Aprenda a espantar ou a lidar com a tristeza do fim de ano
Nesta época, é normal ser tomado por uma melancolia; especialista explica a razão, como lidar com esse sentimento e ter mais leveza
Enquanto a maioria vê dezembro como o melhor dos meses - com planos de viagem para a folga no trabalho, confraternizações com os amigos e com a família -, há quem se sinta mal com a proximidade do fim de ano.
A época traz certa melancolia, como se o que está por vir fosse trazer um grande sofrimento. São cobranças pessoais quanto ao que deixou de ser feito, a tensão antes dos encontros sociais, uma sensação de derrota e cansaço. A boa notícia é que dá para lidar com esses sentimentos, virar o jogo e terminar 2024 de uma maneira mais leve.
A sensação de prostração é mais comum do que se imagina. A American Psychological Association (APA) divulgou em 2023 que, apesar de os americanos adultos se sentirem alegres no fim de ano, também se acham sobrecarregados. Quase nove em cada dez (89%) dizem que preocupações como não ter dinheiro suficiente, sentir falta de entes queridos e antecipar conflitos familiares causam estresse.
Ainda segundo a associação americana, embora quase metade dos adultos dos EUA (49%) descreva seus níveis de estresse durante a temporada de festas naquele país, entre novembro e janeiro, como "moderados", cerca de dois em cada cinco (41%) disseram que o estresse aumenta durante o período em comparação com outras épocas do ano.
Embora o estresse pareça ser comum nesta época do ano, 43% disseram que essa sensação nas festas interfere na capacidade de aproveitá-las e 36% afirmaram que os encontros parecem uma "competição".
SEM COBRANÇA, COM LEVEZA
Saber que a sensação que pode combinar tristeza, estresse e cansaço é comum nesta época do ano já é um alívio para quem acredita estar sozinho ao lidar com esses sentimentos. Mas há outras formas de atravessar as próximas semanas com leveza, como ensina Larissa Fonseca, psicóloga clínica.
No fim do ano, segundo a especialista, o excesso de tarefas serve para aumentar o nível de estresse. "Quando chega o mês de novembro, nos damos conta que o ano acabou. De todas as metas, as perspectivas traçadas muitas vezes em excesso, parte não é concluída. Para alguns, prevalece a visão de copo vazio, ou seja, se valoriza o que não foi feito", analisa a psicóloga.
Ainda segundo Larissa, é comum a quem se sente frustrado ter dificuldade em lidar com suas limitações e necessidades. Há situações que demandam uma aceitação – às vezes é preciso fazer escolhas e abrir mão de alguns planos em detrimento de outros. Por exemplo, ao se decidir por um objetivo profissional ou educacional e ter de abrir parte do tempo com a família - ou seja, as escolhas que preenchem lacunas por um lado podem causar frustração por outro.
Além da sobrecarga profissional e pessoal, muitos sofrem com a pressão das redes sociais. Nesta época, se multiplicam as postagens em clima de confraternização e um aparente alto-astral. "A pessoa vê tanta felicidade ao redor e acha que a só ela não conseguiu realizar seus sonhos. Isso tudo deve servir, segundo a psicóloga, como uma combustível para um período de balanço emocional.
Mas, além de saber como lidar com as cobranças profissionais e sociais, é preciso encarar os encontros familiares no Natal e no Réveillon sem que o momento gere incômodo. Larissa lembra a ocasião pede clareza emocional sobre a profundidade das relações - às vezes, são pessoas que, apesar do parentesco, não se tem convívio ou intimidade.
"É fato que costumamos ficar mais sensíveis nesta época. Nosso contato emocional aumenta e pode despertar um aspecto indesejado, que não faz bem. Às vezes, a melhor forma de tratar essas relações é com objetividade quando há uma dor é como se fosse um evento social, sem assuntos polêmicos que possam tensionar o momento. Não fique tempo demais, tome cuidado com a quantidade de álcool que vai consumir e se organize com as outras pessoas sobre os detalhes da confraternização para não ficar sobrecarregado", sugere a especialista.
Veja 4 dicas que vão ajudar você a terminar o ano com mais leveza:
- Se esforce para ver os aspectos positivos da sua história ao longo do ano.
- Em vez de se fixar apenas no que deixou de ser feito, faça uma lista das conquistas. Ela vai ajudar no planejamento do próximo ano.
- Evite se sobrecarregar no fim do ano, com excesso de atividades profissionais, encontros com amigo e família.
- Nas confraternizações familiares, evite conflitos e assuntos polêmicos. Quando há alguma dor, algum incômodo emocional, é melhor manter um comportamento mais distante, uma postura profissional.
Fonte: Larissa Fonseca, psicóloga clínica
Além de todos esses cuidados, segundo a psicóloga, vale a pena olhar para os próximos dias do calendário não como um ciclo que precisa terminar sem pendências. Como lembra Larissa, "não é preciso chegar no dia 31 de dezembro achando que tem de virar a vida. É apenas a virada do ano."