Acredite: os pets estão vencendo os humanos no jogo da influência online

Marcas estão investindo em cães e gatos influenciadores para conquistar engajamento autêntico e aproximar consumidores de forma emocional

Acredite: os pets estão vencendo os humanos no jogo da influência online
damedeeso via Getty Images

Valentina de Andrada 4 minutos de leitura

Se há algo que consegue viralizar na internet, são os animais de estimação. Veja o caso de Pancho, o diva: o mini dachshund creme inglês de um ano começou sua carreira cedo no mundo da fama de Los Angeles e agora é uma celebridade com 148 mil seguidores no Instagram.

"Criamos a personalidade desse cachorro, um diva mimado que adora o estilo de vida luxuoso e extravagante — mas seus pobres pais não têm condições de bancá-lo", diz seu dono, Felix Levine, empreendedor e apresentador do popular podcast Unlike Me. Ele e Serena Kerrigan, fundadora do jogo de namoro Let's F**ing Date, são criadores de conteúdo experientes, então, quando amigos brincaram sobre dar uma persona online ao novo cachorro, a ideia pegou.

"Pensamos em algo como 'Querido Diário, odeio meus pais'", lembra Felix.

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O conteúdo rapidamente evoluiu para vlogs com narração por Inteligência Artificial, em que Pancho compartilhava suas reclamações sobre os pais mimados. E a ideia ganhou força: do Central Park a um verão europeu, o número de seguidores de Pancho cresceu exponencialmente, conquistando 30.000 seguidores em apenas duas semanas.

As marcas perceberam. O primeiro acordo de Pancho foi com a Five Below, seguido por parcerias com a Pet Life Unlimited, Target, Amazon e até mesmo a Kiehl's. Sim, a gigante de cuidados com a pele agora tem uma linha para cães.

De brinquedos a petiscos gourmet e produtos de higiene premium, cada parceria foi endossada com seu toque de "diva" característico.

As colaborações do cãozinho não parecem anúncios, e é exatamente por isso que funcionam. Só em setembro, suas postagens alcançaram 24 milhões de visualizações e geraram mais de 9 milhões de interações, um número que muitos de seus colegas influenciadores humanos invejariam. Com links de afiliados, parcerias com marcas e sua própria loja virtual, Pancho construiu um mini-império da mídia — e ele está apenas completando um ano.

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Levine não revelou exatamente quanto Pancho faturou, mas confirmou que está na casa das centenas de milhares de dólares.

A tendência dos "petfluencers" não é nova. Mas continua tão lucrativa quanto sempre.

PETS, MAIS SINCEROS E CONFIÁVEIS


Um estudo publicado no início deste ano no The Journal of Advertising Research descobriu que os pets influencers superam os influenciadores humanos, principalmente porque são vistos como mais sinceros e confiáveis ​​do que seus pares humanos, que muitas vezes são recebidos com ceticismo devido a supostos interesses comerciais.

Apoios de petfluencers nas redes sociais têm demonstrado gerar respostas mais fortes dos consumidores, incluindo maior engajamento e maior disposição para pagar.

"Eles (os pets) não têm segundas intenções, nem problemas, nem escândalos"

Laura Lavertu, da Universidade de Strathclyde

A pesquisadora principal, Dra. Laura Lavertu, professora de marketing da Universidade de Strathclyde, em Glasgow, reforça essa ideia: "Os petfluencers oferecem vantagens distintas em comparação com os influenciadores humanos nas redes sociais. Enquanto os influenciadores humanos muitas vezes persuadem por meio da identificação ou da aspiração, os petfluencers são vistos como mais genuínos. Eles não têm segundas intenções, nem problemas, nem escândalos."

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O estudo também observou que, à medida que o número de posts patrocinados por influenciadores humanos aumenta, a sinceridade percebida diminui — um fenômeno que os pesquisadores chamam de “fadiga de influenciadores”, o que, por sua vez, torna os animais de estimação uma alternativa mais confiável. Aparentemente, quanto mais pelos ou patas você tem, mais confiável você é.

Alguns até se tornaram nomes conhecidos: conforme relatado pela publicação Forbes, a usuária do TikTok @princesshoneybellex, uma influenciadora felina australiana de grande sucesso, ganhou US$ 74.148 somente em 2023, superando o salário médio dos EUA.

SEU ANIMAL DE ESTIMAÇÃO PODERIA GERAR UMA RENDA?

Nossos amigos de quatro patas oferecem às marcas inúmeras oportunidades no mercado de cuidados com animais de estimação, que deve atingir mais de US$ 427,75 bilhões até 2032.

E não são apenas as empresas focadas em animais de estimação que estão lucrando com isso — grandes marcas como a Dyson estão aproveitando a ascensão dos petfluencers, fazendo parcerias com cães de celebridades para ampliar seu alcance de uma forma que ressoe diretamente com os donos de animais de estimação.

No cenário midiático saturado de hoje, onde os anúncios surgem de todos os lados, fazer parceria com um animal de estimação de celebridade pode ser a sua jogada de marketing mais inteligente.

Como observado pelo The Journal of Advertising Research, “as pessoas seguem e interagem com petfluencers pela alegria e entretenimento que eles proporcionam e, no geral, são universalmente amados devido à sua capacidade de se comunicar com públicos diversos e transcender diferenças culturais”.

Quando Pancho chegou em casa pesando apenas meio quilo, seus donos pensaram que estavam adotando um cachorro. Acontece que agora ele administra seu próprio negócio, fecha contratos com marcas e até gerencia um estagiário para dar conta de sua agenda exigente.


SOBRE A AUTORA

Valentina de Andrada é estagiária editorial na Fast Company e graduanda na S.I. Newhouse School Of Public Communications, onde se conc... saiba mais