Labubu, o monstrinho que é sucesso mundial e faz a alegria de fãs e investidores
Vendas do boneco refletiram no valor das ações da dona da marca; famosos, como Lisa, Rihanna e Dua Lipa, ajudam na popularização

A CNN americana definiu sua aparência como a do personagem gremlin. Mas eles também são chamados de monstrinhos ou simplesmente de bichinhos de pelúcia. O nome oficial é labubu.
O PAI DO LABUBU
O labubu foi criado há dez anos pelo artista Kasing Lung, nascido em Hong Kong e baseado na Bélgica. Originalmente era personagem de livros como “A história de Puca". Mas o elfo nórdico, pequeno, com olhos brilhantes e dentes projetados e afiados, exibidos por um sorriso levado, ganhou independência e se tornou sucesso como toy art entre adultos e crianças de diferentes partes do planeta.
Pela definição da fabricante chinesa dos bonecos, a Pop Mart, conhecida pelos brinquedos colecionáveis e que fez o lançamento das pelúcias em 2008, labubu vive na floresta e pertence a um grupo com cerca de 100 elfos. Tem entre suas características a excentricidade, a curiosidade, o otimismo, a bondade e o gosto por brincadeiras. Labubus podem ser tão antigos que, segundo a história por trás do personagem, seria de um período anterior à Era Jurássica.
LABUBU, ESCASSO E CARO
A Pop Mart, no entanto, os transformou na coleção The Monsters, que inclui, além das pelúcias, acessórios e itens feitos em parceria com outras marcas, com edições exclusivas.
Ok, a história é legal, mas não explicaria sozinha a febre em torno do bonequinho. O fato é que o labubu faz sucesso entre crianças e adultos, a ponto de as pessoas formarem longas filas em frente às lojas à espera da reposição dos estoques.
Os “ugly-cuties”, ou os feios bonitinhos, vêm nas “blind boxes”, como são chamadas as caixas-surpresa que só revelam o personagem depois que o saquinho é aberto. A estratégia – como a dos brinquedinhos do ovo Kinder, ajuda a impulsionar ainda mais as vendas para quem gosta de colecionáveis.
Os preços no site oficial vão de US$ 9 um imã de geladeira a US$ 1.259,90 (o equivalente a R$ 7.126,6244, na cotação de 21/05/2025, segundo o site do Banco Central). O modelo Mega Labubu 1.000% Tony Tony Chopper, edição especial, vem com um sensor para ser acionado pelo smartphone, via NFC, que permite autenticar o boneco junto ao fabricante.
RIHANNA, LISA, DUA LIPA E LAFUFU
Claro que, na esteira da explosão das vendas da Pop Mart vieram as falsificações. Uma busca rápida nos principais marketplaces do Brasil traz diferentes versões e preços – alguns com um acabamento mais caprichado, enquanto outros são toscos, com a pelúcia marcada pela aparência amarrotada, pinturas descascadas e costuras desencontradas. Ganharam o apelido internacional de lafufus (que, no Brasil, seria junção de labubu com fubanga, palavra que define algo considerado brega, mas também é usada para definir uma estética do empoderamento feminino).
Blogueirinha, personagem criada pelo ator Bruno Matos, foi uma das vítimas da falta de qualidade dos lafufus e já produziu alguns conteúdos sobre sua relação com os monstrinhos, segundo ela, cobiçados pelas “it girls”.
Lisa, atriz e cantora do grupo de K-pop Blackpink, é uma das famosas a desfilar com labubus presos às bolsas de grife. Rihanna também já exibiu a pelúcia presa como um chaveiro na bolsa. Dua Lipa foi fotografada em um aeroporto com seu labubu preso à bolsa preta da Hermès no modelo Birkin. Entre as brasileiras, além de algumas influenciadoras, estão nomes como o da atriz Marina Ruy Barbosa. E se as “it girls” usam, é o suficiente para muita gente querer copiar.
MAS DÁ DINHEIRO?
Segundo a divulgação mais recente de resultados, a Pop Mart já ultrapassou as 500 lojas e quase 2.500 robo shops (tipo de vending machine) em todo o mundo. A estrutura de venda, que inclui plataformas de e-commerce, possibilitou os produtos chegassem a quase 100 países.
A receita da Pop Mart mais que dobrou em 2024 e chegou a 13 bilhões de yuans (cerca de US$ 1,8 bilhão), uma alta de 106,9%. O lucro líquido ajustado aumentou quase 186% em relação ao ano anterior, para 3,4 bilhões de yuans (US$ 472 milhões, aproximadamente). As vendas em Hong Kong, Macau e Taiwan, juntamente com os mercados internacionais, aumentaram 375%, atingindo quase 5,1 bilhões de yuans. A parte mais expressiva da receita veio de quatro linhas: THE MONSTERS (da qual faz parte o labubu), MOLLY, SKULLPANDA, and CRYBABY.
PLANOS PARA UM GRANDE NEGÓCIO
Em uma reportagem da Xinhua, de 2024, a agência de notícias oficial da China explica que a Pop Mart é considerada como uma empresa de entretenimento baseada em personagens funciona como uma incubadora de artistas. A companhia asiática cuida da produção, marketing e distribuição de obras de arte para artistas selecionados. Além disso, comercializa e promove criações de artistas por meio de branding, campanhas nas redes sociais, eventos pop-up e exposições.
“O lançamento frequente de bonecos de edição limitada e séries especiais cria uma sensação de exclusividade e urgência entre os colecionadores. Os consumidores fazem o possível para completar suas coleções, gerando compras repetidas”, explica o texto da Xinhua.
Justin Moon, presidente da Pop Mart International, declarou na época da publicação que a empresa pode, no futuro, “se tornar mais do que brinquedos artísticos. Planejamos aproveitar a onda que começou com diversão, emoção e surpresas como uma ponte para novos negócios que se concentram em entreter os consumidores, como parques temáticos, jogos ou até animação”.
Se os fãs sofrem com a falta de labubus, os investidores que detêm ações da Pop Mart Internacional, negociadas na Bolsa de Hong Kong, estão longe de ter do que reclamar. Há um ano, o papel era negociado a 35 dólares de Hong Kong. Na quarta-feira (21), terminou o pregão valendo 216 dólares de Hong Kong – alta de cerca de 506% em 12 meses.