Surge uma nova alternativa de material de construção: grama
Startup está usando fibras de grama de crescimento rápido, no lugar da madeira
Depois de ter lançado uma startup de móveis sustentáveis durante a pandemia, o empreendedor Josh Dorfman viu o preço da madeira disparar. Quando ficou mais difícil encontrar madeira de alta qualidade, ele começou a se perguntar quais materiais alternativos poderiam ser usados.
Com esse problema na cabeça, Dorfman entrou em contato com dois ex-engenheiros da SpaceX que estavam interessados em alternativas à madeira por outro motivo: eles viram uma oportunidade de repensar os materiais da construção civil para acelerar a captura de carbono em larga escala.
As árvores absorvem CO2 enquanto estão crescendo. Mas o que eles notaram foi que as gramíneas de crescimento rápido conseguem capturar ainda mais CO2 – e podem ser transformadas em painéis estruturais usados para construir casas.
“Não precisamos ficar presos à ideia de plantar árvores”, diz Huade Tan, que já ajudou a desenvolver espaçonaves na SpaceX.
Dorfman, Tan e Nathan Silvernail, um colega engenheiro da SpaceX, fundaram a startup de materiais de construção Plantd, com o objetivo de trazer os novos produtos ao mercado. A empresa acaba de levantar US$ 10 milhões financiamento da Série A.
A Plantd usa um tipo alto de grama perene, capaz de crescer de seis a nove metros em um ano, absorvendo até 30 toneladas de carbono. “Nosso objetivo é retirar o carbono da atmosfera o mais rápido possível e capturá-lo”, diz Dorfman.
Enquanto um pinheiro cultivado em uma plantação manejada só pode ser derrubado após 15 anos, essa grama pode ser colhida até três vezes em uma estação e continua crescendo novamente. Como pode ser cultivada com mais facilidade, a grama também tem potencial para ajudar a evitar escassez na cadeia de suprimentos.
A equipe está desenvolvendo um equipamento próprio automatizado, modular e totalmente elétrico. Ele é capaz de rasgar a fibra da grama e juntá-la novamente, para formar os painéis estruturais usados em paredes, telhados e contrapisos na construção.
Assim como a madeira, a grama contém fibras fortes de celulose. Ela pode ser manipulada de maneira semelhante à forma como as fábricas produzem madeira compensada.
Mas a startup está projetando equipamentos personalizados, com o intuito de aumentar a qualidade do produto final, manter os custos baixos e diminuir a pegada de carbono da produção. A fábrica também pretende produzir madeira laminada para edifícios maiores, para substituir o aço e o concreto com alto teor de carbono.
Em termos de custo, os produtos têm potencial para competir com painéis de madeira, dizem os fundadores, com as vantagens de serem mais fortes, mais leves e mais resistentes à umidade.
“Aproveitamos todas as oportunidades de reter o máximo de carbono, além de fabricarmos um produto superior ao que existe hoje. Fazemos isso de um jeito que o cliente final ainda pode construir exatamente da mesma maneira... Não precisam mudar seus projetos em nenhum aspecto", afirma Dorfman.
No final do ano, um agricultor começará a plantar hectares de grama para a empresa. Por motivos de propriedade industrial, a equipe se recusou a compartilhar o nome da espécie de planta.
Dorfman afirma que já há interesse de outros agricultores. “A Carolina do Norte, onde estamos localizados, é a região do tabaco. Mas os produtores de tabaco não querem mais cultivar tabaco.” Eles estão em busca de uma cultura mais sustentável ambiental e economicamente, diz ele.
Se a empresa for bem-sucedida, poderá ajudar a diminuir a área de cultivo de árvores, abrindo espaço para florestas naturais de longo prazo crescerem novamente em seu lugar de origem.
“Em grande escala, o que isso nos permitirá fazer é reduzir a forma como a terra vem sendo usada para fazendas de monoculturas de árvores”, prevê Dorfman.