Labubu é proibido de virar brinde de banco chinês
O monstrinho foi usado como chamariz por instituição financeira para aumentar o número de depósitos dos clientes, mas agente regulador barrou iniciativa, considerada "inadequada"
O monstrinho Labubu, pelúcia fabricada pela Pop Mart, cobiçado por fãs de uma lista de países, foi banido de uma ação de marketing de um banco chinês. O Ping An Bank vinha oferecendo as caixas-surpresa com o boneco para clientes que fizessem depósitos na instituição financeira.
A campanha do banco previa que clientes que depositassem mais de CNY 50.000 (US$ 6.960) por pelo menos três meses poderiam receber uma caixa surpresa Labubu 3.0. Ou ainda, ganhariam um pacote de presente, de acordo com a equipe de atendimento ao cliente do Ping An Bank. A informação foi divulgada pela agência Bloomberg.
NADA DE PRESENTINHOS PARA CLIENTES
A oferta de presentes físicos para atrair depositantes é uma estratégia costumeira na China. Nos últimos anos, no entanto, os reguladores chineses proibiram os credores de atrair clientes oferecendo altas taxas de juros como retorno e outras práticas de concorrência desleal.
O órgão regulador bancário de Zhejiang (província no leste chinês) pediu a suspensão imediata de quaisquer produtos envolvidos em práticas “não conformes” de captação de depósitos. Além disso, determinou a remoção dos materiais promocionais, segundo fontes ouvidas pela agência.
Ainda não se sabe se outras divisões locais do órgão regulador emitiram orientações semelhantes, informou a reportagem da Bloomberg.
DE OLHO NO MARKETING
De acordo com a regulamentação atual do agente regulador chinês, os bancos não devem adotar táticas de marketing impróprias. Por exemplo, oferecer presentes, para atrair depositantes, afirmou Dong Ximiao, pesquisador-chefe da Merchants Union Consumer Finance, ao site Yicai.
Ximiao explicou que os bancos chineses devem se concentrar em melhorar a qualidade dos produtos e a experiência do serviço para atrair e reter clientes, em vez de depender de presentes, subsídios de juros e outras táticas.
O China Merchants Bank também passou a oferecer recentemente presentes físicos, como pequenos eletrodomésticos e cartões de fidelidade de supermercado, a novos clientes. Outras instituições financeiras, como o Shanghai Pudong Development Bank, o Bank of Nanjing e o China Zheshang Bank, lançaram ações semelhantes, como presentes ou pontos para depósitos.
Ainda segundo o Yicai, de acordo com fontes do setor bancário, oferecer presentes físicos aos clientes pode atender às suas necessidades materiais. Ao alavancar franquias populares de propriedade intelectual, têm potencial para atrair grupos específicos de clientes, como os jovens. Além disso, tais campanhas facilmente despertam atenção e discussão nas mídias sociais, ampliando ainda mais o alcance e o impacto da promoção, afirmaram.
DE CARONA NA FAMA DO LABUBU
No caso dos bonecos Labubu, a estratégia de “surfar” no sucesso dos personagens nas redes sociais faz sentido. O personagem é cobiçado por consumidores em diferentes mercados graças. O sucesso, em parte, tem a ver com os vídeos e fotos de celebridades. Entre elas, Rihanna, Dua Lipa e Lisa, desfilando com os chaveiros do Labubu pendurados nas bolsas de marcas de luxo.
Segundo a divulgação mais recente de resultados, a Pop Mart já ultrapassou as 500 lojas e quase 2.500 vending machines em diferentes países. A estrutura de venda, que inclui plataformas de e-commerce, possibilitou os produtos chegassem a quase 100 países.
A receita da Pop Mart mais que dobrou em 2024 e chegou a 13 bilhões de yuans (cerca de US$ 1,8 bilhão), uma alta de 106,9%. O lucro líquido ajustado aumentou quase 186% em relação ao ano anterior, para 3,4 bilhões de yuans (US$ 472 milhões, aproximadamente). As vendas em Hong Kong, Macau e Taiwan, juntamente com os mercados internacionais, aumentaram 375%, atingindo quase 5,1 bilhões de yuans. A parte mais expressiva da receita veio de quatro linhas: THE MONSTERS (da qual faz parte o labubu), MOLLY, SKULLPANDA, e CRYBABY.
"É apenas uma solução para um problema que já deveria ter sido resolvido há muito tempo", disse Kristina.
CAMPANHAS VÃO ALÉM DO LABUBU
Os bancos têm lançado campanhas de depósito com frequência recentemente, principalmente para reter clientes, afirmou Su Xiaorui, pesquisador sênior da Suxizhiyan Research ao Yicai.
Impulsionados por uma sensação de crise, com as taxas de depósito em queda constante e grandes somas sendo destinadas para outros produtos financeiros que sinalizam com rendimentos mais elevados, os bancos precisam usar como estratégia as promoções para atrair e reter clientes. Segundo Su, o objetivo é estabilizar suas fontes de financiamento, apontou. Resta saber qual vai ser a estratégia da vez com a exclusão do Labubu.
