EUA suspendem tarifa de 40% sobre café, carnes e outros produtos brasileiros

A ordem de Donald Trump, retroativa a 13 de novembro, dá um alívio aos exportadores brasileiros, especialmente aos que têm grande dependência do mercado americano

Exportações brasileiras sob ameaça com a possibilidade de taxação de 50% dos EUA
Iskandar Zulkarnaen via Getty images

Paula Pacheco 2 minutos de leitura

As relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, estremecidas nos últimos meses, ganharam um capítulo importante nesta quinta-feira (20). O presidente americano, Donald Trump, anunciou a retirada da tarifa de importação de 40% sobre uma série de itens da pauta brasileira destinada à maior economia do mundo, em vigor desde 6 de agosto. Entre os produtos na lista do republicano estão café, carne bovina, chá, frutas tropicais e sucos de frutas, cacau e especiarias, banana, laranja e tomate.

A ordem executiva publicada pela Presidência dos EUA informa que a decisão foi tomada após conversa por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "durante a qual concordamos em iniciar negociações para abordar as questões identificadas no Decreto Executivo 14.323". A publicação ressalta que as conversas seguem.

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De acordo com as recomendações recebidas pelo presidente americano, "certas importações agrícolas do Brasil não deveriam mais estar sujeitas à alíquota adicional de 40% imposta pelo Decreto Executivo 14.323, porque, entre outras considerações relevantes, houve progresso inicial nas negociações com o Governo do Brasil", detalha a publicação oficial.

"Especificamente, determinei que certos produtos agrícolas não estarão sujeitos à alíquota adicional de imposto ad valorem imposta pelo Decreto Executivo 14.323", informa o texto. No entendimento de Trump, ainda de acordo com o documento, "essas modificações são necessárias e apropriadas para lidar com a emergência nacional declarada no Decreto Executivo 14.323". No documento, o governo americano traz a lista de produtos que ficam livres da alíquota de 40%".

AS EXPORTAÇÕES NA PRÁTICA

Na prática, o texto diz que os produtos antes sujeitos à sobretaxa de 40% voltam aos níveis tarifários anteriores e os produtos que estavam sujeitos à sobretaxa de 10%, como no caso do café, retoma a tarifa regular de antes das medidas anunciadas pelo presidente dos EUA.

A ordem executiva de Trump é retroativa ao dia 13. Nessa data, o chanceler Mauro Vieira se reuniu com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, para avançar nas negociações sobre o tarifaço.

Em vídeo postado nas redes sociais depois do anúncio americano, gravado ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, Lula avaliou que a decisão, ainda que não valha para todos os produtos sobretaxados, é um sinal significativo.

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"Não é tudo o que eu quero, não é tudo que o Brasil precisa, mas é uma coisa importante. O presidente Trump acaba de anunciar que vai começar a reduzir vários produtos brasileiros que foram taxados em 40%. Isso é um resultado muito importante", disse Lula, que espera um novo encontro com Trump, nos EUA ou em solo brasileiro.

"Ele [Trump] está convidado para vir no Brasil quando ele quiser, e eu espero ser convidado para ir a Washington para zerar qualquer celeuma comercial, política, entre Brasil e EUA", disse o presidente. No entanto, Lula espera seguir com as negociações. "Vou lhe agradecer só parcialmente, porque e vou lhe agradecer totalmente quando tudo estiver totalmente acordado entre nós".


SOBRE A AUTORA

Paula Pacheco é jornalista old school, mas com um pé nos novos temas que afetam, além do bolso, a sociedade, como a saúde do planeta. saiba mais