham e valorizam sua carreira –, muitas mulheres se deparam com a dura realidade de que o tempo biológico não ajuda. Ele nem sempre caminha ao lado dos sonhos de maternidade.
A partir dos 35 anos, a fertilidade feminina sofre um declínio natural, tornando o caminho para a maternidade mais desafiador e, muitas vezes, mais doloroso.
Ainda assim, o número de mulheres que optam por engravidar nessa faixa etária vem crescendo: segundo o relatório National Vital Statistics Reports, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), os nascimentos entre mulheres de 35 a 39 anos mais que dobraram, passando de 7,6% em 1990 para 16,8% em 2023.
Nessa jornada, a medicina evoluiu de forma impressionante: a reprodução assistida trouxe esperança renovada para quem enfrenta dificuldades para engravidar. Tratamentos como a fertilização in vitro (FIV) a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), testes genéticos embrionários, doação de óvulos e as técnicas de preservação da fertilidade revolucionaram as possibilidades para as mulheres que desejam ser mães em idades mais avançadas.
Entretanto, apesar de toda essa evolução tecnológica, as dores emocionais que acompanham essa caminhada permanecem as mesmas.
A esperança, a ansiedade e a tristeza são sentimentos que desafiam e se mesclam com qualquer avanço científico. O impacto ao lidar com as tentativas frustradas e conviver com a pressão social e interna de "ser mãe" ainda exige um suporte humano às mães tentantes que tecnologia alguma é capaz de oferecer integralmente.

Nesse cenário, o apoio emocional é fundamental. Porém, ainda que essa dura realidade seja vivida por milhões de casais (um em cada seis casais terão dificuldades de engravidar) no Brasil e no mundo, o tema tem aparecido na mídia somente nos últimos anos.
Essa dor é vivida de forma praticamente invisível para a maioria da sociedade e, quando é vista, acaba sendo minimizada. As mães tentantes sentem diversas emoções, a maioria delas guardadas entre “uma cabeça e quatro paredes”, sem ter com quem desabafar.
o tempo biológico nem sempre caminha ao lado dos sonhos de maternidade.
Enquanto a tecnologia facilita a realização do sonho da maternidade, é a relação humana, a escuta atenta e o acolhimento que, verdadeiramente, sustentam as mulheres nessa jornada.
O Dia das Mães é, para a maioria, um momento de celebração e ternura. No entanto, para milhares de mulheres que estão na jornada de tentar engravidar, essa data costuma ser marcada por sentimentos de solidão e silêncio. Trata-se de um luto invisível que, até recentemente, era pouco reconhecido na esfera pública.
Neste contexto, a campanha de O Boticário que homenageia as mães tentantes no Dia das Mães é um gesto de validação emocional. Oferece reconhecimento para quem carrega o desejo e o peso de tratamentos longos e incertos.

Quando soube da proposta da campanha, fiquei intrigada, pois essa data é marcada por muita tristeza para as tentantes. Mas, ao entender a proposta de levar informações e retirar o véu sobre esse assunto, vi que isso contribui para quebrar o estigma que cerca a infertilidade e trazer à luz ao sofrimento que é minimizado.
Mais do que isso, a campanha lembra a todos nós que a maternidade é, antes de tudo, uma experiência emocional e que começa muito antes da chegada de um filho. Começa no sonho, na luta silenciosa, no desejo tão humano de gerar e amar.