O que vem agora? Pix bate recorde e se prepara para inovações no sistema financeiro
Em um momento em que a modalidade de pagamento acelera, o mercado se prepara para novos movimentos, como a integração com o Open Finance
Desde o seu lançamento pelo Banco Central (BC) em novembro de 2020, o Pix se consolidou como uma revolução no sistema de pagamentos brasileiro, e o motivo para isso acontecer está cada vez mais claro: ele combina agilidade, praticidade e baixo custo.
Na sexta-feira (6), o BC informou que o sistema de pagamentos instantâneos bateu recorde ao registrar 250,5 milhões de transações financeiras em um único dia, movimentando R$ 124,3 bilhões. Se essa forma de pagamento se tornou a queridinha do brasileiro, o que vem pela frente? Com novas funcionalidades previstas e desafios a serem superados, o futuro dessa ferramenta promete ser ainda mais dinâmico.
Para Izabella Belisário, diretora de Serviços para Pessoa Física do Santander, o Pix continuará transformando os pagamentos com inovações que devem ampliar sua praticidade e alcance. Uma das principais evoluções, diz ela, será a integração com o Open Finance, possibilitando experiências mais personalizadas por meio da conexão entre dados financeiros e pagamentos.
Outra novidade em destaque é a ampliação das recorrências automáticas. Segundo Izabella, o Santander, por exemplo, já lidera com o Pix automático, simplificando pagamentos recorrentes para pessoas físicas e jurídicas. Além disso, o Pix internacional, lembra ela, promete revolucionar as transações transfronteiriças, tornando-as instantâneas, mais baratas e descomplicadas, eliminando intermediários e ampliando o acesso a pagamentos globais.
“Isso trará maior eficiência para consumidores e empresas. O futuro do Pix é promissor e continuará a surpreender com soluções que agregam valor ao ecossistema financeiro”, diz a executiva.
DEMANDA RECORRENTE
O diretor de Pagamentos para Pessoa Jurídica do Itaú Unibanco, Angelo Russomanno, destaca que o Pix automático foi criado para atender à demanda por pagamentos recorrentes, como contas de água, luz, condomínio e assinaturas. Atualmente, essas transações são realizadas, em sua maioria, por débito automático.
Apesar de reconhecer a utilidade do Pix automático, Russomanno ressalta que a solução ainda apresenta algumas limitações.Isso porque o diretor de pagamentos do banco diz que o modelo atual exige que empresas estabeleçam convênios individuais com instituições bancárias, o que limita a oferta a poucas instituições e dificulta o acesso de consumidores que utilizam contas em diferentes bancos.
Essa complexidade impacta diretamente a adesão ao débito automático e a experiência dos usuários. Com o Pix automático, essa barreira será eliminada porque as empresas precisarão se conectar apenas a uma instituição bancária para habilitar o pagamento recorrente via Pix, abrangendo todos os clientes do ecossistema Pix, que atualmente reúne mais de 800 instituições.
“Investimos desde o primeiro momento no Pix não como uma forma de receita, mas por acreditar no seu potencial de inclusão financeira e melhoria de experiência nas jornadas de pagamentos. O Pix é o futuro dos meios de pagamentos no Brasil, e suas evoluções têm um potencial positivo enorme para a sociedade, facilitando as jornadas de pagamentos e recebimentos para toda a cadeia”, observa Russomanno.
Por outro lado, Russomanno também aposta no Pix por aproximação, uma novidade que acaba de sair do forno. De acordo com ele, esse novo jeito de pagar facilita pagamentos por meio de dispositivos habilitados para tecnologia de comunicação por proximidade (NFC). Apesar de ainda estar em fase de amadurecimento, tanto em termos de infraestrutura quanto de adoção pelos consumidores, Russomanno diz que o Itaú já apresenta avanços expressivos nesse segmento.
PAGADOR OFF-LINE
O Banco Central, por sua vez, adianta que fora o Pix por aproximação e o Pix automático, outros modelos estão em estudo pela instituição, inclusive para as situações em que o pagador não está conectado à internet, conhecido como pagador off-line, ou prescindindo de sua conexão.
“Um dos objetivos públicos do Pix desde a sua criação é a inclusão financeira. É um instrumento de pagamento de amplo acesso, fácil utilização e de custo zero para pessoas físicas. Cada nova funcionalidade do Pix que é lançada também é pensada sob essa ótica e visa oferecer ainda mais alternativas de pagamento para pessoas de todos os níveis de renda e de escolaridade, assim como comércios de diversos portes, inclusive os pequenos comerciantes e microempreendedores individuais”, explica o BC, por meio de nota.
Por enquanto, o Banco Central diz estar apenas em fase de prospecção de alternativas para o uso do Pix em transações internacionais, mas afirma que ainda não há um plano de trabalho específico em desenvolvimento sobre o tema, nem uma previsão de início desse plano de trabalho.
Além dos palpites dos especialistas, o que se sabe é que as inovações visam ampliar o alcance e a conveniência para os usuários e consolidar o Pix como uma referência global em modernização financeira ao impulsionar mudanças estruturais que beneficiam consumidores, empresas e o ecossistema financeiro como um todo.