Uma lista (parcial) dos desastres climáticos que o mundo enfrenta hoje

Chuvas recordes na China, inundações na Austrália, secas nos EUA: eventos se somam à onda de calor enfrentada pela Europa

Crédito: Henrique Sá/ USGS/ NASA/ Bernd Dittrich/ Unsplash

Adele Peters 3 minutos de leitura

Em um recente anúncio de utilidade pública, o Escritório Meteorológico do Reino Unido fez uma previsão fictícia, alertando que até 2050 os termômetros poderiam chegar a 40 graus Celsius – temperatura extrema em um país onde a média alta em julho, historicamente, tem sido em torno de 21 graus. “Felizmente, essa previsão não é de verdade”, concluía o meteorologista de mentirinha.

Mas, na semana passada, a previsão do tempo real foi ainda pior: o primeiro alerta de calor extremo do Reino Unido previu que as temperaturas poderiam ultrapassar os 40 graus. Os moradores foram aconselhados a evitar pegar trem ou metrô para o trabalho e um aeroporto precisou ser fechado porque o calor danificou a pista.

O calor na Inglaterra é apenas um exemplo de que os impactos climáticos extremos estão acontecendo mais rápido do que o esperado. Enquanto os cientistas do clima falam em cortar as emissões até 2050 para evitar os “piores impactos” das mudanças climáticas, efeitos significativos já estão dando as caras em 2022.

A seguir, elencamos alguns dos desastres climáticos mais graves ​​que aconteceram ao redor do mundo apenas nas últimas semanas.

  • Na Espanha, onde as temperaturas também estão subindo, mais de 30 incêndios florestais estão acontecendo agora. Ao sul de Bordeaux, na França, grandes incêndios florestais forçaram a evacuação de mais de 14 mil pessoas.
  • Na China, as temperaturas já ultrapassaram os 41 graus em julho. A onda de calor deformou estradas e derreteu o telhado de um museu. Milhares de residências foram evacuadas depois que pelo menos 18 pessoas morreram em decorrência de inundações.  
  • Sydney, na Austrália, teve o julho mais chuvoso já registrado. Dezenas de milhares de pessoas que moram próximo a um rio foram obrigadas a evacuar a área. Em alguns casos, essa foi a terceira ou quarta vez, em menos de dois anos, que elas precisaram deixar suas casas por causa das inundações.
  • No início de julho, uma geleira desabou de mais de três quilômetros de altura em uma montanha nos Alpes italianos, matando trilheiros. Um estudo de 2019, que relatou que essa geleira encolheu 30% entre 2004 e 2015, previa que ela desapareceria em 25 a 30 anos.
  • A mega seca avança no oeste dos EUA. O lago Mead, que

“Temos uma escolha em nossas mãos. Ação coletiva ou o suicídio coletivo.”

fornece água para 25 milhões de habitantes, atingiu baixas históricas. A preocupação é que seu nível diminua a ponto de ficar baixo demais para que a represa Hoover produza energia hidrelétrica. Os níveis do Great Salt Lake, em Utah, também atingiram baixas recordes, ameaçando Salt Lake City com tempestades de poeira tóxica. Toda a Califórnia Central – onde as fazendas cultivam cerca de 25% dos alimentos do país – está atravessando uma seca sem precedentes.

  • Na Baía de São Francisco, nos EUA, um trem rápido descarrilou no final de junho porque os trilhos se deformaram com as altas temperaturas. A pista foi projetada para suportar até 115 graus, mas o metal aqueceu até 140 graus.
  • No Parque Nacional de Yosemite, também nos EUA, um incêndio ameaçou centenas de sequoias de dois mil anos, mas as equipes conseguiram salvá-las. Nos últimos sete anos, o fogo acabou com milhares de sequoias em Sierra Nevada.
  • Na África, anos de seca contínua associados às mudanças climáticas têm causado mais fome. A crise se torna mais grave devido à guerra na Ucrânia, que diminuiu as importações de alimentos. Apenas na Somália, mais de sete milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar e 250 mil enfrentam a fome.

Em 18 de julho, em uma conferência sobre o clima em Berlim, o secretário-geral da ONU, António Guterres, listou algumas dessas crises e alertou que a humanidade está em um momento-chave: “Temos uma escolha em nossas mãos”, disse ele. “Ação coletiva ou o suicídio coletivo.”


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais