Black Friday tem explosão de golpes: 73% dos brasileiros já foram vítimas

Brasil registrou 553 milhões de ataques de phishing em um ano; segundo empresa de segurança, criminosos usam descontos falsos para roubar dados e dinheiro dos consumidores

Black Friday tem explosão de golpes: 73% dos brasileiros já caíram em phishing
Eoneren via Getty Images

Paula Pacheco 4 minutos de leitura

As semanas que antecedem a Black Friday, que neste ano será no dia 28 - última sexta-feira de novembro -, causam um frisson crescente entre os consumidores, bombardeados por anúncios com promessas de descontos. Aproveitar as promoções para antecipar as compras de Natal e ter um desembolso menor pode ser uma boa decisão para as finanças.

Mas, além de estar de olho no orçamento para não fazer compras desnecessárias ou gastar além do que cabe nas contas, é preciso estar atenção a outro ponto: a segurança. Os golpistas aproveitam o aumento do interesse dos consumidores por promoções de produtos e serviços para fisgar os menos cuidadosos.

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Dados da Kaspersky, empresa global de segurança digital e privacidade, mostram que, em apenas um ano, o Brasil registrou 553 milhões de ataques de phishing. Isso dá uma média diária de cerca de 1,5 milhão de ataques.

Os criminosos estão atrás de dados pessoais, informações bancárias e o dinheiro de vítimas. Segundo a Kaspersky, 31% dos consumidores do Brasil perderam entre US$ 100 e US$ 500 em fraudes ao fazer compras online.

COMO OS GOLPISTAS SE APROXIMAM

As formas de abordagem das potenciais vítimas são variadas. Começam, por exemplo, com ofertas e notificações falsas, daquele tipo que promete descontos "imperdíveis". Uma boa parte dos golpes vem das redes sociais. São publicações, anúncios ou perfis que se passam por lojas reconhecidas ou então pequenos negócios com "descontos exclusivos", lista a empresa de segurança digital.

Há ainda a aproximação feita por meio de mensagens, e-mails ou telefonemas. "Além de oferecer promoções, alertam para 'problemas com seu pedido' ou 'falhas de pagamento' para provocar uma reação imediata", explica a consultoria. Um de seus estudos mostra que 50% dos brasileiros já foram vítimas de fraudes que se aproveitam dessas portas de entrada.

As abordagens são tão bem arquitetadas que 73% dos brasileiros admitem não saber reconhecer um site falso e admitem já ter caído em um golpe. É neste momento, segundo a consultoria de segurança, que o golpe começa a criar problemas de fato, com o roubo de dados e de dinheiro.

Leia mais: Fique atento: 8 sinais de golpes digitais que podem atingir qualquer pessoa: Black Friday tem explosão de golpes: 73% dos brasileiros já foram vítimas

O consumidor dá de cara com processos de pagamento que parecem ser legítimos. No entanto, os dados pessoais compartilhados (como nome, e-mail, telefone ou informações bancárias), em vez de irem para um sistema seguro, vão para os golpistas. Essas informações possibilitam, por exemplo, que seja feita a clonagem de cartões e cobranças não autorizadas.

Os golpistas podem ainda se passar por vítimas ou vender os dados usurpados na darkweb. No Brasil, 38% dos consumidores declararam já terem sido vítimas de fraudes em contas bancárias ou cartões, segundo a Kaspersky.

Mas como é possível abordar tantas pessoas ao mesmo tempo? "O phishing se destaca por ser um modelo de ataque massivo, automatizado e de baixo custo, o que o torna uma ferramenta muito lucrativa para os criminosos, especialmente em momentos como a Black Friday. Com um único envio, eles podem alcançar milhares de usuários e adaptar o golpe para diferentes plataformas. Todo descuido pode resultar em perdas econômicas e menos confiança no comércio digital", explica Fabiano Tricarico, diretor geral de produtos de consumo da Kaspersky para Américas.

COMO SE PROTEGER

Quem quiser aumentar seus filtros de segurança, principalmente nesta época do ano, e reduzir as chances de ser vítimas de um golpe, pode seguir estas três dicas da Kaspersky. Veja o que fazer:

1. Filtre ofertas falsas antes de clicar. Lembre-se que nem tudo que chegar até você será um desconto de verdade. por isso, desconfie de mensagens ou anúncios que prometem promoções "imperdíveis", atraentes além do que parece razoável, ou fazem uma abordagem que leva você a se sentir pressionado a fechar a compra na hora, sem ter muito tempo para analisar. Antes de pagar, confira:

    * A página tem um cadeado na barra de endereço e começa com https;

    * Nas redes sociais, cheque se o vendedor realmente existe: conta verificada, comentários autênticos e datas consistentes.

    Se algo parecer suspeito, a recomendação é ignorar a "oferta" e buscar a loja oficial.

    2. Proteja seus dados pessoais e bancários. Suas informações devem receber uma atenção parecida com que a que você costuma ter com a sua carteira física. Portanto, não as deixe à disposição em qualquer lugar.

    * Evite inserir dados financeiros em aplicativos ou sites suspeitos;

    * Use cartões digitais com códigos de segurança dinâmicos (eles mudam a cada compra);

    * Nunca compartilhe senhas ou dados bancários por e-mail, mensagem ou ligação, mesmo que pareçam ser da loja, do seu banco ou do serviço de encomendas;

    * Ative o alerta de compras para receber notificações imediatas se alguém tentar usar seus cartões sem autorização.

    3. Compre de um dispositivo protegido. Hoje, a maioria das compras são feitas pelo celular e será o carrinho com o qual passaremos pelas lojas, por isso precisa de proteção. Há soluções de segurança como os que identificam links de phishing, bloqueiam sites falsos e protegem seus pagamentos online. É necessário que os dispositivos e aplicativos estejam sempre atualizados para reduzir a chance de vulnerabilidade. Lembre-se de evitar o uso de redes públicas na hora de fazer compras on-line.

    * Mantenha seus dispositivos e aplicativos atualizados para evitar vulnerabilidades;

    * Evite usar redes públicas, principalmente ao fazer compras online.


    SOBRE A AUTORA

    Paula Pacheco é jornalista old school, mas com um pé nos novos temas que afetam, além do bolso, a sociedade, como a saúde do planeta. saiba mais