Startup está montando uma frota de drones para combater incêndios florestais

Com investimento de US$ 60 milhões, Seneca quer tornar a resposta a incêndios mais rápida, eficiente e acessível

drones de combate a incêndios florestais
Crédito: Seneca

Adele Peters 2 minutos de leitura

Há poucos dias, na estação de inverno de Aspen, no Colorado (EUA), Stu Landesberg observava, ao lado de um grupo de bombeiros, um drone decolar em direção a um “incêndio” simulado nas encostas de uma montanha.

O aparelho identificou o ponto quente – na verdade, uma pilha de gelo, já que o risco de provocar um incêndio real era alto demais naquele dia – e disparou um jato de uma substância para apagar as chamas.

O voo de teste foi um entre milhares realizados nos últimos meses pela startup Seneca, que vinha operando discretamente até agora. A empresa foi lançada oficialmente ontem, anunciando um investimento de US$ 60 milhões e a ambição de transformar a resposta a incêndios florestais, protegendo comunidades vulneráveis de um modo até então impossível.

Os drones da Seneca foram projetados para voar em equipes de ataque com cinco aeronaves, cada uma transportando cerca de 45 quilos de agente supressor de fogo. Agências de combate e concessionárias de energia poderão posicioná-los em áreas remotas, prontos para entrar em ação automaticamente assim que um foco for detectado.

O enxame de drones é capaz de pulverizar uma linha de espuma retardante com cerca de um metro de largura e quase 400 metros de comprimento – o suficiente para conter ou desacelerar significativamente um incêndio. Depois, eles retornam à base para reabastecer e decolar novamente.

Um dos principais diferenciais é a precisão. “Você tem uma única chance com um helicóptero, mas com drones é possível traçar padrões e linhas com muito mais exatidão”, explica Bill Clerico, fundador da Convective Capital, fundo de investimento especializado em tecnologias para combate a incêndios, que co-liderou a rodada de financiamento da startup.

drone para combate a incêndios florestais
Crédito: Seneca

Clerico afirma que o momento tecnológico é ideal. “Estamos num ponto de inflexão interessante: as baterias estão muito melhores, os motores mais leves e potentes, e a capacidade de carga aumentou.” Além disso, os drones são muito mais baratos que helicópteros, cujo custo operacional é altíssimo. Segundo Landesberg, um grupo de cinco drones custará algo entre algumas centenas de milhares e pouco mais de um milhão de dólares.

Em situações críticas – dias quentes e com muito vento, após longos períodos de seca –, alcançar o fogo alguns minutos antes pode fazer toda a diferença. Os drones também poderão apoiar equipes humanas em queimadas controladas.

drones para combate a incêndios florestais
Crédito: Seneca

Os equipamentos já passaram por testes rigorosos, incluindo centenas de missões em incêndios reais. Agora, a Seneca pretende realizar os ajustes finais antes de entregar os primeiros lotes no ano que vem.

“Eles precisam estar perfeitamente preparados antes de serem usados em operações críticas”, afirma Landesberg. Com os danos econômicos crescentes causados por incêndios florestais, a demanda por soluções eficazes só aumenta.

“É uma grande aposta, a de que essa tecnologia vai funcionar bem e poderá ser usada em larga escala”, diz Clerico. “Existe risco, claro. Mas, se der certo, pode se tornar uma empresa gigantesca.”


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais