Primeiro salário: o que fazer para o dinheiro não sumir e ainda aumentar
Especialistas alertam para os riscos de cair na tentação de sair fazendo despesas e a importância de começar a poupar desde cedo
Ingressar no mercado de trabalho é um marco importante para dar o pontapé na independência financeira, mas a chegada do primeiro salário também exige jogo de cintura na gestão orçamentária. Muitos jovens, empolgados com a nova renda, acabam cometendo erros como consumo exagerado e falta de planejamento.
Gastar todo o salário em compras impulsivas ou comprometer-se com dívidas, sobretudo com valores acima do que se recebe mensalmente, pode colocar em risco tanto os objetivos de curto prazo quanto a estabilidade financeira futura.
Além disso, a ausência de uma estratégia de poupança pode dificultar a construção de uma reserva para emergências ou a realização de grandes sonhos, como viagens ou aquisição de imóveis. Para evitar armadilhas e construir um futuro financeiro sólido, especialistas alertam para a importância de se planejar desde cedo. Confira as principais dicas para não errar na administração das suas finanças.
PERCENTUAL PARA INVESTIR
Definir quanto do salário deve ser destinado a investimentos é uma dúvida comum entre os jovens. Segundo Renata Lima, planejadora financeira, uma boa regra é seguir o método 50-30-20. “Reserve 20% do seu rendimento para poupança e investimentos, 50% para necessidades essenciais e 30% para gastos pessoais e lazer”, explica.
Com o salário mínimo atual de R$ 1.412,00, isso significa guardar R$ 282,40 (20%) para investimentos, destinar R$ 706,00 (50%) para despesas essenciais e reservar R$ 423,60 (30%) para lazer e outros gastos.
Começar com um percentual menor também é uma alternativa, especialmente se o jovem tem despesas iniciais elevadas. “Mesmo que você consiga investir apenas 10% do salário, ou R$ 141,20 no caso do salário mínimo, o importante é criar o hábito e manter a consistência”, destaca Lima.
Outra dica é ajustar os percentuais conforme o crescimento da renda. “Se você receber um aumento, tente destinar uma parte maior para investimentos. Isso permite que você cresça financeiramente sem sacrificar seu estilo de vida”, orienta Renata.
RESERVA DE EMERGÊNCIA
A construção da reserva de emergência é o primeiro passo para uma saúde financeira. Essa reserva deve cobrir de três a seis meses das suas despesas fixas, garantindo segurança em caso de imprevistos, como perda de emprego ou emergências médicas.
Para essa etapa, investimentos de baixo risco e alta liquidez são ideais. “O Tesouro Selic é uma opção confiável e acessível. Além disso, contas remuneradas de bancos digitais também podem ser uma alternativa”, diz Pedro Barbosa, educador financeiro.
É importante lembrar que o valor da reserva de emergência deve ser revisado periodicamente. “Conforme você aumenta suas despesas ou muda de fase de vida, ajuste o montante guardado para refletir essa nova realidade”, completa Pedro.
DESPESAS EXTRAS
Um dos maiores erros dos jovens é gastar mais do que podem em despesas não planejadas. Renata Lima sugere manter um controle rigoroso do orçamento. “Anote tudo que entra e sai do seu bolso. Isso ajuda a identificar onde você está gastando mais do que deveria”.
Outra dica é evitar compras impulsivas. “Sempre que desejar algo, dê um tempo antes de realizar a compra. Isso evita gastos com itens desnecessários”, orienta Pedro Almeida. Ele também alerta para o perigo do crédito fácil. A ideia é usar o cartão de crédito com responsabilidade, sempre pagando a fatura integral para evitar juros elevados.
Definir prioridades também é essencial. Os especialistas recomendam separar metas de curto, médio e longo prazo. Assim, é possível focar no que realmente importa e evitar despesas que não estão alinhadas com objetivos.
PRÓXIMOS PASSOS
Depois de concluir a reserva de emergência, é hora de diversificar os investimentos. Para iniciantes, fundos de investimento e ETFs (fundos de índice) são boas opções. Eles permitem diversificação com baixo custo e são geridos por profissionais, segundo os especialistas.
Investir em educação financeira também faz diferença. “Procure entender os produtos financeiros antes de investir. A informação é a melhor ferramenta para evitar erros”, recomenda Renata.
Por fim, a orientação é revisar o planejamento regularmente. “A vida muda e seus investimentos devem acompanhar essas mudanças. Reavalie suas metas e ajuste suas estratégias para garantir que você está no caminho certo”, conclui Pedro.