Menos da metade dos bancos vai priorizar a inovação em 2025
Estudo Latino-Americano de Bancos Digitais, feito com 100 líderes, de 17 países, faz um raio-X sobre a inovação financeira; entrevistados reconhecem que a digitalização é essencial para sustentar a competitividade

Um dos caminhos para aumentar a adesão de mais brasileiros ao sistema financeiro e tornar a interação mais fácil é por meio dos investimentos em digitalização – desde a abertura de conta às operações do dia a dia.
No entanto, na prática, as instituições financeiras da América Latina ainda constroem as pontes para amplificar as aplicações. O 5º Estudo de Bancos Digitais da América Latina, feito pela Infocorp, provedora líder de soluções bancárias omnicanal na América Latina e no Caribe, aponta que os bancos precisam adotar estratégias ágeis e escaláveis para atrair e reter novos usuários digitais.
O PAPEL AINDA TÍMIDO DA IA
Um dos exemplos é a oferta de serviços personalizados com base em análise de dados e Inteligência Artificial (IA).
Segundo o levantamento, que compila as opiniões de mais de 100 líderes do setor bancário de 17 países da região, 80% dos executivos entrevistados acreditam que IA e aprendizado de máquina serão ferramentas estratégicas para se diferenciarem em termos de eficiência operacional e personalização, além de serem tecnologias-chave para impulsionar a inovação nos próximos anos..
No entanto, apesar de a IA ser o grande tema na vida das empresas e dos profissionais, apenas 35% dizem que pretendem fazer uma alta personalização dos serviços para os clientes por meio de análise de dados e IA nos próximos três anos.
Por outro lado, 42% avaliam fazer a oferta de personalização de serviços de forma moderada. Do total de entrevistados, 28% acreditam que a cultura interna é o principal desafio para a inovação em seu banco.
CULTURA ORGANIZACIONAL ATRAPALHA BANCOS
"Entendemos que, embora a digitalização bancária não seja mais opcional, ainda existem desafios internos significativos relacionados à cultura organizacional, à personalização eficaz e à adaptação ágil às mudanças regulatórias", avalia Ana Inés Echavarren, CEO da Infocorp, por meio de nota.
Apesar de haver muito o que avançar na digitalização, em algumas frentes as instituições financeiras estão com processos bem maduros. Na região, segundo os dados, 82% dos bancos permitem que os usuários abram uma conta totalmente digital.
Ainda de acordo com o estudo, 58% dos bancos relatam uma crescente adoção de serviços bancários online por seus clientes.
Se o uso dos serviços online cresce, é preciso estruturar aportes na infraestrutura. Entre os entrevistados, 87% disseram ter aumentado seus investimentos em tecnologia em 2024, num reconhecimento de que a digitalização é essencial para sustentar a competitividade em um mercado cada vez mais exigente.
No entanto, apesar de reconhecerem a importância, menos de 50% dos bancos - mais precisamente, apenas 44% - têm planos de aumentar os investimentos em tecnologia em 2025.
LONGO CAMINHO PARA O OPEN BANKING
O 5º Estudo de Bancos Digitais da América Latina destaca também:
- 85% dos bancos colaboram com fintechs para integrar a inovação e permanecer competitivos em um ambiente digital, enquanto 12% resistem a isso, mantendo sua estrutura tradicional.
- 20% dos bancos estão totalmente preparados com uma plataforma de API integrada, enquanto os 80% restantes seguem em estágios iniciais ou intermediários de Open Banking.
- 77% dos bancos da região possuem sua própria fábrica de software ou estão desenvolvendo uma unidade.
- De 100% de transações digitais nos bancos, 68% permitem solicitações de empréstimo pessoal, 38% contratos de seguro e 56% solicitações de cartão de crédito/débito.
Tecnologias que os bancos usam ou planejam implementar, segundo o estudo:
- 27% - Análise de Dados e Integração.
- 23% - IA e Automação.
- 22% - CRM e Personalização.
- 15% - Comunicação Multicanal.
- 14% - Segurança e Escalabilidade.
“À medida que os bancos avançam em direção à transformação digital, vemos que a chave será oferecer uma experiência digital personalizada e inteligente, utilizando inteligência artificial e o uso adequado de análise de dados”, diz a CEO da Infocorp.
"A batalha pelos clientes será vencida pelos bancos com maior vantagem competitiva e aqueles que oferecem uma experiência móvel superior"
Ana Inés Echavarren, CEO da Infocorp
Ainda segundo Ana Inés, “a batalha pelos clientes será vencida pelos bancos com maior vantagem competitiva e aqueles que oferecem uma experiência móvel superior, 100% digital, independentemente dos produtos financeiros que oferecem”.
E OS NÃO BANCARIZADOS?
A expansão digital dos segmentos não bancarizados é fundamental para o crescimento sustentável do setor bancário, avalia a Infocorp.
“Com uma população crescente que ainda não tem acesso aos serviços financeiros tradicionais, os bancos na América Latina estão dando ênfase significativa à digitalização para integrar esses segmentos à economia formal, promovendo a inclusão financeira e expandindo sua base de clientes”, sintetiza a pesquisa.
Tanto é assim que quase a metade - 49% das instituições bancárias na América Latina e Caribe – está desenvolvendo plataformas digitais acessíveis para esses segmentos não bancarizados. Ao todo, 20% estão desenvolvendo programas de educação financeira com o mesmo propósito.
REALIDADE BRASILEIRA DOS BANCOS
Enquanto os números para a América Latina não dão sinais para muito otimismo quando o assunto é investimento em IA e personalização, os dados brasileiros apontam para outra direção.
Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025, feita pela Deloitte e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), divulgada em junho passado, mostra que o orçamento total dos bancos destinado à tecnologia deve crescer novamente em dois dígitos, alcançando R$ 47,8 bilhões. Os números têm a ver com estratégias para viabilizar uma base tecnológica robusta que dê escala à inteligência artificial.
A estimativa é que a participação de IA, analytics e big data no orçamento total do setor cresça 61% em relação ao ano anterior, e a migração para a nuvem, 59%. Com a integração dessas tecnologias às estratégias das instituições, a expectativa é que haja ganhos de eficiência, inovação contínua e melhores experiências para os clientes.