The Fuel Store mostra que o CO2 pode vir a ser o grande combustível do futuro
A startup AirCo transforma CO2 em combustível e criou uma loja conceito (temporária) para demonstrar o potencial dessa tecnologia

No bairro de NoHo (abreviação de "North of Houston Street"), na ilha de Manhattan, a área movimentada ao redor da Lafayette Street já foi conhecida como Gasoline Alley por abrigar diversas oficinas mecânicas e postos de gasolina.
Embora Nova York ainda esteja cheia de carros, os postos de gasolina em Manhattan tornaram-se cada vez mais raros (hoje não há nenhum em Gasoline Alley e só um em toda a parte sul da ilha).
Mas, próximo à rua Lafayette, há um novo tipo de posto inspirado no espaço que revela o futuro do combustível – um futuro no qual veículos em terra, ar e mar são movidos a CO2 em vez de combustíveis fósseis.
A The Fuel Store é uma loja-conceito imersiva criada pela AirCo, uma startup que transforma hidrogênio e CO2 capturado do ar em combustíveis sintéticos. A loja tem como objetivo apresentar ao público a tecnologia da AirCo e ilustrar um futuro possível no qual o dióxido de carbono alimenta desde motos de motocross até jatos e naves espaciais.
Fundada em 2017 sob o nome Air Company, a AirCo vem convertendo dióxido de carbono capturado em uma variedade de produtos de consumo, de vodca a perfume, passando por álcool em gel. Agora, a startup volta suas atenções para um setor estratégico: combustíveis. “É uma das indústrias mais difíceis de descarbonizar”, afirma Gregory Constantine, cofundador e CEO da empresa.
Para apresentar sua visão de futuro, a AirCo inaugurou The Fuel Store, uma loja conceito aberta ao público entre os dias 30 de abril e 03 de maio, em Nova York.

Logo na entrada, o visitante se depara com uma estrutura cromada que remete a um posto de gasolina futurista, com uma motocicleta de motocross conectada a uma bomba de combustível – símbolo da mobilidade que os combustíveis da empresa prometem, seja em regiões remotas ou em grandes centros urbanos.
Ao longo das paredes, produtos cuidadosamente selecionados contam diferentes capítulos da trajetória da AirCo e sua missão de reinventar o setor de combustíveis.

Uma das prateleiras exibe malas rígidas cheias de adesivos de viagem, incluindo um com os dizeres “Meu avião está em uma dieta à base de ar”. Segundo Constantine, a proposta da AirCo de tornar a aviação mais sustentável é uma forma de tornar o ato de viajar menos nocivo ao planeta.

Em outra seção da The Fuel Store, jaquetas vintage da Força Aérea dos EUA ganham símbolos da AirCo. Em abril, a empresa forneceu o combustível para o primeiro voo não tripulado com jato movido a combustível sintético derivado de CO2, em parceria com a USAF.
Ao contrário do hidrogênio, que exige motores específicos, os combustíveis da AirCo são 100% compatíveis com as aeronaves já existentes.

A tecnologia também avança no setor marítimo. Coletes salva-vidas feitos de bandeiras navais recicladas – cujo código significa “urgente” e “velocidade máxima” – fazem referência aos testes bem-sucedidos da empresa com a marinha norte-americana.
Acima deles, bolsas impermeáveis feitas com velas reaproveitadas prestam homenagem à era dos veleiros e à ideia de que o vento, agora em forma de CO2 capturado, pode impulsionar as embarcações do futuro.

Em terra firme, itens como uma miniatura de caminhão-tanque da AirCo, camisetas vintage do exército dos EUA e uma réplica do veículo tático Polaris MRZR – testado com sucesso usando o combustível da empresa – ilustram o potencial do produto para aplicações militares e civis.
Mas a ambição da AirCo vai além da Terra. Uma das paredes da loja apresenta um capacete conceitual e um traje espacial inspirados em Marte, onde a atmosfera (composta 95% por CO2) poderia um dia ser utilizada para alimentar foguetes, sondas e habitats humanos. A empresa mantém, inclusive, parceria com a NASA.

Nenhum dos itens está à venda na loja física, mas todos estarão disponíveis posteriormente em um leilão online. Os recursos arrecadados serão revertidos para o setor de pesquisa e desenvolvimento da empresa.
“A origem dos combustíveis, especialmente os feitos de CO2, pode parecer estranha para as pessoas”, admite Constantine. “A loja cria um ambiente imersivo onde elas podem entender como essa tecnologia funciona na prática.”
Para ele, educar o público sobre o futuro pode ser um desafio, mas também uma fonte de inspiração.