Esqueça o chocolate! O mundo agora inveja a taxa de juros da Suíça

Sem a ameaça da alta da inflação, o banco central suíço recentemente zerou a taxa; a expectativa agora é de que o índice seja negativo 

Banco Central da Suiça anuncia taxa de juros a 0% ao ano e pode chegar ao juro negativo
Oleksandr Ryzhkov via Freepik

Sam Becker 2 minutos de leitura

O mundo inveja o chocolate suíço, os canivetes e agora… as taxas de juros? Sim, este é o clima depois de o Banco Nacional Suíço (SNB), o banco central da Suíça, reduzir as taxas de juros para zero no último dia 19. Trata-se de uma redução de 25 pontos-base e uma notável desvalorização em relação a outros bancos centrais ao redor do mundo, como o Federal Reserve (o Fed, o banco central americano) e o Banco da Inglaterra no Reino Unido.

INFLAÇÃO EM QUEDA

Em um comunicado, o Banco Nacional Suíço afirmou que a medida foi tomada em relação às preocupações com a inflação em declínio — e que espera que as economias se curvem diante da volatilidade criada, em parte, pelas políticas comerciais do governo Trump.

TENSÕES COMERCIAIS INFLUENCIAM

“Com a flexibilização da política monetária de hoje, o SNB está combatendo a menor pressão inflacionária. O SNB continuará monitorando a situação de perto e ajustando sua política monetária, se necessário, para garantir que a inflação permaneça dentro da faixa consistente com a estabilidade de preços no médio prazo”, diz o comunicado.

“A perspectiva econômica global para os próximos trimestres se deteriorou devido ao aumento das tensões comerciais. Em seu cenário base, o Banco Nacional Suíço (BNS) prevê que o crescimento da economia global enfraquecerá nos próximos trimestres. A inflação nos EUA provavelmente aumentará nos próximos trimestres. Na Europa, por outro lado, espera-se uma nova redução na pressão inflacionária.”

ENQUANTO ISSO...

Enquanto isso, nos EUA, a última reunião do Federal Reserve (Fed) encerrou esta semana sem nenhuma alteração nas taxas de juros, apesar da pressão da Casa Branca e de outros países para reduzi-las.

O presidente do Fed, Jerome Powell, e outros diretores do Fed têm relutado em fazê-lo, já que os dados de inflação ainda não se aproximaram o suficiente da meta de 2% e os dados de emprego permaneceram positivos.

No Brasil, o movimento mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom) foi de alta da taxa básica de juros (Selic). A elevação foi de 0,25 pontos percentuais, passando de 14,75% ao ano para 15%.

Na ata publicada na última semana, o Copom deixou claro que, com expectativas de inflação acima da meta, pressionada por demanda alta, a previsão é de um “período prolongado” da taxa básica de juros (Selic) a 15% ao ano.

Do outro lado do Atlântico, no entanto, outro país europeu, a Noruega, também cortou as taxas esta semana. E alguns especialistas acreditam que a Suíça poderia ir ainda mais longe, instituindo taxas de juros negativas em algum momento deste ano.

TAXA DE JURO NEGATIVA? SIM, É POSSÍVEL

“Há riscos de que o BNS vá mais longe no futuro se as pressões inflacionárias não começarem a aumentar, e o menor nível que a taxa básica de juros pode atingir é -0,75%, a taxa que atingiu na década de 2010”, disse recentemente o presidente do Banco Nacional Suíço, Martin Schlegel, à emissora CNBC.

“Mas o que posso dizer é que, se a inflação ficar negativa, não tomaremos essa decisão levianamente.” (Com Fast Company Brasil)


SOBRE O AUTOR

Sam Becker é escritor e jornalista freelancer que mora perto da cidade de Nova York. Ele é natural do noroeste do Pacífico, se formou ... saiba mais