Mulheres ainda ganham 21% menos que homens, mostra novo relatório do Ministério do Trabalho
Relatório mostra que a presença feminina cresce, mas a diferença salarial continua existindo

Mesmo na era da Inteligência Artificial, a desigualdade entre homens e mulheres ainda é uma realidade persistente no mercado de trabalho brasileiro. Embora a presença feminina cresça nas empresas, o ritmo da equiparação salarial continua lento.
A constatação é do 4º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado na última segunda-feira (6) pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O levantamento mostra que as mulheres recebem, em média, 21,2% menos que os homens em empresas com 100 ou mais funcionários.
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Diferença salarial persiste e aumenta
O relatório, que analisou cerca de 54 mil empresas entre o segundo semestre de 2024 e o primeiro semestre de 2025, revelou que a remuneração média das mulheres é de R$ 3.908,76, enquanto a dos homens chega a R$ 4.958,43. Desde o início da série histórica, a desigualdade só cresceu: em março de 2024, a diferença era de 19,4%, e em abril deste ano, atingiu 20,9%.
Apesar de representarem 41,1% dos vínculos empregatícios, as mulheres concentram apenas 35% da massa total de rendimentos. Caso o percentual acompanhasse o aumento da presença feminina, cerca de R$ 92,7 bilhões poderiam ser injetados na economia.
Entre 2023 e 2025, o número de mulheres empregadas em grandes empresas subiu de 7,2 milhões para 8 milhões, o que elevou sua participação de 40% para 41,1%. Já o total de vínculos analisados pelo MTE ultrapassou 19,4 milhões, sendo 58,9% de homens.
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Segundo o levantamento, a desigualdade salarial reflete fatores como tempo de experiência, metas de produção e políticas internas de progressão de carreira, apontadas por 78,7%, 64,9% e 56,4% das empresas, respectivamente.
Raça amplia o abismo salarial
O relatório também evidencia uma disparidade ainda mais acentuada quando se considera o recorte racial. Mulheres negras recebem, em média, R$ 2.986,50, enquanto homens não negros ganham R$ 6.391,94, o que representa uma diferença de 53,3%.
Na admissão, o abismo também é grande: o salário médio de mulheres negras é de R$ 1.836,00, contra R$ 2.764,30 dos homens não negros. Mesmo com um crescimento de 21,1% no número de empresas com ao menos 10% de mulheres negras desde 2023, a desigualdade permanece significativa.
Estados com maior e menor desigualdade
Paraná e Rio de Janeiro lideram o ranking de desigualdade salarial, com 28,5% de diferença. Santa Catarina, Mato Grosso e Espírito Santo registram índices próximos, em torno de 27%. Já Piauí (7,2%), Amapá (8,9%) e Distrito Federal (9,3%) aparecem entre os estados com menores diferenças.
O Ministério do Trabalho realizou 787 ações de fiscalização em 2025, das quais 319 já foram concluídas, resultando em 154 autos de infração. As empresas devem comprovar a publicação de relatórios de igualdade salarial conforme determina a Lei de Transparência Salarial, sancionada em 2023.
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Segundo a Organização Internacional do Trabalho, o Brasil poderia ampliar sua economia em R$ 382 bilhões com políticas efetivas de igualdade de gênero. O Banco Mundial reforça que, com oportunidades iguais, o PIB global poderia crescer mais de 20%.
O desafio de reduzir a desigualdade salarial entre homens e mulheres segue como uma das principais metas econômicas e sociais do país.