CDB: por que este é um dos investimentos preferidos dos brasileiros?

Juros altos são uma das razões para a preferência pelo ativo entre investidores com diferentes perfis de renda; segurança, rentabilidade e acessibilidade também incentivam o interesse

Montanha de moedas com um homem no topo, representando a conquista de dinheiro
DNY59 via Getty Images

Márcia Rodrigues 5 minutos de leitura

Os juros altos não são a única explicação para que o CDB continue como um dos ativos mais procurados por investidores. Os Certificados de Depósito Bancário têm outras características atraentes para quem busca alternativas. Entre elas, a segurança, rentabilidade e acessibilidade. Mas os especialista apontam outros pontos favoráveis.

SEGURANÇA, RENTABILIDADE E SIMPLICIDADE

Emitidos por bancos como forma de captação de recursos, o Certificado de Depósito Bancário permite que o investidor "empreste" dinheiro à instituição financeira em troca de uma remuneração que pode ser prefixada, pós-fixada (geralmente atrelada ao CDI) ou híbrida (como CDI + taxa fixa ou IPCA + taxa fixa).

Mas por que, mesmo com um leque cada vez mais variado de produtos financeiros, o CDB permanece tão presente nas carteiras dos brasileiros?

A resposta é simples. O CDB conquista o investidor por unir três atributos essenciais:

1 - Segurança, garantida pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil por CPF e instituição;

2 - Liquidez, com opções de resgate diário; e

3 - Rentabilidade geralmente superior à da poupança, segundo Raul Grego, portfólio manager do Trix. Além disso, é um produto acessível, com aplicações a partir de R$ 1 e com uma variedade de prazos e condições.

Para Pedro Ros, CEO da Referência Capital, o CDB se popularizou por oferecer “um bom equilíbrio entre segurança, simplicidade e rentabilidade”. A facilidade de entendimento do produto é apontada como um ponto-chave na atração de investidores iniciantes, especialmente aqueles que vêm da poupança em busca de melhor desempenho, mas ainda não estão prontos para correr grandes riscos.

DIFERENÇA ENTRE CDB, TESOURO, LCI E LCA

O que diferencia o CDB de outros ativos de renda fixa é a rentabilidade e a mecânica de funcionamento. O Tesouro Direto é emitido pelo governo, o CDB por bancos.

Enquanto o Tesouro pode oscilar com o mercado, o CDB normalmente mantém o rendimento acordado até o vencimento. Já LCIs e LCAs são isentas de IR, mas geralmente oferecem rentabilidades menores que os CDBs, especialmente em bancos médios.

As Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio são títulos de renda fixa título emitido por instituições financeiras.

JUROS ALTOS E MATURIDADE DO INVESTIDOR

Embora o cenário de juros elevados tenha contribuído para o crescimento na procura por CDBs em 2024, há outros fatores relevantes. Raul Grego aponta também as incertezas fiscais e da política monetária, que empurraram investidores em busca de ativos mais estáveis.

Já Pedro Ros destaca outro fenômeno: a maturidade do investidor brasileiro, que passou a compreender melhor a relação entre risco e retorno. Assim, percebeu que é possível ganhar mais quando assume riscos controlados.

A digitalização das plataformas e o avanço dos bancos médios e fintechs também tornaram o CDB mais acessível e atrativo, de acordo com Ros. “Hoje, qualquer pessoa pode aplicar com poucos cliques e conseguir rendimentos acima de 110% do CDI, algo impensável anos atrás”, lembra.

O PAPEL DO CDB NA CARTEIRA

A alta atratividade também se deve à entrada de novos emissores, como bancos médios e instituições digitais. Para Ros, essa diversificação trouxe taxas mais agressivas, o que beneficia diretamente o investidor, desde que a aplicação esteja dentro da cobertura do FGC.

Grego reforça que, ao escolher um CDB, é essencial verificar o rating de crédito da instituição emissora, priorizando instituições conhecidas e sólidas.

Segundo os especialistas, praticamente todo investidor pode ter CDBs na carteira, desde o conservador até o arrojado — com funções distintas em cada caso.

O investidor conservador tende a manter boa parte do patrimônio em CDBs com liquidez diária, podendo chegar a 70% da carteira, segundo Ros. Para perfis moderados, a alocação recomendada gira entre 30% e 50%, já contemplando prazos maiores. Os arrojados usam o CDB de forma pontual, geralmente como reserva de caixa, com alocações entre 10% e 20%.

Para iniciantes, é também um excelente ponto de partida. “Ajuda a entender conceitos como liquidez, prazo e tributação, com segurança e retorno consistente”, afirma Ros.

Grego sugere que iniciantes podem alocar de 40% a 70% da carteira em CDBs, começando por opções com liquidez diária e com investimento mínimo baixo. “Na Trix, temos carteiras para iniciantes com aplicações a partir de R$ 1,00 e projeção de rentabilidade acima de 1% ao mês”, destaca.

O QUE OBSERVAR ANTES DE INVESTIR EM CDB

Os dois especialistas reforçam alguns critérios fundamentais ao escolher um CDB. Veja quais são:

1 - Rentabilidade (especialmente em relação ao CDI);

2 - Prazo de vencimento;

3 - Liquidez antecipada;

4 - Risco de crédito do banco emissor; e

5 - Cobertura do FGC (respeitando os limites por CPF e por instituição).

IMPOSTO DE RENDA E OUTROS CUIDADOS

Ao contrário de LCIs e LCAs, os CDBs não são isentos de Imposto de Renda. A tributação segue a tabela regressiva:

  • Até 180 dias: 22,5%
  • De 181 a 360 dias: 20%
  • De 361 a 720 dias: 17,5%
  • Acima de 720 dias: 15%

Além disso, aplicações resgatadas antes de 30 dias sofrem incidência de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), um fator muitas vezes esquecido. “É fundamental planejar o prazo do investimento para minimizar a tributação”, alerta Grego.

FGC: SEGRANÇA COM LIMITES

O Fundo Garantidor de Créditos protege aplicações em CDBs até R$ 250 mil por CPF por instituição financeira, incluindo rendimentos. Existe ainda um limite global de R$ 1 milhão por CPF a cada quatro anos.

Por isso, recomenda-se diversificar entre bancos diferentes, especialmente para quem pretende investir valores maiores. “Mesmo com FGC, concentrar tudo num banco só não é prudente”, aponta Ros.

CDB É IGUAL? NEM SEMPRE

Um dos maiores riscos do ativo está na falsa percepção de que todos os CDBs são iguais. “Muitos investidores ignoram o prazo e acabam resgatando antes da hora, perdendo rendimento”, alerta Ros.

Outro ponto é o spread do produto: rentabilidades muito atrativas podem esconder custos ou taxas pouco transparentes.

O CDB pode ser um excelente instrumento de diversificação e construção de patrimônio, mas precisa ser usado com consciência e estratégia, segundo os especialistas.

Como qualquer ativo, traz riscos e requer atenção a detalhes como prazo, liquidez, emissor e tributação. Por isso, a recomendação é: diversificação para não depender exclusivamente de um só tipo de investimento


SOBRE A AUTORA

Márcia Rodrigues é jornalista especializada em economia e empreendedorismo. Vegetariana e apaixonada pela defesa de causas sociais, am... saiba mais