Aprenda a cuidar bem da primeira parcela do 13º salário
Planejamento e inteligência são os pontos de partida para quem quer fazer o dinheiro extra render
A primeira parcela do 13º salário, que deve ser paga aos trabalhadores até 30 de novembro, chega sempre como um respiro financeiro aguardado com ansiedade por muitos trabalhadores. Com o bônus extra no bolso, é fácil se render à tentação de gastar com presentes, viagens ou aquele mimo pessoal. No entanto, para fazer o dinheiro render e transformar esse montante em um verdadeiro aliado financeiro, é recomendado por especialistas ter uma dose de planejamento e uma visão estratégica. Então, que tal algumas dicas para usar a primeira parcela do 13º de forma realmente inteligente?
Para quem está com dívidas, especialmente as de juros altos, como cartão de crédito e cheque especial, a melhor decisão pode ser focar em quitar essas pendências. Esses juros altos, afirma o professor, economista e consultor financeiro Fábio Almeida, são verdadeiros vilões do orçamento e podem transformar uma dívida em uma bola de neve em pouco tempo. “Ao usar parte do 13º para eliminar essas contas, você se liberta de uma pressão financeira enorme e começa o próximo ano com o pé direito e um orçamento mais leve”, diz Almeida.
FAÇA UMA RESERVA DE EMERGÊNCIA
Se as dívidas não são uma preocupação, este é o momento de construir ou reforçar a famosa reserva de emergência, o fundo financeiro que representa uma segurança contra imprevistos. Ter uma reserva que cubra de três a seis meses das suas despesas mensais permite enfrentar desde emergências de saúde até mudanças profissionais inesperadas, como a perda de um emprego, sem a necessidade de recorrer a empréstimos ou cartões de crédito.
Com um mercado de trabalho cada vez mais incerto, essa precaução faz toda a diferença e deixa qualquer um mais tranquilo. "Construir uma reserva de emergência não é apenas uma questão de precaução, mas uma estratégia inteligente para lidar com as incertezas da vida. Ter esse fundo é como ter uma rede de segurança financeira que oferece liberdade e tranquilidade. Isso permite que você tome decisões mais assertivas, sem o medo de ser pego de surpresa", pontua o professor.
Comece a investir
Pensar no futuro também é uma excelente maneira de utilizar o 13º de forma inteligente. Com parte desse dinheiro, de acordo com a administradora e executiva em finanças, Gabriela Gouveia, você pode começar a investir em renda fixa, como Tesouro Direto, em CDBs ou até mesmo em fundos de previdência privada. Colocar um pouco do seu 13º em investimentos, ensina ela, significa plantar sementes para o futuro, seja para a aposentadoria ou para realizar um grande sonho pessoal, como a compra de um imóvel ou a abertura de um negócio próprio.
Com o planejamento certo, cada aplicação tem o potencial de valorizar seu dinheiro ao longo do tempo. "Ter a disciplina de usar o 13º para investir é uma decisão inteligente. Em vez de gastar impulsivamente, a opção de investir é uma boa forma de trabalhar para um futuro financeiro mais estável. O ideal é definir metas, como comprar um carro ou um apartamento. É um passo para sair da zona de conforto e construir uma vida financeira mais potente e resiliente", diz Gouveia.
Além de tudo isso, é sempre importante considerar as despesas de começo de ano que estão por vir, como o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), e materiais escolares. Reservar uma fatia do 13º para essas contas ajuda a enfrentar janeiro e fevereiro sem estresse, além de evitar a necessidade de parcelamentos que, ao longo dos meses, podem pesar no orçamento.
QUE TAL UM MIMO?
Mas, é claro, os especialistas dizem que ninguém precisa ser 100% rígido e racional. Afinal, o 13º também é uma chance de permitir pequenos prazeres. Que tal separar uma parte para aproveitar? Seja para um jantar especial, um presente para si ou uma viagem curta, tanto Gouveia quanto Almeida afirmam que é possível conciliar responsabilidade financeira com momentos de bem-estar. Afinal, o equilíbrio é a chave para um uso do dinheiro que, além de inteligente, também traz satisfação.
É o que pretende fazer a consultora de moda Mariana Gama, de 35 anos. Sempre cuidadosa com suas finanças, no último ano ela se viu afundada em dívidas de cartão de crédito e cheque especial, aquelas que crescem rapidamente e viram uma bola de neve. Agora, com o 13º salário, ela sente que tem a oportunidade de se livrar do que chama de “pesadelo”.
Mas, além de resolver esse problema imediato, Mariana também tem planos de tirar parte do benefício para se presentear. “Como vou entrar em férias, parte do dinheiro vai para uma viagem que estou planejando com um grupo de amigos. Amadureci a ideia de finanças pessoais e agora entendo que é preciso ter responsabilidade com as contas, mas também é importante investir em momentos que trazem felicidade”.