Apesar do Pix, o cheque não morreu
Apesar da evolução do pagamento instantâneo, lançado em 2020, ainda tem muita gente que usa o cheque como forma de parcelamento ou na relação com os fornecedores

As operações com Pix têm aumentado de forma consistente desde o seu lançamento, em novembro de 2020. E a emissão de cheques, que já vinha perdendo espaço para as operações com cartão de crédito e débito e crédito, segue no movimento inverso, encolhendo. Mas, num movimento esperado, há uma curiosidade: o valor médio dos cheques está mais alto.
MENOS CHEQUES COMPENSADOS
Dados divulgados nesta semana pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) apontam que os brasileiros emitiram 50 milhões de cheques no primeiro semestre deste ano.
O número representa uma queda de 21,9% em relação a igual período de 2024, quando as compensações chegaram a 64 milhões.
Para se ter uma ideia do declínio das compensações, há 30 anos, foram emitidos no Brasil 3,334 bilhões de cheques - média de 277,9 milhões por mês.
No primeiro ano inteiro com o Pix em operação (2021), o país teve a circulação de 218,9 milhões (média de 18,3 milhões/mês), um número menos que a média mensal de 1995. No ano passado, foram 137,7 milhões de compensações (média de 11,5 milhões/mês). No primeiro semestre de 2025, a média já caiu para 8,3 milhões/mês.
Confira a evolução dos cheques emitidos nos últimos anos:
1995 - 3.334.224.724
2000 - 2.637.492.836
2005 - 1.940.344.627
2010 - 1.120.364.198
2015 - 672.014.638
2020 - 287.196.448
2021 - 218.944.650
2022 - 202.848.320
2023 - 168.693.980
2024 - 137.658.640
2025* - 50.000.000
* Primeiro Semestre - Fonte: Febraban
VALOR TOTAL DOS CHEQUES CAIU
Ainda segundo o levantamento da Febraban, o total de cheques emitidos movimentou R$ 211 bilhões em valor financeiro. A soma representa um recuo de 12% em comparação aos R$ 236 bilhões dos primeiros seis meses de 2024.
Os dados foram levantados a partir do Sistema de Compensação de Cheques e Outros Papéis (Compe). Este é o mecanismo interbancário brasileiro responsável por processar e liquidar cheques e outros documentos de crédito, regulado pelo Banco Central.
VALOR MÉDIO DOS CHEQUES AUMENTOU
Apesar de seguir uma tendência de queda, um dos quesitos analisados pela Febraban mostra um crescimento. O valor médio dos cheques do primeiro semestre - R$ 4.112 - foi 14,20% acima dos R$ 3.606 de 2024. No entanto, os dados mostram que não há uma consistência na alta de 2025. O maior valor médio foi em abril, de R$ 4.296. Já em junho (último mês aferido), a cifra foi de R$ 4.159.
Os dados, na avaliação da Febraban, mostram que parte dos brasileiros ainda tem preferência por este meio de pagamento nas transações de maior valor.
COMERCIANTES MANTÊM OS CHEQUES VIVOS
Apesar de o setor financeiro oferecer uma série de alternativas como meios de pagamento, nem todos confiam em deixar o velho talão para trás.
“O cheque ainda é mantido por comerciantes para parcelamentos ou como forma de crédito e pagamento a fornecedores”, declarou, por meio de nota, Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços e Segurança da Febraban.
De acordo com o diretor-adjunto da entidade, as empresas respondem por mais de 50% dos cheques emitidos, geralmente por conta da relação de confiança com fornecedores e um maior prazo para pagamentos.
“Entre pessoas físicas, os cheques ainda são utilizados tanto pela confiança entre clientes e lojistas quanto pela possibilidade de obtenção de melhores condições de pagamento, como descontos e prazos maiores, além de não exigir limite de crédito disponível”, acrescenta Faria.