A revolução do consumidor sobre a qual ninguém fala

Você pode não ter ouvido falar dos passaportes digitais de produtos, mas eles estão mudando a maneira como as compras têm sido feitas

As pessoas querem mais informações sobre a origem do que consomem
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Namrata Sandhu 5 minutos de leitura

Em uma era em que confiança é moeda e sustentabilidade é inegociável, os consumidores estão exigindo mais do que apenas rótulos verdes e promessas vagas. Eles querem provas.

Uma das alternativas para atender essa demanda são os passaportes digitais de produtos (DPPs, na sigla em inglês). Trata-se de uma ferramenta que dá aos consumidores acesso instantâneo a toda a jornada de um produto. Começa na origem dos materiais e vai até as credenciais de sustentabilidade.

Isso significa que, quer estejam comprando um par de tênis de corrida ou o smartphone mais recente, os DPPs estão tornando mais fácil para que se faça uma aquisição de forma mais inteligente, afastando o risco de greenwashing e com o apoio a marcas que realmente praticam o que pregam.

Greenwashing é a expressão para definir uma estratégia de marketing equivocada que tem por objetivo ludibriar o consumidor. Isso é feito de forma a fazê-lo acreditar que um produto ou serviço é mais ambientalmente correto do que de fato é

O FUTURO DAS COMPRAS É TRANSPARENTE


Os consumidores geralmente se perguntam onde suas roupas foram feitas. Querem saber também quanto de carbono seus novos sapatos emitiram durante a produção ou se aquele rótulo "ecologicamente correto" realmente significa alguma coisa.

Esses passaportes ajudam os consumidores a responder a essas perguntas de rastreabilidade em segundos. Simplesmente escaneando um código QR, os clientes podem desvendar a história completa de um produto, desde materiais, processos de fabricação e certificações.

Os DPPs também podem ser usados ​​por marcas que desejam ir além ao compartilhar o impacto do produto, como sua pegada de carbono exclusiva. Podem ainda oferecer instruções de cuidados com a fase de uso e até mesmo opções de reparo ou reciclagem. A iniciativa ajuda os compradores a assumir o controle de seus próprios hábitos para reduzir sua pegada exclusiva.

Isso não é apenas um truque de marketing. As novas regras da União Europeia, como o Regulamento de Ecodesign para Produtos Sustentáveis ​​(ESPR, na sigla em inglês), em breve exigirão que as marcas divulguem dados detalhados de impacto. Ou seja, a transparência está mudando de algo bom para algo essencial. As marcas que a adotarem agora estarão à frente.

COMO OS PASSAPORTES AJUDARÃO OS CONSUMIDORES


Em vez de depender de alegações vagas de sustentabilidade, os compradores podem visualizar e verificar o impacto de um produto.

Depois de uma carreira inteira dedicada à sustentabilidade, este é o ponto a ser enfatizado com mais frequência: os consumidores podem determinar se um produto foi projetado com longevidade em mente. Pense em opções duráveis, reparáveis ​​e de fim de vida, como 100% reciclável.

Por fim, em um mercado superlotado em que a fast fashion continua dominante, os consumidores podem escolher apoiar marcas que estão realmente trabalhando para reduzir sua pegada.

Em vez de cair em táticas de greenwashing ou apoiar empresas que ignoram completamente a sustentabilidade, os consumidores podem recompensar aquelas que estão fazendo um progresso real em direção a um futuro de menor impacto.

AS MARCAS PRESTAM ATENÇÃO


Para muitas empresas, os DPPs não são apenas sobre conformidade. Eles são sobre confiança do consumidor e encontrar uma vantagem competitiva.

Com os compradores se tornando mais conscientes, as marcas que oferecem total transparência ganham lealdade. Em vez de promessas vazias, elas podem mostrar dados reais sobre seu impacto.

Para impulsionar esse nível de transparência, as marcas precisam de dados sérios. Ao automatizar cálculos de carbono em milhares de produtos, empresas especializadas nessas soluções ajudam as marcas a integrar perfeitamente dados de impacto em tempo real em passaportes digitais de produtos.

ADESÃO DO MERCADO DE LUXO

Plataformas de revenda de luxo estão começando a usar DPPs para ajudar os consumidores a fazer compras informadas de segunda mão. Marcas de roupas esportivas os integrarão para ajudar os clientes a comparar diferentes opções de materiais. Até mesmo empresas de eletrônicos os estão adotando para oferecer caminhos inovadores de reparo e reciclagem, migrando para uma economia mais circular.

Entre as empresas que adotaram os primeiros passaportes digitais de produtos estão a marca britânica de joias Missoma e a marca global de lingerie Triumph. Ambas apostaram no compartilhamento de dados de impacto em nível de produto por meio de passaportes dedicados, antes das regulamentações ESPR. Essas regulamentações exigirão DPPs, mas não as tornarão totalmente obrigatórias por pelo menos mais um ano.

No caso da Triumph, o recurso está disponível para clientes de comércio eletrônico, diz Vera Galarza, chefe global de sustentabilidade da empresa. "Na Triumph, é crucial que os dados sejam completamente precisos", diz ela, pois os clientes desejam informações confiáveis ​​e confiáveis.

PASSAPORTE NA PONTA DOS DEDOS

Para os consumidores, isso significa fatos ambientais fáceis de entender na ponta dos dedos. Para as empresas, significa mais responsabilidade, melhores opções de design e envolvimento mais profundo com clientes preocupados com a sustentabilidade.

"Na Missoma, sempre acreditamos em ultrapassar os limites quando se trata de sustentabilidade e transparência", diz Marisa Hordern, fundadora e diretora criativa da companhia. "Essa tecnologia dá aos nossos clientes uma conexão mais profunda com suas joias, permitindo que eles rastreiem cada etapa de sua jornada, desde pedras preciosas de origem ética até a peça final feita à mão."

A Missoma planeja expandir o uso de DPPs em mais de suas coleções para ajudar a definir um novo padrão de rastreabilidade para a indústria de joias. "Também continuaremos a capacitar nossa comunidade para fazer escolhas mais informadas e conscientes", diz ela.

COMPRAS NA ERA DA RESPONSABILIDADE


Para os consumidores, os passaportes digitais de produtos significam mais poder, melhores escolhas e menos arrependimentos no processo de compra.

Os DPPs não são apenas uma tendência. Eles estão se tornando um requisito legal e farão parte do futuro das marcas. Em breve, verificar o impacto de um produto será tão normal quanto verificar seu preço.

É por isso que é emocionante que as marcas que lideram o caminho hoje não estejam apenas atendendo a questões regulatórias — elas estão remodelando a experiência de compra.


SOBRE A AUTORA

Namrata Sandhu é cofundadora e CEO da Vaayu, uma das empresas mais inovadoras da Fast Company e indicada por uma das melhores invençõe... saiba mais