Cada vez mais cedo: Halloween começa em setembro e diz muito sobre o novo consumo
A data virou uma temporada que invade setembro e revela como o comportamento do consumidor e o marketing estão redesenhando o calendário das festas

O Halloween é uma época divertida e assustadora para crianças e adultos — mas por que a data festiva parece começar tão mais cedo a cada ano não apenas nos EUA, onde a comemoração é amplamente difundida, mas em outros países, inclusive no Brasil?
Décadas atrás, quando eu era jovem, o Halloween era um evento bem menor. As pessoas só começavam a se preparar em meados de outubro. Hoje, no meu bairro, perto de onde cresci em Massachusetts, as decorações de Halloween começam a aparecer no meio do verão.
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O que mudou não é apenas quando comemoramos, mas como: o Halloween evoluiu de uma simples tradição popular para um grande evento comercial. Como professor de administração que estuda a economia dos feriados há anos, estou impressionado com o crescimento do Halloween. E entender por que ele é um negócio tão grande pode ajudar a explicar por que está se espalhando cada vez mais cedo.
O NEGÓCIO DO HALLOWEEN
As raízes do Halloween estão em um feriado celta em homenagem aos mortos, posteriormente adaptado pela Igreja Católica como um momento para lembrar os santos. Hoje, é em grande parte uma celebração secular – que dá a pessoas de todas as origens a oportunidade de se fantasiar, se envolver em fantasias e enfrentar seus medos com segurança.
Esse amplo apelo impulsionou um crescimento explosivo. A Federação Nacional do Varejo dos EUA realiza pesquisas com os americanos sobre seus planos para o Halloween todo mês de setembro desde 2005. Naquela época, pouco mais da metade dos americanos afirmava que planejava comemorar. Em 2025, quase três quartos disseram que sim – um salto enorme em 20 anos.
E as pessoas estão planejando gastar mais dinheiro do que nunca. O gasto total com o Halloween deve atingir o recorde de US$ 13 bilhões este ano, de acordo com a federação – um aumento de quase quatro vezes nas últimas duas décadas. Ajustando a inflação e o crescimento populacional, descobri que o americano médio gastará cerca de US$ 38 no Halloween este ano – acima dos apenas US$ 18 por pessoa em 2005. Isso é muito milho doce.
IMPACTO ATÉ NOS DOCES
As importações de doces mostram uma tendência semelhante. Setembro tem sido, há muito tempo, o mês-chave para o comércio de doces, com importações cerca de um quinto maiores do que no restante do ano. Em setembro de 2005, os EUA importaram cerca de US$ 250 milhões em doces. Em setembro de 2024, esse valor triplicou para cerca de US$ 750 milhões.
Leia mais: Câmbio: dicas para facilitar sua vida na hora de gastar no exterior: Cada vez mais cedo: Halloween começa em setembro e diz muito sobre o novo consumoIsso faz parte de uma tendência maior de profissionalização do Halloween. Por exemplo, quando eu era criança, não era incomum que as famílias distribuíssem brownies, maçãs cristalizadas e outras guloseimas caseiras para as crianças que pediam doces. Mas, devido a preocupações com a segurança e alergias alimentares, durante décadas, os americanos foram alertados para se limitarem a doces produzidos em massa e embalados individualmente.
A mesma mudança aconteceu com as fantasias. Anos atrás, muitas pessoas faziam as suas própria indumentárias. Hoje, as fantasias compradas em lojas dominam — até mesmo para animais de estimação.
POR QUE O HALLOWEEN É CADA VEZ MAIS CEDO
Embora não haja pesquisas definitivas que estabeleçam por que o Halloween parece começar mais cedo a cada ano, o aumento nos gastos é um dos principais motivadores.
Os itens de Halloween são sazonais, o que significa que ninguém quer comprar esqueletos gigantes de plástico no dia 1º de novembro. À medida que os gastos totais aumentam, os varejistas encomendam mais estoque. O custo de armazenar quantidades cada vez maiores de itens não vendidos até o ano seguinte se torna uma consideração mais importante.
Quando a presença comercial de uma temporada se torna grande o suficiente, os varejistas começam a encomendar e expor mercadorias muito antes de serem realmente necessárias. Por exemplo, casacos de inverno começam a aparecer nas lojas no início do outono e geralmente desaparecem quando a neve começa a cair. O mesmo acontece com o Halloween: os varejistas colocam as mercadorias à venda com antecedência para garantir que não fiquem presos a produtos não vendidos após o término da temporada.
Os varejistas também costumam definir preços estrategicamente. Eles cobram o preço integral quando os itens chegam às prateleiras, atraindo compradores ansiosos e, em seguida, reduzen os preços mais perto do feriado. Isso limpa as prateleiras e os armazéns, abrindo espaço para a próxima temporada de compras.
Nas últimas duas décadas, o Halloween se tornou um feriado comercial cada vez mais importante. O aumento no número de pessoas que aproveitam o feriado e o crescimento dos gastos fizeram com que o Halloween se tornasse uma grande festa para as empresas. O grande truque para os varejistas é evitar que esse feriado comece antes do 4 de julho.